
Aprenda como construir cisternas
Confira recomendações da Votorantim Cimentos para fazer uma cisterna de ferro-cimento
Embora existam cisternas de plástico disponíveis no mercado, pode ser difícil encontrá-las em cidades distantes dos grandes centros urbanos. E é nesses lugares onde, geralmente, os moradores mais precisam captar água da chuva para uso posterior em hortas, jardins, quintais e vasos sanitários. Por isso, construir cisternas a partir de materiais cimentícios pode ser uma solução interessante.
“Uma opção é a cisterna em ferro-cimento”, indica o arquiteto Tomaz Lotufo, especialista em bioconstrução. Para esse tipo de construção, um projeto adequado inclui: dispositivo para desviar automaticamente as primeiras águas da chuva e remover detritos, como folhas e pedras, da linha de fluxo; uma cobertura que impeça a entrada de luz e insetos; extravasor e ventilação para oxigenar a água armazenada; e tubulação para retirada de água.
Esses elementos são fundamentais como formas de preservar a qualidade da água captada. Assim, contar com dispositivo que descarte as primeiras chuvas evita o armazenamento de partículas aéreas ou de sujeira presentes no sistema e que possam se misturar à água, enquanto filtros retêm a sujeira mais grossa. Além disso, o posicionamento da cisterna à sombra, com tampa que impede a entrada de luz solar, evita a proliferação de algas. E ainda o próprio sistema hidráulico extravasor, quando dotado de sifão, impede a entrada de insetos e roedores.
Mesmo com essas medidas preventivas, é preciso também limpar o reservatório uma vez por ano, ou sempre que houver suspeita de contaminação. Esse procedimento é feito com a adição de hipoclorito de sódio (uma parte de água sanitária) diluído em água (nove partes). A falta de limpeza periódica do telhado também é prejudicial, portanto deve ser realizada com certa frequência. Por último, mas não menos importante, evite cisternas com rachaduras, tampas mal fechadas, e não use baldes para retirar água do reservatório.
Conheça os equipamentos e mecanismos que integram cisternas
Reservatório de autolimpeza: esse mecanismo, que também recebe o nome de first flush, serve para descartar a primeira água da chuva e evita que a sujeira do telhado seja levada para dentro do reservatório.
By-pass: esse dispositivo atua para controlar o nível de água dentro do reservatório. Quando a cisterna atinge seu nível máximo, ele desvia a água para fora.
Filtro de macropartícula: são dois filtros subsequentes: um que elimina a sujeira mais grossa, como folhas e gravetos, e uma tela de aço, que retém o restante da sujeira.
Freio-d’água: ao fundo do reservatório, esse dispositivo evita que a água já filtrada agite a sujeira depositada.
Sifão-ladrão: fica instalado a cinco centímetros acima da entrada de água para descartar o excesso dela, além de evitar odores e a entrada de insetos no reservatório.
Conjunto de sucção: o mecanismo viabiliza a captação de água superficial. Isso evita que os sedimentos do fundo sejam sugados e enviados para consumo.
Eletronível: equipamento elétrico que interrompe o funcionamento do conjunto de sucção quando há pouca água no reservatório.
Tampa de inspeção: veda o reservatório. Tem 60 cm de circunferência, no mínimo. Deve vedar completamente a entrada de luz ou haverá riscos de proliferação de algas.
Confira entrevista exclusiva com Silvia Vieira, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Votorantim Cimentos.
Saiba sobre o melhor uso do cimento na construção de cisternas:
Mapa da Obra – Quais as características de cimentos utilizados em cisternas?
Silvia Vieira – Não existem restrições ou recomendações quanto ao tipo de cimento. Em princípio, qualquer cimento Portland é aplicável.
Mapa da Obra – Cisternas podem ser consideradas meios agressivos para o cimento?
Silvia Vieira – De forma geral, não. No entanto, se a cisterna estiver em contato com um solo rico em enxofre, poderá haver deterioração do produto. Esse ataque sulfático se dá por reação entre alguns constituintes do cimento com o enxofre dos solos ou de águas poluídas, o que pode fraturar o concreto.
Mapa da Obra – Se não houver cuidado com o cimento, ele poderá contaminar a água a ser utilizada?
Silvia Vieira – Não. O cimento não contamina a água, e estruturas para tratamento de água são frequentemente feitas com concreto, aqui e no resto do mundo.
Mapa da Obra – Como se dá a impermeabilização de cisternas? O próprio concreto é capaz de impermeabilizar ou é preciso usar sistemas adicionais?
Silvia Vieira – Esse é um aspecto importante. O próprio concreto é capaz de impermeabilizar a cisterna, desde que seja preparado com uma proporção adequada dos materiais, principalmente cimento e água. Um excesso de água ou falta de cimento na mistura resultam em concreto permeável. Além disso, em casos de cisternas de ferro-cimento, o aumento da permeabilidade do concreto pode levar à corrosão da malha de ferro colocada na estrutura.
Portanto, o cuidado nas proporções, preparação e aplicação do concreto é fundamental para o bom desempenho do produto final. A Votorantim tem os cimentos mais adequados para produção de cisternas. Os dos tipos CP IV e CP III evitam ataque por sulfatos.
Mapa da Obra – Quais serviços a Votorantim tem disponível para esse tipo de obra?
Silvia Vieira – A Votorantim pode fornecer assistência técnica.
Conheça os quatro tipos de concreto bombeado da família Hi-mix, da Engemix