A beleza de sua
arquitetura condiz
com a ousadiada
sua inovação.
A beleza de sua
arquitetura condiz
com a ousadiada
sua inovação.
Em 2004, quando começou a ser projetada, havia um grave problema de trânsito naquela região. “No horário de pico, a Ponte Ary Torres e a Ponte do Morumbi apresentavam um grave problema porque não conseguiam dar o fluxo devido ao tráfego”, conta Maurecir de Almeida, gerente comercial da Votorantim Cimentos, que foi responsável pela negociação entre a companhia e a Construtora OAS - responsável pela obra.
Por coincidência, em paralelo, aquela região passava por mudanças de permissão de zoneamento, que projetavam um crescimento do mercado imobiliário e uma nova vida para a área.
Para solucionar esta questão, o engenheiro Catão Francisco Ribeiro, diretor-executivo do escritório de projetos especializado em pontes e em estruturas deste tipo, chamado Enescil, foi chamado pela equipe responsável da construtora para avaliar a área e projetar a ponte que poderia ser construída ali. “Era preciso criar naquele local também alguns ícones de arquitetura, tendo em vista que a região iria crescer. Então, na época, como a ponte estaiada era o que a gente chama de estado da arte na engenharia, ou seja, o que existe de mais moderno tecnologicamente, a ideia pensada foi projetá-la”, relata o engenheiro.
A escolha pela ponte estaiada, além do marco arquitetônico, se deu pelas vantagens econômicas. Quando comparada a uma ponte convencional, a estaiada fazia mais sentido por conta do tamanho do seu vão, de 150 metros. “Existe um campo-ótimo de utilização de cada tipo de solução. A ponte estaiada a partir de 150 metros de vão é a solução mais econômica”, garante o engenheiro Catão Ribeiro. Hoje, ela continua sendo a solução mais econômica para projetos cujo vão é de até 1.200 metros, de acordo com o projetista.
Além da ponte convencional, este projeto eliminou também um outro tipo de ponte muito famoso no mundo, a ponte pênsil. Porém, considerando custo-benefício e também as necessidades de manutenção, que seriam inferiores, a estaiada foi a opção escolhida pelo projetista e bem-recebida por toda a equipe de engenharia. “A ponte pênsil comparada com a estaiada é mais cara e, normalmente, o tabuleiro é metálico, a tornando mais cara ainda do que a solução em concreto”, ressalta o diretor da Enescil.
A inovação aconteceu em como essa ponte estaiada seria executada: com tabuleiros sobrepostos, um mastro em X e duas pistas estaiadas em curvas independentes de 60º. Globalmente, ainda não se tinha enfrentado o desafio de se projetar e construir duas pistas curvilíneas ligadas a um mesmo mastro.
Os dois tipos de pontes utilizam cabos de aço para sustentar a pista, porém, no caso da ponte de estaiada, os cabos para sustentação partem de um mastro e chegam até o tabuleiro da ponte. Sendo que, no caso da ponte pênsil, os cabos principais partem de um mastro a outro e formam uma parábola.
1: O desafio de projeto
Mesmo sendo a solução mais vislumbrada para a época, pensando na grandiosidade arquitetônica que se teria ao construir uma ponte estaiada na capital paulista, havia uma barreira muito grande a ser quebrada: o receio de apostar em uma solução inovadora.
Realizar um mastro no formato de X, duas pistas estaiadas em curvas independentes de 60º com tabuleiros que passariam um sobre o outro era desafiador, não só para a engenharia brasileira, mas para a engenharia mundial.
Porém, este projeto estava nas mãos do engenheiro Catão Ribeiro, o que mudava este cenário. O projetista tem como uma de suas principais características profissionais, o desejo de inovar e realizar projetos que façam sentido para as cidades. “É preciso fazer um estudo específico, pois cada ponte tem a sua identidade. Suas próprias características de fundação, de vão a ser vencido e, assim, vamos trabalhar em cima do que é o certo”, ressalta o engenheiro.
