
Norma Comentada: ABNT NBR 9062:2017 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado
Entenda quais os aspectos devem ser respeitados para a melhor concepção das estruturas pré-moldadas de concreto
As estruturas pré-moldadas de concreto são aquelas em que os elementos estruturais (peças) são moldados previamente e fora do local de utilização definitiva na estrutura. As diretrizes e critérios para definição do projeto de estruturas de concreto pré-moldado estão estabelecidas no Brasil através da norma ABNT NBR 9062:2017 e outras complementares relacionadas no capítulo 2 da norma.
A ABNT NBR 9062:2017 estabelece os requisitos para o projeto, execução e o controle das estruturas de concreto pré-moldado, armado ou protendido. Ao ser concebida uma estrutura de concreto pré-moldado, preferencialmente deve-se procurar a repetição das peças.
Além da padronização dos processos, que certamente irá impactar na redução dos prazos de fabricação, a repetição gera otimização dos recursos e melhoria no prazo de entrega, pois existe uma redução dos custos em função do seu reaproveitamento, sem falar no aumento da qualidade e diminuição de eventuais erros no processo.
Para efeito do cálculo estrutural, as estruturas pré-moldadas utilizam o ELU (Estado-limite último), ELS (Estados-limites de serviços) e ELD (Estado-limite de deformação) da mesma forma que as estruturas de concreto convencionais moldadas no local, porém, com características adicionais como:
- Os cálculos dos elementos componentes da estrutura devem partir da definição do comportamento efetivo das ligações, sob o ponto de vista dos graus de liberdade existentes;
- As dimensões dos elementos devem considerar as tolerâncias de fabricação e montagem;
- A análise da estrutura deve levar em conta as retrações e as deformações diferenciais devido às idades diferentes dos concretos;
- A análise deve considerar as diferentes fases porque passam os elementos, que são: fabricação, manuseio, armazenamento, transporte, montagem, etapas transitórias de construção e final com a obra em operação.
Dimensionamentos dos elementos e verificação experimental
Os elementos devem ser verificados, obrigatoriamente, ao estado-limite último, conforme a ABNT NBR 6118. A análise deve ser efetuada considerando todas as fases em que os elementos pré-moldados possam passar, como fabricação, manuseio, armazenamento, transporte, montagem, transitória de construção e utilização, resumindo para os esforços solicitantes a que estejam submetidos nessas fases, como força normal, força cortante, momento fletor e momento torsor, separadamente ou em conjunto, que também devem ser analisados.
Em situações onde o cálculo analítico conduz a resultados teóricos duvidosos, ou onde os testes em campo (laboratório) possam gerar uma economia, a verificação experimental é um componente importante para a avaliação, especificação e garantia dos requisitos normativos.
As verificações devem ser feitas em laboratórios especializados ou em universidades para elaboração de teses ou relatórios, validando os procedimentos dos ensaios e explicitando a frequência e a amostragem necessária, sempre acompanhados de profissionais especializados, equipamentos calibrados para as medições.
A versão 2017 da NBR 9062 teve, em várias partes novas de seu texto, especificações obtidas a partir de ensaios, como, por exemplo, na obtenção do valor da rigidez secante negativa em ligações viga – pilar, nas ligações pilar – fundação, critérios de resistência ao fogo, nos critérios de dimensionamento de aparelhos de apoio, entre outros.
Demais projetos
Todas as disciplinas e projetos complementares de uma obra como, principalmente arquitetura, instalações, elétricas e hidráulicas, ar condicionado, combate a incêndio, paisagismo, máquinas e equipamentos, devem prever compatibilidade com as estruturas de concreto pré-moldadas. Porém, antecipadamente em relação ao que ocorre com estruturas de concreto convencionais, moldadas no local.
Isso porque, carregamentos especiais, furações para passagem de utilidades e insertos para pendurar utilidades precisam estar definidos antes da moldagem das peças, ou seja, antes da fabricação das peças e, consequentemente, antes da montagem na obra, de modo a se evitar perdas de peças produzidas ou reparos posteriores que irão causar atrasos no cronograma e elevação de custos.
Autor: eng. Eduardo Barros Millen, diretor da Regional São Paulo da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE), conselheiro da entidade e representante da mesma na comissão que discutiu o projeto desta norma
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