Publicado em 19/12/2016Concreto para usinas, barragens e hidrelétricas requer melhor desempenho
Cimento e aditivos, com especificação precisa e alta qualidade, foram fornecidos pela Votorantim para o concreto da usina de Belo MonteCréditos: Paulo Barros/e-Construmarket

Concreto para usinas, barragens e hidrelétricas requer melhor desempenho

A densidade e a permeabilidade são os principais requisitos para usinas nucleares. Para barragens e hidrelétricas, deve atender requisitos de permeabilidade e reduzido consumo de clínquer

Em obras de infraestrutura, o concreto é material indispensável e utilizado em grandes volumes. Quando se trata de um projeto de grande porte, como usinas nucleares, hidrelétricas e barragens, seu uso pede especificações técnicas inerentes a cada cenário. “Nos empreendimentos que geram energia atômica, é preciso que o concreto para usinas apresente capacidade de isolamento de radiação, além dos parâmetros de resistência, deformabilidade e durabilidade”, afirma o professor José Marques Filho, docente da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A densidade e a permeabilidade são os principais requisitos que o concreto para usinas nucleares deve atender. Exemplo de solução indicada nesses casos é o Concreto Pesado, da Engemix, negócio de concreto da Votorantim Cimentos.

O produto apresenta elevado peso específico, o que garante a blindagem contra radiações. Em sua composição, também são usados agregados de alta densidade, como a hematita, magnetita, barita ou minério de ferro. Além das usinas nucleares, essas características técnicas tornam o produto ideal para o concreto empregado em obras de instalações de testes de pesquisas atômicas e salas de raio X.

Para barragens e hidrelétricas, o concreto deve ser especificado de maneira que minimize o impacto térmico (que pode causar fissuras); permita capacidade executiva; e garanta a durabilidade adequada. A solução tem que atender requisitos como permeabilidade e reduzido consumo de clínquer.

“É preciso que na formulação do concreto se tenha cuidado com as reações expansivas causadas pelo efeito térmico ou pela reação álcali-agregado. Esse fenômeno é controlado com o uso intensivo de pozolana – uma espécie de ‘vacina’ –, que diminui os efeitos térmicos e refina os poros, mitigando a reação álcali-agregado”, destaca o professor.

Formulação, preparação e aplicação do concreto para usinas

Nas grandes obras, é muito importante confiar no concreto que será usado. “Para isso, devem ser realizados ensaios em laboratórios competentes, ação que permite analisar as variações dos diversos parâmetros nos estados fresco e endurecido. Assim, fica reduzida substancialmente a probabilidade de ocorrências de não conformidades”, diz. São diversos os ensaios possíveis, com destaque para resistência à compressão e à tração; características de deformabilidade; permeabilidade; e reatividade potencial.

As análises prévias perdem a validade caso os dados obtidos não passem do laboratório para o canteiro. “A preparação do concreto deve permitir  o controle das matérias-primas. Todas as fases, da mistura até a cura, precisam ser rigorosamente fiscalizadas por profissionais experientes”, completa.

O controle e a garantia da qualidade devem abranger todas as fases da cadeia produtiva. É o caso do cimento e aditivos, com especificação precisa e alta qualidade, fornecidos pela Votorantim Cimentos para a composição do concreto da usina hidrelétrica de Belo Monte, no total de 1 milhão de toneladas desde 2012 até agora.

Além da infraestrutura básica da hidrelétrica, parte do material serviu também para intervenções e melhorias nas cidades localizadas em seu entorno. A logística para transporte de todo esse material para Belo Monte, em Altamira (PA), envolve uma complexa operação, com uso de caminhões especiais que conseguem vencer as difíceis estradas e também barcaças para deslocamentos fluviais.

Tão criteriosa quanto o procedimento de preparação deve ser a aplicação. Por exemplo, no concreto compactado com rolo – solução bastante usada em obras de grande porte –, o controle do processo evita que sejam criadas camadas com vazios que gerem caminhos preferenciais de percolação (manifestação patológica que ocorre nas estruturas de concreto devido à infiltração de água). “Também é essencial o treinamento da mão de obra para obtenção de produto final com a qualidade adequada”, comenta o docente.

Depois de a obra ser finalizada, é recomendável uma inspeção que garanta que os parâmetros especificados realmente foram atendidos. Pela importância e exigência de longa vida útil dessas obras, o processo de monitoramento e manutenção são partes essenciais do ciclo de vida dos empreendimentos.

O concreto para usinas, barragens e hidrelétricas ainda não tem uma norma técnica específica, porém o primeiro passo para elaboração de um documento do tipo foi dado na ABNT. “Estão começando a trabalhar em uma norma para o concreto compactado a rolo”, finaliza Marques.

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