Publicado em 08/07/2014Concreto branco dá destaque às formas arquitetônicas

Concreto branco dá destaque às formas arquitetônicas

Para usá-lo, é preciso lançar mão de resinas hidrofugantes, além de pingadeiras e beirais

Feito a partir do cimento branco estrutural, o concreto branco é muito utilizado para dar destaque às formas arquitetônicas ou, misturado a pigmentos, obter texturas e efeitos rústicos. Sua cor branca decorre da ausência de óxidos de ferro e de manganês, que conferem cor cinza ao cimento convencional. Além disso, o cimento branco leva areia que, se não é naturalmente clara, recebe doses extras de calcário moído. Características técnicas e aplicações são as mesmas do concreto convencional, descritas na ABNT NBR 12.989 – Cimento Portland Branco – Especificações.

Claudio Oliveira, diretor de inovação e sustentabilidade da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), afirma que a dosagem do concreto aparente – não importa a cor – deve ter como objetivos atender, primeiro, a resistência mecânica solicitada pelo projeto estrutural, e também a viscosidade ou fluidez adequadas ao adensamento e ao lançamento do material.

É importante, ainda, que o concreto seja projetado para ter baixa permeabilidade, minimizando a entrada de agentes agressivos que comprometam a durabilidade da estrutura. Isso evita, por exemplo, a corrosão da armadura, o que causaria deterioração do concreto como um todo – e não só de sua aparência. “A baixa permeabilidade também dificulta a impregnação de partículas de sujeira na superfície, mantendo a aparência desejada por mais tempo”, salienta Oliveira.

Acessórios indispensáveis

O concreto branco aparente também se beneficia – assim como qualquer tipo de fachada – da existência de pingadeiras e beirais que protejam contra o escorrimento de água. É recomendável estudar o uso de pinturas de proteção superficial, como resinas ou hidrofugantes, que dificultam e entrada de agentes agressivos e a impregnação por sujeira.

“Uma nova tecnologia que vem sendo aplicada em fachadas, principalmente em concreto branco, é o uso de materiais fotocatalíticos, que possuem propriedades autolimpantes, eliminado resíduos orgânicos que tendem a ficar aderidos à superfície”, ilustra Claudio Oliveira. Já a manutenção da aparência do concreto é normalmente feita com jato d’água e sabão neutro. É importante verificar a necessidade de reaplicar pinturas de proteção, que podem ser mais espaçadas umas das outras, caso haja pingadeiras.“Fotocatalíticos podem até eliminar a reaplicação”, revela.

