À luz da inovação

Projeto Sirius, em Campinas, traz novas perspectivas para o desenvolvimento da ciência brasileira e desafia soluções estruturais na construção

Obras Icônicas - Votorantim Cimentos

Partículas que iluminam

De acordo com o estudo das constelações, Sirius é a estrela mais brilhante que há no céu. Não à toa, este foi o nome dado ao projeto que pretende trazer uma das maiores inovações para a ciência brasileira: a luz síncroton.

O Projeto Sirius, localizado em Campinas (SP), é um moderno acelerador de partículas para produção deste tipo de luz a partir de partículas de elétrons. Nada mais é do que uma ferramenta para analisar a matéria e revelar suas propriedades químicas e estruturais. “Ele coloca o Brasil na ponta da linha de pesquisa porque, além do nosso país, são poucos os países que têm esse tipo de tecnologia hoje”, conta Vicente Verdiani, coordenador técnico da Votorantim Cimentos. Sua construção teve início em 2013, como parte do Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS), no campus do Centro Nacional de Pesquisa de Energia e Materiais (CNPEM) e foi finalizada em 2018.

Sirius é
a estrela mais
brilhante que
há no céu.

Obras Icônicas - Votorantim Cimentos

Para entender a importância do Sirius, é preciso saber que o Brasil já possui um equipamento de luz síncrotron em operação, porém o diferencial dessa nova construção é que a luz produzida por ele será 1 bilhão de vezes maior do que a obtida no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS).


O equipamento de grande porte é utilizado para produzir luz de amplo espectro (ultravioleta, infravermelho e raio X), o que permitirá o estudo da matéria em suas mais variadas formas e, consequentemente, o progresso em vários setores como saúde, alimentação, meio ambiente, energia e outras áreas que carecem de novas soluções tecnológicas.

Se por um lado, o projeto trouxe significativas inovações no âmbito da ciência, torná-lo viável trouxe desafios imensos para a construção brasileira.

Para conseguir chegar ao resultado esperado foi preciso contar com equipes de alta competência, que pudessem estudar projetos similares no alcance internacional, além dos traços, materiais e aditivos que pudessem compor o concreto.


A responsável pela obra foi a Racional Engenharia, que contou com as participações de companhias, como: S. Takashima Consultoria em Tecnologia da Construção; Engeti Consultoria e Engenharia; e Votorantim Cimentos, fornecendo o cimento ideal para a obra.

Ideias que iluminam as soluções


Tudo começou em 2013, quando foi feita a aquisição de uma área de 150.000 m² dentro do Polo II de Alta Tecnologia de Campinas, e deu-se também início à terraplanagem do terreno onde seriam as instalações do laboratório. Em 2014, foi finalmente assinado o contrato com a Racional Engenharia, construtora responsável pela obra, e feito o lançamento da pedra fundamental.


Mas por que, no entanto, seria tão difícil assim construir o Sirius em uma área com tamanha dimensão e equipes tão qualificadas envolvidas? Para realizar os túneis com blindagem da radiação, a estrutura contemplaria um simples detalhe: não poderia ter juntas de dilatação.

O que são juntas de dilatação?

Imagem do Prédio E-Tower

São elementos comuns em todo projeto estrutural, realizadas para absorver os impactos de retração e expansão das estruturas, evitando, assim, a formação de fissuras, trincas e patologias.

Imagem do Prédio E-Tower

Para desenhar um projeto deste tipo, sem juntas de dilatação, a equipe da Engeti, liderada por Julio Timerman, sócio-diretor na companhia de engenharia e diretor-presidente no Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon), foi visitar laboratórios similares em vários países, como Alemanha, Noruega e Suécia.

Foram 15 dias fora do país estudando esses projetos.

O primeiro passo, no entanto, foi desenhar uma edificação circular com sistema reticulado onde foram utilizados produtos diferenciados, como o cimento. No anel/piso foi utilizado um concreto convencional com aditivos para controle de deformação e concreto com brita zero, que foi feito em faixas; depois foi utilizado um concreto especial (fluido) para evitar retração e também foi feita a proteção de armaduras galvanizadas para evitar a degradação.

Para o piso especial do túnel, a especificação era essa: fck ≥ 30 MPa; módulo de deformação tangente inicial Eci0,3 fck ≥ 30 GPa; abatimento = S160/160±20 mm; manutenção da trabalhabilidade do concreto fresco: 3 horas; agregado graúdo basalto/diabásio da região – brita 0 e 1; agregado miúdo areia; retração por secagem do concreto ≤ 0,02% - ensaio ASTM C 157 na idade de 28 dias; relação água/aglomerantes ≤ 0,40; consumo de aglomerantes ≤ 390 kg/m³; tipos de cimento de baixo calor de hidratação: cimento de baixa retração (podendo ser de ultra baixa retração), CP III 40 (teor de escória < 50%) ou compostos com adições ativas tipo pozolana, sílica ativa ou metacaulim; adições especiais: compensador de retração; redutor de retração; teor de argamassa 49% a 52%; teor de ar incorporado ≤ 3%; índice de exsudação ≤ 2%; temperatura de recebimento do concreto fresco ajustado para atender temperatura de pico do concreto endurecido ≤ 55°C.

Dando luz ao projeto

Durante o período de obras, o controle de qualidade do concreto e do cimento fornecido foi tão rígido quanto o estabelecido em projeto.

Uma das premissas, por conta da retração, era manter o material refrigerado, muitas vezes, o deixando em silos. Na concretagem, no entanto, foi utilizado gelo para não deixar que o calor onerasse fissuras neste concreto – sabendo da importância do seu cuidado devido à falta de juntas na estrutura.

Além disso, foi preciso seguir de forma assertiva o plano de concretagem e cumprir todos os prazos estabelecidos e os parâmetros de qualidade, um deles, inclusive, apontava que o cimento só poderia ter 50% de escória, superando esse valor, o material já se tornaria inadequado ao projeto.

Hoje, a ciência brasileira sofre com a falta de investimentos em pesquisas e inovação, e o Sirius chegou para aumentar as possibilidades de evolução em diversos segmentos. Para as equipes envolvidas, o projeto – além da importância que tem para a ciência brasileira e mundial – foi desafiador do ponto de vista estrutural, que exigiu muito estudo e alinhamento desde projeto até entrega final. “Tivemos tempo hábil para se chegar a esse trabalho, alcançando o objetivo do cliente”, afirma Dakuzaku.

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DADOS DA OBRA

Projeto: Projeto Sirius | Localização: Campinas (SP).

Materiais fornecidos: cimento CP III-40 RS da fábrica de Santa Helena.

Período da obra: 2013 até 2018.

Desafios enfrentados:

  • - Concepção do cimento ideal para uma obra de laboratório, com túneis de blindagem e piso industrial;
  • - Controle rígido dos materiais para composição do cimento;
  • - Trabalho multidisciplinar que envolveu construtora e entidades de alto nível no Brasil para atender à demanda solicitada.

 

FONTES UTILIZADAS

Vicente Verdiani, coordenador técnico da Votorantim Cimentos;
Roberto Dakuzaku, consultor em tecnologia do concreto S. Takashima;
Fabricio Tardivo, engenheiro civil da Engeti;
Julio Timerman, sócio-diretor na Engeti e diretor-presidente no Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon).

 

EMPRESAS E INSTITUTOS: Engeti Consultoria e Engenharia.

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