Publicado em 11/03/2019O papel das startups dentro das construtoras
Construtechs utilizam a tecnologia para criar soluções inovadoras para desenvolver o mercadoCréditos: Shutterstock

O papel das startups dentro das construtoras

Construtechs auxiliam no crescimento por meio da expertise, principalmente, quando se fala em novas tecnologias e processos

Por Carla Rocha

 

Um dos maiores desafios enfrentados pela construção civil atualmente é a baixa produtividade no canteiro de obras e isso se dá, muitas vezes, devido à falta de capacitação, e à dificuldade de gerir a obra desde a fase de projeto. Para auxiliar a enfrentar tais problemas surgiram as construtechs – startups voltadas especialmente para a construção civil – que utilizam a tecnologia para criar soluções inovadoras para desenvolver o mercado. “Uma startup, assim como qualquer empresa, existe para resolver problemas. Dessa forma, mapeamos os desafios da AG e buscamos soluções que consigam melhorar nossos processos, custos e tempo de execução”, exemplifica, André Medina da Fonseca, gerente de inovação da Andrade Gutierrez.

De acordo com a pesquisa realizada pela PwC Brasil, e citada pela Clarisse Gomes, consulting manager da Deloitte, em uma apresentação em São Paulo, a inovação foi considerada uma força de transformação e os investimentos em tecnologia praticamente dobraram nos últimos anos, porém o setor ainda é muito relutante ao aplicá-las. Tecnologias como Machine Learning, Impressão 3D, robótica, Realidade Virtual, IoT, BIM e tantas outras estão cada vez mais presentes nos canteiros de obras pelo mundo, enquanto no Brasil, o setor ainda enfrenta a barreira do tradicionalismo.

Para ela, que é co-fundadora da primeira aceleradora de construtechs com pilotos em escala real – um programa internacional de fomento a inovação aberta dentro da construtora Andrade Gutierrez com iniciativas como workshops de inovação, implementando processos digitais e tecnológicos dentro da construtora – um dos maiores desafios é fazer com que o valor real de investir em inovação seja percebido dentro da construção civil. “Às vezes, as normas e métodos tradicionais dificultam a implantação de novas tecnologias dentro das empresas e esse é um dos grandes desafios”, aponta. Ela palestrou durante o último Construsummit, evento que ocorreu em São Paulo entre 28 e 29 de novembro, onde várias empresas, construtoras e startups da construção civil, se reuniram para discutir sobre inovação e temas relevantes para o setor.

Clarisse defende que as construtechs possuem um papel fundamental dentro das construtoras, pois auxiliam no crescimento através da expertise, principalmente, quando se fala em novas tecnologias e processo. Mas às vezes as normas e métodos tradicionais acabam dificultando a implementação de tais inovações, sendo que o mais importante é entender o mindset para inserção da construção 4.0 estimulando o debate aberto dentro da própria construtora/escritório e entre os funcionários. “É muito difícil implantar uma nova cultura sem esforço. É no dia a dia, através de diálogos construtivos e troca de ideias”, afirma. Ainda de acordo com a engenheira especialista em inovação, não existe verdade absoluta nessa área, tudo é aprendizado. “O desafio é fazer com que a inovação floresça em todos os setores”, aponta Clarisse. O primeiro passo é organizar os processos dentro da própria empresa para que nenhum dos lados se frustre, pois um dos grandes fatores que dificultam a integração é tanto a parte jurídica de contratação quanto a parte burocrática. “Nosso processo de contratação de fornecedores é complexo e requer diversas garantias que uma startup, geralmente, não consegue atender. Por isso, criamos um fluxo de contratação específico para atender as startups. Outra dificuldade é a startup conseguir provar os resultados obtidos através de indicadores que reflitam a realidade da nossa empresa”, complementa, o atual gerente de inovação da Andrade Gutierrez.

 

Com os aprendizados que Clarisse obteve nos últimos anos, ela reuniu os três passos principais:

 

  • Primeiro resolver as necessidades principais, ou seja, arrumar a casa antes de aplicar as inovações de IA (Inteligência Artificial);

 

  • A inovação começa e termina com pessoas, ou seja, as tecnologias são apenas um meio para isso;

 

  • Na dúvida, vai lá e faz! É a cultura do erro e acerto. Deixar os preconceitos de lado e experimentar novas formas.

 

Para Clarisse, a construção civil é uma cadeia fundamental para o desenvolvimento do país: “Estamos só na pontinha do iceberg, então, quanto mais a gente buscar se especializar e buscar cursos para se atualizar no ambiente tecnológico, mais estaremos contribuindo para o fortalecimento dessa cadeia”. A expectativa para 2019 é continuar e expandir conexões para inovar ainda mais, “as construtoras estão cada vez mais abertas para receberem startups e isso é muito produtivo, visto que a inovação auxilia no desenvolvimento de todos os setores envolvidos”, finaliza. “Acredito que as startups e inovações virão de forma a mudar todo o cenário do setor. Teremos obras mais rápidas, mais seguras, mais sustentáveis e com menores custos”, complementa, André.

 

Quer saber mais sobre os desafios das construtechs? Confira: https://www.mapadaobra.com.br/inovacao/construtechs-desafios/

 

 

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