Após a aprovação de outros grandes nomes da engenharia civil, deu-se início a grande obra que viria a ser a construção da Ponte Estaiada.
Parte 2: A negociação do concreto
A negociação feita entre a Votorantim Cimentos e a construtora foi diferenciada. Principalmente, porque a contratante estava colocando as premissas de qualidade como aspecto principal para fechamento de contrato, antes mesmo de negociar o investimento. Desta forma, a estratégia do gerente comercial, Maurecir de Almeida, foi comprovar para a construtora a capacidade de formulação dos materiais que fossem necessários para a construção da ponte e também a capacidade de atendimento da Votorantim Cimentos para atender essa obra.
Conheceram nossas instalações, nossas centrais, visitaram nossos laboratórios e depois que deram o aval, voltaram para a mesa de negociação”, conta o representante. “Foi assim que fechamos o contrato”, complementa.
O bom resultado deste encontro perdurou durante os três anos de obra, de 2005 a 2008. Neste período, a Votorantim Cimentos forneceu cerca de 58.700 mil m³ de concreto para a concepção da Ponte Estaiada. Os concretos foram de vários tipos: com alta resistência inicial; protendido; armado; com gelo; com alto módulo de elasticidade, chegando a 37 GPa; Concreto de Alto Desempenho chegando a 70 MPa em alguns trechos; entre outros. A formulação de traços especiais para os concretos fornecidos ali foi fundamental para o aumento do portfólio deste material dentro da companhia, de acordo com Maurecir de Almeida.
Para atender cada uma dessas necessidades, a rotina da Votorantim Cimentos na obra também teve que ser adaptada. Foram realizados encontros semanais tanto com as equipes internas da indústria quanto com a construtora para definir qual seria a agenda, os próximos passos e desafios enfrentados na etapa de concretagem.
O fluxo era o seguinte: era realizada uma reunião interna com a equipe para levantar tudo que estava sendo executado e fazer o alinhamento geral da obra; após essa reunião, a equipe da Votorantim Cimentos se reunia com a equipe da construtora e seus demais representantes para a definição das novas estratégias. Isso garantia o monitoramento contínuo do que estava sendo realizado e também trabalhava a prevenção de possíveis erros, agindo com antecipação.
Ainda, de acordo com a obra literária de Luciana Rossi Cotrim, as pistas da Ponte Estaiada são responsáveis pela passagem de oito mil carros por hora. Os encontros que esse monumento de São Paulo proporciona só foram possíveis pela aposta na inovação. “Os ganhos que essa obra nos deu fez valer a pena”, conta Catão Ribeiro, que carrega vários prêmios pela projeção desta ponte.
Já para Maurecir de Almeida, a importância desta obra está ligada ao desafio que foi superado. Desde a formulação de novos concretos até o atendimento, que enfrentava a barreira do trânsito local. “Essa obra para a cidade de São Paulo além de ter sido um desafio de tecnologia, é uma obra bonita. E São Paulo precisava de uma obra diferenciada, por isso, se tornou um cartão postal para a cidade”, destaca o gerente comercial da Votorantim Cimentos.
Projeto: Ponte Octávio Frias de Oliveira | Localização: São Paulo.
Materiais fornecidos: Concreto armado, concreto protendido, concreto com gelo, concreto com alta resistência inicial e Concreto de Alto Desempenho (CAD) - com 70 MPa e 37 GPa.
Período de obra: três anos
Consumo de concreto: cerca de 58.700 mil m³.
Desafios enfrentados:
FONTES UTILIZADAS
Catão Francisco Ribeiro, diretor-executivo da Enescil;
Maurecir de Almeida, gerente comercial da Votorantim Cimentos.
EMPRESAS E INSTITUTOS: ENESCIL; VOTORANTIM CIMENTOS; CONSTRUTORA OAS.
REFERÊNCIAS TÉCNICAS: Ponte Estaiada - Construção de sentidos para São Paulo, livro de Luciana Rossi Cotrim.