Publicado em 28/11/2018Pinhais Park: O primeiro programa habitacional popular com certificação GBC no país em projeto
Primeiro empreendimento Minha Casa, Minha Vida com potencial para certificação GBC BrasilCréditos: Divulgação

Pinhais Park: O primeiro programa habitacional popular com certificação GBC no país em projeto

Conheça o projeto que está estabelecendo uma nova etapa na habitação popular fazendo com que certificações façam parte também de imóveis econômicos

O Pinhais Park é um projeto idealizado para ser o primeiro empreendimento do Programa Minha Casa Minha Vida certificado com o selo GBC de edificações sustentáveis. Localizado em Pinhais, região metropolitana de Curitiba (Paraná), o projeto conta com três torres de quatro pavimentos totalizando 136 apartamentos com dois dormitórios cada e uma vaga de garagem. O condomínio conta com uma área de preservação natural e os imóveis tem uma média de 47 m² de área privativa cada.

Por estar localizado em um ponto estratégico na divisa entre Pinhais e o bairro de Atuba, proporcionando fácil acesso à metrópole, o Pinhais Park tem grande diferencial que gera muito interesse por parte de quem precisa morar perto do trabalho, mas vê como impeditivo o alto custo da capital. Além disso, o projeto –  que ainda está em suas fases iniciais – foi totalmente desenvolvido desde a sua concepção a partir de conceitos como inovação e sustentabilidade,  pouco usuais em obras do programa habitacional popular.

Estrutura Pinhais Park: Wood frame

De acordo com Marcelo Lage, sócio da Valor Real Construções, o projeto será inteiramente construído em wood frame, uma tecnologia que é  muito forte nos Estados Unidos, Chile e Canadá, porém pouco difundida no Brasil. Ela está sendo desenvolvida em parceria com a Tecverde, que é a empresa responsável pela sua implementação no empreendimento. “Temos feito buscas frequentes por essas questões de inovação na construção civil, tanto que nesses últimos dois anos participamos de vários eventos no Vale do Silício voltados para esse tema de inovação e empreendedorismo na construção civil direcionado para uma construção mais limpa, mais rápida e mais eficiente”.  

O método construtivo pautado no wood frame é desenvolvido a partir de blocos de madeira de reflorestamento e pensado especialmente com a finalidade de reduzir o desperdício de materiais e o consumo de água, por exemplo, durante o processo de construção. A perda de material é muito menor. A emissão de CO² dela é muito inferior, então, uma série de quesitos já estão intrínsecos ao modelo.

Além disso, o empreendimento apresenta aspectos fundamentais para o processo de certificação, como conforto térmico e acústico que foram incorporados a uma série de outras questões como o reaproveitamento de água, o uso mais inteligente da iluminação das áreas comuns, entre outros quesitos que juntos fazem com ele se torne um empreendimento certificado pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil) . A ONG visa fomentar a indústria de construção sustentável no Brasil.

 

Desafios e custos: Como viabilizar um projeto tão inovador?

Um dos grandes desafios enfrentados pela construtora para a execução do Pinhais Park foi a capacitação dos profissionais, tendo em vista que o tipo de estrutura não é tão conhecida no país. O treinamento e capacitação dos funcionários ficaram a cargo da Tecverde, detentora desse conhecimento que já tem uma base no Paraná, onde trabalha com essa tecnologia. A empresa possui esse know how bem desenvolvido no Brasil e acaba complementando o projeto.

Segundo Lage, para viabilizar esse tipo de empreendimento foi preciso encontrar equilíbrio, já que a velocidade de uma construção desse método é bem maior do que uma alvenaria convencional ou estrutural – o que faz com que o tempo de mobilização de canteiro de obra seja bem menor. Logo, o trabalho maior foi planejar e estruturar isso através de um planejamento financeiro muito bem feito para conseguir chegar a uma equação em que o projeto fosse viável sem que houvesse um acréscimo de custos. Dentro do Minha Casa Minha Vida não é possível repassar esse valor ao cliente.

“Tivemos sim um trabalho muito grande desde a fase de projetos para viabilizar esses conceitos da sustentabilidade. A própria questão do uso do wood frame para que ele não se tornasse um peso no orçamento foi analisada”. Nesse caso, especificamente, foi possível encontrar a viabilidade financeira porque desde o início todo o projeto foi idealizado dentro dos conceitos, então, não era algo opcional, mas sim uma coisa mandatória dentro da incorporadora.

Outro aspecto desafiador enfrentado pela construtora Valor Real foi a aceitação do mercado, tendo em vista que se trata de uma tecnologia pouco difundida no país. Porém, a aceitação foi extremamente positiva por parte do público que entende que o empreendimento apresenta diferenciais que atingem alto custo-benefício, entre outras questões agregadas que são perceptíveis pelo cliente, o que prova que existe espaço para esse tipo de  projeto no Brasil, de acordo com Lage.

 

O processo de Certificação e o melhor de dois mundos

Por ser o primeiro empreendimento popular a incluir quesitos de sustentabilidade em seu desenvolvimento desde o projeto, o Pinhais Park recebeu do GBC o selo de certificação na primeira etapa chamada Projetos. Futuramente, ele buscará se tornar um empreendimento certificado GBC, estabelecendo uma nova etapa na  habitação popular e fazendo com que esse tipo de iniciativa deixe de ser uma exclusividade de empreendimentos de padrões mais altos.

Os requisitos de sustentabilidade passam a ser incorporados também em projetos de baixa renda –  razão pela qual o projeto está em processo de certificação. O local onde está sendo construído o empreendimento possui um bosque e uma área de preservação bastante grande, que será mantida, está sendo revitalizada, e vai pertencer ao condomínio depois de entregue. Os projetos com certificação pelo GBC Brasil são desenvolvidos para oferecer os seguintes benefícios:

  • Custos operacionais mais baixos e aumento do valor patrimonial;
  • Redução de resíduos enviados para aterros sanitários;
  • Conservação de energia e água;
  • Ambientes mais saudáveis e produtivos para ocupantes, resultando em um aumento da qualidade de vida, saúde e bem estar;
  • Redução das emissões de gases de efeito estufa;
  • Qualificação para descontos fiscais, subsídios de zoneamento e outros incentivos financeiros por parte do poder público.

Fonte: GBC Brasil

 

Quer saber mais sobre certificações sustentáveis? Confira a entrevista do coordenador do selo AQUA, Manuel Martins: 

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