Publicado em 19/09/2018“Retomada dos negócios está mais forte e deve aumentar busca da certificação”, afirma Manuel Martins
Imóveis sustentáveis, quando planejados, podem garantir economia em seu usoCréditos: Shutterstock

“Retomada dos negócios está mais forte e deve aumentar busca da certificação”, afirma Manuel Martins

Coordenador executivo da certificação AQUA-HQE fala sobre como os edifícios brasileiros estão se comportamento com relação à sustentabilidade

De acordo com informação da AQUA-HQE, o crescimento nas certificações avançou de 2016 para 2017 em 8,5%, mesmo com o conhecimento da crise que o setor da construção civil estava passando. Atualmente, os imóveis sustentáveis estão ganhando participação no mercado, funcionando como argumento de vendas para incorporadoras e também melhorando a visão que os acionistas têm sobre as mesmas. Elas apresentam capital aberto e, consequentemente, conseguem validar em seus relatórios de sustentabilidade, as premissas sustentáveis com uma certificação como a AQUA, de responsabilidade da Fundação Vanzolini ou a LEED, do Green Building Council Brasil.

Confira a entrevista com Manuel Martins, coordenador executivo da certificação AQUA-HQE sobre esse mercado e o panorama dos imóveis sustentáveis no Brasil e a certificação. 

MAPA DA OBRA – A redução dos lançamentos dos últimos anos impactou a procura por certificações sustentáveis?

Manuel Martins, coordenador executivo da certificação AQUA HQE/Divulgação Fundação Vanzolini

Manuel Martins – Nós tivemos uma crise que afetou fortemente a construção civil e, portanto, os lançamentos de edifícios residenciais e comerciais, desde a época da Copa do Mundo de 2014. De lá pra cá, o que aconteceu foi uma redução no ritmo de crescimento, então, a certificação AQUA-HQE continuou crescendo, só que em um ritmo mais devagar. O crescimento de 2014 para 2017 foi menor, mas nunca parou ou decresceu. Em 2017, foram apresentados sinais de retomadas dos negócios e um pouco mais forte em 2018, isso começa a se refletir em uma tendência de aumento pela busca da certificação.

MDO – Com relação à sustentabilidade aplicada aos imóveis, as construtoras que têm buscado a certificação estão se movimentado pela valorização por parte do consumidor final ou elas têm visto outros valores nessa conquista?

Manuel Martins – Elas têm visto a preferência. Não existe um valor financeiro maior do edifício por causa da certificação ainda, embora a certificação indique que foram tomadas todas as medidas que vão gerar economia depois tanto nas áreas comuns quanto nas áreas privativas, principalmente, em água, energia, conservação e gestão de resíduos, além do conforto e saúde dos usuários. Então, isso se manifesta hoje por meio de uma preferência.

As pessoas na área comercial já preferem os imóveis sustentáveis certificados e no residencial, que o AQUA tem uma entrada muito forte, já existe também esse primeiro fator de preferência que afeta a escolha e, como consequência, a própria velocidade de vendas. Outro ponto também é a imagem do empreendedor que no mercado, inclusive, para o índice de sustentabilidade econômica até da Bolsa de Valores, pode apresentar nos relatórios de sustentabilidade suas ações e se mostrar sustentável.

MDO – Já falando sobre custos, existe uma ideia de que implantar itens sustentáveis nos empreendimentos deve encarecê-los – principalmente, quando se pratica automações de sistemas. Essa ideia é real?

Manuel Martins – Depende. Quando é feito um planejamento com antecedência, a própria escolha do terreno, definição do empreendimento, diretrizes para o projeto arquitetônico, podem resolver muitos desempenhos de conforto e saúde com baixo consumo de sistemas prediais e que resultam depois, inclusive, em economias. Então, nesses casos, esse tipo de solução não tem custo adicional.

Já existem vários exemplos de edifícios climatizados pelos próprios sistemas prediais e pela arquitetura. Dependendo da situação do projeto isso é possível. Agora, quando o empreendedor considera que vale a pena para aquele público e tipo de empreendimento ter, por exemplo, aproveitamento de água de chuva e paisagismo que requeira menos podas e menos uso de água, usar aquecimento solar para água de chuva e outras coisas desse tipo, isso, evidentemente, tem um custo que não teria se não tivesse nada.

Se eu fizer isso e ainda demonstrar, por meio da certificação, isso vai ser valorizado no meu empreendimento para efeito de venda? Aos poucos, isso começa a acontecer. Acredito que daqui um tempo o mercado comece a exigir, da mesma forma que você não pode fazer um apartamento sem janela, você não poderá fazer imóveis sem isolamento acústico do piso, por exemplo.

MDO – E como o Brasil está posicionado com relação aos outros países no quesito de imóveis sustentáveis?

Manuel Martins – É difícil porque existem muitos lugares que possuem certificações locais dos seus países, então, há um número grande de certificações na Alemanha, na Inglaterra, no Japão, entre outros. Quando pega o HQE Internacional, o Brasil é o primeiro país na certificação, logo depois da França. Então, o Brasil não despreza essa questão. Embora, às vezes, relute por achar que pode custar mais e não confiar ainda na preferência dos clientes, apesar disso, no final, ele executa. Claro que estamos bem atrás de países desenvolvidos, mas estamos caminhando.

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