Publicado em 16/09/2014Tsuyoshi Ando, arquiteto japonês, cria Casa 701

Tsuyoshi Ando, arquiteto japonês, cria Casa 701

Arquitetura transforma em luz o que poderia ser sombrio, e só com o uso de derivados do cimento

O proprietário da Casa 701, em Tóquio, também é dono de uma requintada adega de vinhos. O design de Tsuyoshi Ando, arquiteto japonês do Airscape Architects Studio, pretendeu explorar este refinamento com elegância diferenciada: a casa é completamente estruturada em concreto armado e paredes de blocos de concreto estrutural.

O que de fora se apresenta como uma simples caixa modular de blocos, ou fachada sem janelas, funciona na verdade como um muro que protege o coração do terreno – sobre o qual a residência foi construída em três pavimentos, interligados por artificioso sistema de circulação vertical (escadas), de tal forma que seus degraus (também em concreto) levam a três subníveis intermediários entre os pavimentos.

Não é difícil entender que a fachada é um muro quando apenas o miolo do volume tem, na verdade, uma cobertura. Em um instante, tudo aquilo que à primeira impressão parecia obscuro e sombrio, se declara um imenso paradoxo de luz. O sol entra por tantos vãos, claraboias e corredores abertos, que nem se imagina contá-los. A 701, pode-se dizer, é um grande triplex cujos ambientes integram-se uns aos outros por amplas janelas e portas de vidro de correr, em esquadrias metálicas.

Bancadas de cozinha, mesa de apoio para escritório, pisos e escadas levam o cimento queimado, com acabamento em resina hidrofugante. A luz entra, e o cimento, em sua cor acinzentada, brilha e predomina.

Blocos estruturais vazados de concreto têm módulo 20 cm x 20 cm x 40 cm, e foram empilhados um a um, por um bloqueiro de talento artístico – o alinhamento das juntas secas e dos cantos tem perfeição que impressiona. Depois, os buracos dos blocos foram concretados, a fim de reforçar sua função estrutural.

A intenção do arquiteto japonês é exibir não só ideias opostas de claro e escuro, frio e quente, dentro e fora, mas também a textura da matéria-prima, e a cor do cimento.

 

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  • Sala de estudos da Casa 701, em Tóquio, no Japão. Projeto do Airscape Architects Studio - Foto: Kai Nakamura
  • A Casa 701, do arquiteto Tsuyoshi Ando, fica em Tóquio, no Japão. Suas fachadas são muros que alcançam a altura dos três pavimentos da construção. O cinza é a expressão do concreto, exibido sem a menor timidez. A modulação dos blocos, artesanal, dá perfeição geométrica à constituição do volume - Foto: Kai Nakamura
  • A fachada leste permite entender, a partir dos seus dois vãos fechados com esquadrias metálicas, que não se trata de uma parede, mas de um muro (não há uma cobertura). O desenho das esquadrias acompanha o intervalo dos blocos de concreto, repetindo o ritmo de suas linhas. A arquitetura da Casa 701 é desenvolvida pelo arquiteto japonês Tsuyoshi Ando - Foto: Kai Nakamura
  • A ideia de construir uma arquitetura dura e suave, ao mesmo tempo, gera um padrão paradoxal que se repete no choque entre o cinza, escuro, e o brilho da luz natural. Outro paradoxo está entre o caráter industrializado e reto da modulação dos blocos de concreto, e o alinhamento perfeito, impecável, das juntas entre eles - o que somente as mãos de um artesão muito talentoso poderia produzir. Este é o aspecto humanizado da Casa 701, em Tóquio, Japão: seu próprio processo construtivo, totalmente manual, apesar de uma perfeição dos resultados que remete à construção industrializada, com pré-moldados - Foto: Kai Nakamura
  • O choque entre a modulação industrializada e o calor do trabalho artesanal, ou o paradoxo entre a sobriedade cinza do cimento e a abundância de luz natural se repetem numa confusão entre o que é dentro e o que é fora. Tudo está no espaço delimitado pela fachada, mas tudo também pode ser considerado exterior, porque mesmo os ambientes cobertos se integram via grandes vãos e corredores descobertos, janelas e portas de correr de vidro, e lances de escadas. Predominam o cimento queimado, os blocos estruturais de concreto e as esquadrias metálicas. A Casa 701, do arquiteto Tsuyoshi Ando, fica em Tóquio, no Japão - Foto: Kai Nakamura
  • O choque entre a modulação industrializada e o calor do trabalho artesanal, ou o paradoxo entre a sobriedade cinza do cimento e a abundância de luz natural se repetem numa confusão entre o que é dentro e o que é fora. Tudo está no espaço delimitado pela fachada, mas tudo também pode ser considerado exterior, porque mesmo os ambientes cobertos se integram via grandes vãos e corredores descobertos, janelas e portas de correr de vidro, e lances de escadas. Predominam o cimento queimado, os blocos estruturais de concreto e as esquadrias metálicas. A Casa 701, do arquiteto Tsuyoshi Ando, fica em Tóquio, no Japão - Foto: Kai Nakamura
  • A história da Casa 701 também envolve um gato, que já vivia no terreno há muitos anos. O projeto de arquitetura tinha que respeitar o fato de que o bichano continuaria a viver ali. Ele deveria ter livre acesso a interiores e corredores abertos. A bancada da cozinha que, em extensão única, vira piso do corredor gramado externo, cria uma continuidade que permite a circulação do pet. Projeto do arquiteto japonês Tsuyoshi Ando - Foto: Kai Nakamura
  • A história da Casa 701 também envolve um gato, que já vivia no terreno há muitos anos. O projeto de arquitetura tinha que respeitar o fato de que o bichano continuaria a viver ali. Ele deveria ter livre acesso a interiores e corredores abertos. A cozinha, que está no terceiro pavimento (sexto subnível) – o mais alto de todos – não foge a esta ideia. Sua bancada, em extensão única, vira piso do corredor gramado externo, e cria uma continuidade que permite a circulação do pet. Projeto do arquiteto japonês Tsuyoshi Ando - Foto: Kai Nakamura
  • O choque entre a modulação industrializada e o calor do trabalho artesanal, ou o paradoxo entre a sobriedade cinza do cimento e a abundância de luz natural se repetem numa confusão entre o que é dentro e o que é fora. Tudo está no espaço delimitado pela fachada, mas tudo também pode ser considerado exterior, porque mesmo os ambientes cobertos se integram via grandes vãos e corredores descobertos, janelas e portas de correr de vidro, e lances de escadas. Predominam o cimento queimado, os blocos estruturais de concreto e as esquadrias metálicas. A Casa 701, do arquiteto Tsuyoshi Ando, fica em Tóquio, no Japão - Foto: Kai Nakamura
  • Sala de estar integrada da Casa 701, à noite. Sua amplitude, ocupando o segundo pavimento, permite ver a conexão entre subníveis inferior e superior. Lá em cima, como num mezanino, está a cozinha. Por Tsuyoshi Ando. Em Tóquio, Japão - Foto: Kai Nakamura
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