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Publicado por Votorantim Cimentos em 25/07/2017Lixiviação do concreto: entenda os problemas causados
A lixiviação gera manchas brancas na superfície do concreto. A principal causa é a utilização de cimentos mais puros, sem nenhum tipo de adiçãoCréditos: Andrew Sabai / shutterstock.com

Lixiviação do concreto: entenda os problemas causados

A lixiviação é comum no concreto e pode ser evitada com cimentos compostos, menos água na mistura e boa impermeabilização.

A lixiviação do concreto é uma das manifestações patológicas mais comuns. Ela surge basicamente por conta do contato da estrutura com a água. Durante o processo de hidratação do cimento, forma-se um composto chamado hidróxido de cálcio — Ca(OH)2. Essa substância, quando em contato com a água, pode ser dissolvida e carregada para fora da superfície de concreto. “A remoção do hidróxido de cálcio recebe o nome de lixiviação”, afirma Silvia Vieira, gerente geral de Pesquisa, Desenvolvimento e Qualidade da Votorantim Cimentos.

A lixiviação do concreto pode ocorrer em qualquer tipo de peça de concreto, seja nas recém-executadas ou naquelas com vida útil avançada. A principal causa do surgimento do problema é a utilização de cimentos mais puros (sem nenhum tipo de adição). Assim, “a presença de adições, como escórias e pozolanas, na mistura faz com que o hidróxido de cálcio seja consumido e transformado em outros compostos que não sofrem lixiviação”, explica a profissional.

Em princípio, essa manifestação patológica sozinha não causa maiores problemas para a peça de concreto, visto que a maior preocupação é com a estética da estrutura. Quando a infiltração da água dissolve e transporta os cristais de hidróxidos de cálcio, ela forma depósitos de sais que surgem como manchas brancas na superfície de concreto.

“O material branco é o carbonato de cálcio resultante da reação entre o hidróxido de cálcio lixiviado e o CO2 da atmosfera. Quando leigos o observam, chegam a pensar que o concreto está se desfazendo. Mas não é bem isso que acontece”, ressalta Vieira, lembrando que, geralmente, a resistência da estrutura não se altera pela lixiviação.

No entanto, quando o fenômeno atinge estágios avançados, acaba criando problemas mais sérios para a peça. Isso, porque a remoção de elevadas quantidades de sólidos da estrutura abre caminhos para a entrada de substâncias nocivas às armaduras e ao próprio concreto. A penetração de CO2, por exemplo, tem o potencial de causar a corrosão das armaduras de concreto armado ou protendido. Então, “se elementos como cloretos ou sulfatos atacarem a peça, podem criar situações bem mais graves do que a lixiviação”, alerta a especialista.

O fenômeno também não danifica os revestimentos aplicados sobre superfícies de concreto, como as pinturas. “Na verdade, a tinta e os outros materiais atuam para diminuir os riscos da lixiviação, funcionando como barreira que protege contra a retirada do hidróxido de cálcio do concreto”, fala Vieira.

Outro ponto relevante se relaciona com a exposição da estrutura ao ambiente externo. Concretos expostos a chuvas intensas, umidade constante ou locais com má drenagem são mais suscetíveis à lixiviação. Por isso, o bom projeto de escoamento e impermeabilização adequada das superfícies expostas também são medidas importantes na prevenção.

Além disso, estruturas enterradas ou parcialmente submersas, como fundações, galerias e reservatórios, estão entre as mais afetadas. Nesses casos, o uso de aditivos impermeabilizantes e a escolha correta do traço de concreto são fundamentais para reduzir a permeabilidade e prolongar a durabilidade da estrutura.

Fenômenos diferentes

A carbonatação é um fenômeno que se caracteriza pela redução do pH do concreto e menor proteção das armaduras. Induz a formação de depósitos brancos na superfície dos concretos em decorrência da reação entre o hidróxido de cálcio com o CO2 da atmosfera.

Embora a carbonatação e a lixiviação possam resultar em aparência semelhante, suas causas e impactos são distintos. A lixiviação está ligada à dissolução e migração de compostos solúveis, enquanto a carbonatação é uma reação química que altera o pH do concreto. Saber diferenciá-las é essencial para aplicar o tratamento adequado.

Tratando a lixiviação do concreto

Como a lixiviação do concreto é relativamente simples e comum, é importante saber como lidar com ela. “Quando a manifestação patológica começar a aparecer, o tratamento da superfície se resume a uma limpeza para retirada do carbonato de cálcio”, comenta a especialista.

Para essa atividade, pode-se simplesmente utilizar um jato d’água sob pressão. Já para situações mais graves, é ideal a presença de profissional capacitado para avaliar se há algum tipo de comprometimento da estrutura.

Em casos mais avançados, pode ser necessário aplicar argamassas de reparo com aditivos especiais para recompor a parte da superfície afetada. Além disso, revestimentos protetores adicionais podem ser recomendados para impedir a reincidência do problema.

Prevenção

Existem diferentes maneiras de evitar a lixiviação, sendo que as principais acontecem no momento de preparação do concreto. Uma das alternativas é a utilização de cimentos compostos, já que o uso de adições auxilia na redução da perda de hidróxido de cálcio.

“Outra opção é a diminuição da quantidade de água colocada na mistura do concreto, pois isso leva à produção de um concreto mais impermeável, evitando a entrada de água e reduzindo a ocorrência da lixiviação”, afirma Vieira, acrescentando que esses são os dois métodos mais simples de evitar o fenômeno.

A lixiviação do concreto, apesar de ser uma manifestação comum e muitas vezes apenas estética, merece atenção. Nesse sentido, o uso adequado de cimentos compostos, o controle da quantidade de água na mistura e a manutenção preventiva podem minimizar significativamente sua ocorrência. Adotar essas práticas desde as etapas iniciais da obra é fundamental para preservar a integridade das estruturas ao longo do tempo.

A realização de inspeções periódicas em estruturas de concreto, especialmente aquelas em ambientes agressivos, contribui para a detecção precoce de problemas e aumenta a vida útil das construções. A combinação de boas práticas construtivas e manutenção regular é a chave para garantir desempenho e segurança.

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