É hora de confirir qual o material ideal para estruturas de concreto armado 

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  • Cimento queimado… branco. Sim, existe e foi o escolhido pelo arquiteto André Weigand para o piso desta sala. “O uso do cimento queimado branco foi uma escolha estética, mas também funcional. Precisávamos refletir mais a luz e dar um aspecto mais leve, já que o ambiente é pequeno e bastante mobiliado”. Defensor do cimento queimado como uma opção econômica, que utiliza materiais simples, André aponta que “o uso do pó de mármore e do cimento estrutural branco, que chega a ser três vezes mais caro que o convencional, encarece o valor final do revestimento, se comparado ao cimento queimado comum”. Se não encontrar o pó de mármore, André diz que ele pode ser dispensado, sem grande prejuízo para a beleza do piso - Foto: Victor Affaro
  • O concreto branco pode aparecer também no piso. Nesta casa, o arquiteto paulista Siegbert Zanettini usou placas de concreto armado brancas de 1 x 1 m. “O resultado foi esteticamente positivo assim como de alta durabilidade, pois a casa já completa 5 anos e está em perfeitas condições”, conta Zanettini. Elas são pré-moldadas em fôrmas metálicas e têm quatro centímetros de espessura. Na massa, pedras de mármore e granito e 100% de cimento branco, além de areia e aditivos. “O concreto é de alta resistência. O piso tem manutenção mínima e a limpeza é feita com ‘limpa pedras’ a cada 2 meses”, finaliza o arquiteto, que faz parte da comunidade CasaPRO - Foto: Divulgação CasaPRO
  • Com projeto do arquiteto Álvaro Siza, e criado para abrigar as obras do pintor brasileiro do qual leva o nome, o museu Iberê Camargo fica às margens do Lago Guaíba, na capital gaúcha. A cor branca do volume irregular de concreto foi obtida pela mistura de concreto branco com pedras brancas do rio vizinho. Inaugurado em 2003, o edifício conta com sistema de rampas que interliga os pisos de exposição. O Iberê Camargo não tem uma estrutura convencional, sendo que suas cargas se depositam em paredes maciças de concreto armado branco - Foto: Divulgação
  • Empenas, pilares, lajes, grandes beirais. Esses elementos foram todos erguidos com concreto branco no projeto do arquiteto Mauro Munhoz. Dois motivos o levaram a escolher o material: o concreto armado permite criar grandes vãos, integrando ambientes internos e externos da casa; e, sendo branco, reflete mais a luz na superfície, enfatizando a leveza do projeto, que contrasta com a madeira e o aço corten. Por essa característica, o concreto branco tem a vantagem de oferecer maior conforto térmico, deixando o interior mais agradável. “Queríamos um elemento estrutural que desse mais luminosidade”, conta Mauro - Foto: Andrés Otero
  • Com projeto do arquiteto Álvaro Siza, e criado para abrigar as obras do pintor brasileiro do qual leva o nome, o museu Iberê Camargo fica às margens do Lago Guaíba, na capital gaúcha. A cor branca do volume irregular de concreto foi obtida pela mistura de concreto branco com pedras brancas do rio vizinho. Inaugurado em 2003, o edifício conta com sistema de rampas que interliga os pisos de exposição. O Iberê Camargo não tem uma estrutura convencional, sendo que suas cargas se depositam em paredes maciças de concreto armado branco - Foto: Mathias Cramer
  • O prédio sede da Fundação Iberê Camargo é a obra de referência no Brasil quando o assunto é concreto branco aparente. “Além do impacto plástico, o material oferece alta durabilidade e baixa manutenção”, afirma o engenheiro gaúcho José Luiz Canal, responsável pela execução do projeto. Na época, usar o concreto branco também foi uma experiência nova para Canal, que hoje dá a dica: “é necessário ter um controle sobre a execução muito alto. As fôrmas de madeira - que moldam o concreto na obra - devem ser de compensado naval, de qualidade e com pouco uso” - Foto: Divulgação
  • Com projeto do arquiteto Álvaro Siza, e criado para abrigar as obras do pintor brasileiro do qual leva o nome, o museu Iberê Camargo fica às margens do Lago Guaíba, na capital gaúcha. A cor branca do volume irregular de concreto foi obtida pela mistura de concreto branco com pedras brancas do rio vizinho. Inaugurado em 2003, o edifício conta com sistema de rampas que interliga os pisos de exposição. O Iberê Camargo não tem uma estrutura convencional, sendo que suas cargas se depositam em paredes maciças de concreto armado branco - Foto: Mathias Cramer
  • Canal chama a atenção também para as emendas da concretagem. “Por ser branco, esse concreto mostra todas as imperfeições do processo. Portanto, tudo tem que ser bem construído, vedado, limpo e bem amarrado. Onde houver fugas ele mancha muito e marca o defeito”, aponta o engenheiro. Depois que o concreto é desenformado, vêm limpeza e aplicação de hidrofugante. Este diminui a porosidade (ou permeabilidade) da superfície, sem alterá-la. A manutenção das fachadas é feita com lavagens anuais. Outro detalhe importante é evitar infiltrações e escorrimentos nas paredes. “A água [da chuva] tem que passar pela estrutura de maneira harmoniosa”, lembra Mauro - Foto: Divulgação
  • Ao aceitar fazer parte do empreendimento Ochoalcubo, no Chile, o arquiteto japonês Toyo Ito (ganhador do Pritzker em 2013) acatou duas premissas: o uso do concreto branco e a cobertura plana. A entrada se dá pela parte mais baixa do terreno, sob o bloco que abriga os quartos e se volta para a rua. Este projeto é o primeiro trabalho do japonês Toyo Ito na América Latina. A construção atende, com o bloco dos quartos, ao pedido do empreendimento por formas cúbicas. Mas Toyo Ito deixou sua verdadeira marca na sinuosidade da estrutura de concreto, aspecto que vem explorando com sucesso em sua obra - Foto: Divulgação
  • Arquiteto de primeira viagem com o concreto branco, Mauro foi atrás de consultoria para ajudar na empreitada. “O principal desafio foram as poucas referências, o que gera incerteza, insegurança. A maior parte da mão de obra nunca tinha trabalhado com concreto branco”, conta. Para ele, o material ainda é pouco usado no Brasil porque a cadeia produtiva é muito recente, diferente da do concreto convencional. E o geólogo Arnaldo Battagin, da ABCP, lembra que o cimento branco ainda não é fabricado no Brasil. “Sua desvantagem é depender do fornecimento de produto importado, no que se deve considerar aspectos econômicos e de logística” - Foto: Andrés Otero
  • Com projeto do arquiteto Álvaro Siza, e criado para abrigar as obras do pintor brasileiro do qual leva o nome, o museu Iberê Camargo fica às margens do Lago Guaíba, na capital gaúcha. A cor branca do volume irregular de concreto foi obtida pela mistura de concreto branco com pedras brancas do rio vizinho. Inaugurado em 2003, o edifício conta com sistema de rampas que interliga os pisos de exposição. O Iberê Camargo não tem uma estrutura convencional, sendo que suas cargas se depositam em paredes maciças de concreto armado branco - Foto: Mathias Cramer
  • “O concreto branco, apesar do nome, nunca é absolutamente branco. É um cinza mais claro”, revela Mauro. Na obra, ele topou usar o material desde que custasse até 20% mais que o concreto convencional. “Se fosse totalmente branco – e para isso teríamos que usar quase um mármore branco como pedra na massa -, sairia muito caro.” O tom escolhido era viável e combinaria com o aço corten. No final, não foi necessário usar outro tipo de revestimento. O próprio concreto dá o acabamento e a cor desejada. É outra grande vantagem do material - Foto: Andrés Otero
  • Com projeto do arquiteto Álvaro Siza, e criado para abrigar as obras do pintor brasileiro do qual leva o nome, o museu Iberê Camargo fica às margens do Lago Guaíba, na capital gaúcha. A cor branca do volume irregular de concreto foi obtida pela mistura de concreto branco com pedras brancas do rio vizinho. Inaugurado em 2003, o edifício conta com sistema de rampas que interliga os pisos de exposição. O Iberê Camargo não tem uma estrutura convencional, sendo que suas cargas se depositam em paredes maciças de concreto armado branco - Foto: Fabio Del Re
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