Publicado por Carla Rocha em 31/12/2021Umidade em fachadas: conheça a nova atividade do IPT
O surgimento de fissuras de retração ou até mesmo a deficiência de aderência, por exemplo, são resultados da atuação conjunta de fatores decorrentes de intempéries climáticas.Créditos: Shutterstock

Umidade em fachadas: conheça a nova atividade do IPT

Face interna das edificações pode contribuir para tornar os ambientes insalubres

As patologias que costumam surgir em revestimentos da fachada podem ser classificadas conforme suas origens, sendo que uma das mais comuns delas é a umidade em fachadas. Além disso, existem também aqueles chamados de defeitos congênitos, que são aqueles que surgem durante a fase de projeto; os construtivos, ligados à etapa de execução da obra, podendo ou não estar associados às falhas na execução ou na má utilização do material; os adquiridos durante a vida útil do edifício; e os acidentais, caracterizados pela ocorrência de fenômenos atípicos. 

Normalmente, não é apenas um fato isolado que gera tais problemas, mas sim a soma de ações de diferentes agentes mecânicos, térmicos ou biológicos, todos esses agentes em conjunto acabam favorecendo alterações que impactam diretamente no desempenho da edificação. O surgimento de fissuras de retração ou até mesmo a deficiência de aderência, por exemplo, são resultados da atuação conjunta de fatores decorrentes de intempéries climáticas.

Segundo informações divulgadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a presença de umidade quando está acima de certos limites na face interna das edificações pode contribuir para tornar os ambientes insalubres e comprometer a saúde dos usuários e a durabilidade de casas e prédios, assim como do segmento mobiliário. 

As principais manifestações patológicas são originárias do excesso de umidade no interior das edificações e podem ser evitadas, uma vez que estão relacionadas a falhas de projeto, execução e o uso adequado dos insumos. 

O IPT, ao analisar este tema, começou a trabalhar em uma alternativa que tem sido adotada em diversos países: o emprego da simulação higrotérmica computacional que permite ao projetista e/ou construtor, ainda em fase de projeto ou retrofit, reproduzir o processo de transferência de calor e de transporte de umidade através da seção de uma parede, considerando um sistema construtivo real e as condições climáticas do local em que está a edificação.

Simulação higrotérmica

De acordo com o pesquisador Osmar Hamilton Becere, o uso da simulação higrotérmica pelo laboratório tem sido empregado com sucesso na avaliação de projetos de sistemas construtivos inovadores de clientes do IPT, permitindo assim, a melhoria e/ou adequação de tais sistemas de envoltória frente à ação de umidade de chuvas dirigidas. 

“Embora essa ferramenta computacional possua algumas limitações, ela possibilita ao projetista analisar o projeto e, se houver necessidade, possa adotar medidas corretivas no sistema de envoltória de modo a evitar o surgimento de manifestações patológicas relacionadas ao excesso de umidade no interior da edificação”, destaca o pesquisador.  

É por meio da simulação higrotérmica que as cargas de umidade nas envoltórias (conjunto de elementos construtivos que estão em contato com o meio exterior, ou seja, que compõem os fechamentos dos ambientes internos em relação ao ambiente externo) são quantificadas, assim como as suas condições de secagem e de umidificação.

Os estudos para a implantação do uso de simulação higrotérmica no IPT se iniciaram há cerca de oito anos no Laboratório de Materiais para Produtos de Construção, isso foi possível a partir de investimentos, como o treinamento do pesquisador Osmar Hamilton Becere, na utilização do software WUFI realizado em março de 2014, na cidade de Orlando (EUA), em treinamento ministrado por Oak Ridge National Laboratory (ORNL) dos Estados Unidos e Fraunhofer Institute of Building Physics – Alemanha, assim como o preparo do pesquisador Alexandre Cordeiro dos Santos na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, durante o período que foi de agosto de 2015 até fevereiro de 2016, dentro do Programa de Desenvolvimento e Capacitação no Exterior (PDCE)

Paralelamente à implantação da simulação higrotérmica com a obtenção do software WUFI Pro 5.3 pelo IPT, o instituto também desenvolveu uma capacitação específica para a execução de ensaios de caracterização física de materiais, principalmente no caso daqueles que são utilizados em fachadas de edifícios que permitem o transporte de umidade no estado líquido e em forma de vapor de água, tais como blocos de concreto e cerâmicos, bem como paredes de concretos, tintas e texturas, revestimentos de argamassas inorgânicas.

*Com informações fornecidas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Confira a notícia completa na página do IPT

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