O aumento pela procura de materiais de construção, além da necessidade que surgiu por conta da pandemia para melhorar os espaços de trabalho durante o home office, se deu também por causa do voucher fornecido pelo Governo Federal, que impulsionou as vendas de materiais de construção. Se no início da pandemia, havia receio sobre a redução das vendas, o problema acabou sendo outro: atender a essa demanda, pois a capacidade das fábricas de materiais de construção estava reduzida.

Segundo Rodrigo Navarro, presidente da Associação Brasileira da Indústria Materiais de Construção (ABRAMAT), da mesma forma que houve uma queda vertiginosa da demanda por materiais de construção em março, abril e maio, a partir do mês de julho, essa demanda começou a subir novamente na curva em V e “isso foi puxado, principalmente, pelo movimento de liberação do auxílio emergencial que injetou na economia muito dinheiro, sendo que grande parte disso foi destinado para o conforto das pessoas em seus lares”, ressalta.

Ainda de acordo com o presidente da ABRAMAT, com a flexibilização da quarentena e da visão do setor como atividade de grande necessidade, muitas lojas em muitas cidades conseguiram manter as suas atividades e, se por um lado houve essa abertura, por outro lado, as pessoas que conseguiram ficar em casa passaram a perceber uma necessidade maior por pequenas reformas para adequar e tornar mais confortável o seu ambiente de trabalho, principalmente. “Além de uma série de outros efeitos que contribuíram para gerar uma demanda abrupta por materiais de construção”, destaca.

 

Desafios e aprendizados do setor durante a pandemia

Segundo Navarro, no momento de crise houve uma redução da demanda, o que se tem visto no mercado é que agora existe uma demanda alta que gerou algumas preocupações por conta da demissão em massa de muitos funcionários em algumas empresas nos últimos meses bem como a redução de contingente nas fábricas e grandes indústrias, o que teve como consequência a falta de matérias-primas para a produção de muitos dos materiais utilizados na construção civil. “Estamos em uma retomada abrupta da demanda e a indústria correndo atrás para atendê-la, o que pode nos trazer um maior otimismo para o setor”, destaca. Outra questão que afetou a economia e gerou aumento no custo de muitos produtos, inclusive, os materiais de construção, foi a alta do dólar. “Esse aumento abrupto da demanda gerou algumas questões pontuais em alguns pontos para atender instantaneamente a essa demanda, porém alguns materiais estão em falta no mundo inteiro”, pontua.

Aumento da demanda e perspectivas para o futuro

Mas, em contrapartida, a crise trouxe também alguns pontos positivos, como maiores interações entre entidades de classe e o Governo, fortalecendo relações.

Esse movimento fez com que o Governo Federal passasse a atender, ao menos uma vez por semana, cerca de 50 entidades, o que promoveu a integração maior entre os setores. Isso foi um efeito que acabou agilizando muitos processos que estavam travados e deve ser levado em consideração e mantido mesmo depois da pandemia.

Atender a demanda, como falado anteriormente, é um dos principais pontos de atenção das fábricas hoje. “Por isso, antes de pensar no futuro e na retomada do setor a curto prazo, é preciso lidar efetivamente com um objetivo de longo prazo e manter a retomada, mas com cautela”, destaca Navarro.

 

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