Publicado em 11/10/2016Telhado verde: belo, funcional e sustentável
O uso do telhado verde reduz a carga térmica, melhora a umidade do ar e absorve a água da chuvaCréditos: VictorN / shutterstock.com

Telhado verde: belo, funcional e sustentável

Preparação adequada da laje garante bom resultado e evita infiltrações e problemas estruturais

O telhado verde, ou telhado vivo, como também é chamado, é uma solução cada vez mais adotada por quem deseja uma edificação ecoeficiente. Trata-se de cobrir a laje ou o telhado com vegetação após o preparo da estrutura. Roberto Lamberts, coordenador do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (Labee) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), recomenda o telhado verde para coberturas que serão aproveitadas de alguma forma, como para a área de lazer, por exemplo. “Há cada vez menos áreas verdes nas grandes cidades, por isso é interessante aproveitar os telhados”, observa o profissional.

Aliando sustentabilidade e funcionalidade, os benefícios desses telhados são muitos: as plantas produzem sombra, reduzindo a carga térmica do telhado; o processo de evapotranspiração das plantas minimiza os efeitos das ilhas de calor e melhora a umidade do ar; a água da chuva, que poderia causar enchentes, é absorvida na irrigação; e a vegetação “rouba” calor dos ambientes internos, proporcionando conforto térmico e diminuindo o uso do ar-condicionado. Sem falar da estética, pois os telhados vivos valorizam os empreendimentos.

Segundo Lamberts, em algumas cidades, projetos de lei propõem que o telhado verde seja obrigatório. No entanto, ele não concorda com eles: “Essa não é uma solução indicada para todos os telhados. Sua instalação deve ser bem projetada para não causar problemas”.

Tipos de telhado verde

Há, basicamente, dois tipos de telhado verde: o intensivo e o extensivo. O intensivo é o que exige mais cuidados. Deve ser implantado em uma superfície plana; com substrato que tenha de 20 a 60 cm de espessura; e peso total, contando com a vegetação, entre 300 e 500 kg/m2. Ele suporta plantas de médio ou grande porte, inclusive árvores. A manutenção consiste na irrigação e na poda das espécies vegetais.

Já o extensivo é mais simples. A camada de terra é bem mais fina, entre 5 e 15 cm; o peso total varia de 70 a 170 kg/m²; e as plantas mais indicadas são as de pequeno porte, principalmente rasteiras, como as heras. Esse modelo pode ser instalado em coberturas com até 40% de inclinação e em projetos novos ou antigos, já que não são necessárias mudanças estruturais.

Execução e cuidados

O primeiro passo para a execução de um telhado verde intensivo é o dimensionamento da laje para que ela suporte a carga colocada sobre ela. Esse cálculo deve ser feito por um engenheiro estrutural ainda na fase de projeto. “Fazer um teto verde em um edifício já existente é mais complicado, pois é preciso verificar a folga que se tem na estrutura. Para isso, é necessário o parecer de um engenheiro estrutural”, Lamberts alerta, completando: “Para edifícios antigos, o telhado verde extensivo é o mais indicado”.

Os demais passos servem tanto para o sistema intensivo quanto para o extensivo. Feito o dimensionamento, a segunda etapa é a impermeabilização. Feita com manta sintética, ela impede infiltrações e as tão temidas goteiras. “A impermeabilização é imprescindível e precisa ser muito bem-feita, porque as raízes podem começar a atacar a manta impermeabilizante. Já houve quem tenha tido más experiências com isso”, afirma o professor da UFSC. Segundo ele, a necessidade de um isolante térmico ainda está sendo estudada. “Em alguns climas vale a pena, em outros nem tanto. Um  pouco de isolamento, porém, é sempre bom, pois aumenta a durabilidade da manta impermeabilizante”, ele opina.

Depois, vem uma camada drenante. Feita com brita, seixos, argila expandida ou manta drenante de poliestireno, ela garante às plantas a quantidade adequada de água, além de armazená-la para os períodos mais secos. A camada de manta geotêxtil, o quarto passo, serve para reter partículas. Já a membrana de polietileno é colocada para bloquear a penetração das raízes na área interna. Essa membrana deve ter alta densidade e, pelo menos, 200 micras de espessura. Por fim, aplica-se a terra e a vegetação.

A escolha da planta deve considerar o clima local. “O ideal é que as plantas dependam apenas da água da chuva para sobreviver. Assim, em cidades mais secas, é preciso escolher espécies que aguentem a secura”, sugere o coordenador do Labee. Claro que é possível instalar um sistema de irrigação, mas o consumo de água deve ser computado. Além disso, ele encarece a obra.

 

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