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Publicado por Votorantim Cimentos em 07/08/2025Como a temperatura afeta o tempo de pega do concreto
O desempenho do concreto está diretamente ligado às condições climáticas em que ele é produzido, lançado e curado.Créditos: Shutterstock Texto: Lucas Onghero - Consultor DTM TEC - Votorantim Cimentos

Como a temperatura afeta o tempo de pega do concreto

Controlar os efeitos das variações térmicas no concreto é essencial para prevenir falhas de execução e atrasos na obra.

Alguns fatores influenciam no tempo de pega do concreto, e um dos mais importantes é a temperatura, por ser variável e afetar diretamente o material.

Por isso, para que o projeto e a execução de uma obra tenham maior durabilidade, qualidade e segurança, é fundamental conhecer sobre as variações térmicas ambientais.

Neste artigo, entenda o que é o tempo de pega, quais fatores impactam esse processo e como controlar os efeitos da temperatura no concreto.

O que é o tempo de pega do concreto?

O tempo de pega é o intervalo em que o concreto passa do estado plástico (quando ainda é maleável) para o estado sólido. 

Duas fases marcam esse processo: o início e o fim de pega. Confira as principais características e diferenças de cada uma!

Início de pega

Ocorre quando o concreto começa a perder trabalhabilidade e liberar calor devido ao processo de hidratação do cimento. É o momento em que se inicia a rigidez do material. 

A partir do início de pega, o lançamento, a compactação e o acabamento do concreto se tornam mais difíceis.

Fim de pega

É quando o endurecimento do concreto tem início de fato. Nesse ponto, o material já adquiriu rigidez suficiente para suportar pequenas cargas.

Fatores que influenciam o tempo de pega do concreto

A temperatura ambiente é uma variável importantíssima para o tempo de pega do concreto, mas outros fatores também podem influenciar esse processo: 

  • Tipo e composição do cimento: cimentos com alto teor de C₃A (aluminato tricálcico) têm pega mais rápida, enquanto cimentos com adições minerais (como escória granulada de alto-forno ou pozolana) tendem a retardar o tempo de pega.
  • Proporção entre água e cimento: mais água na mistura retarda a pega do concreto, enquanto menos água a acelera.
  • Uso de aditivos na mistura: aditivos aceleradores podem reduzir o tempo de pega, enquanto retardadores prolongam a trabalhabilidade do concreto.
  • Umidade do ambiente: locais secos aceleram a evaporação da água e podem antecipar o tempo de pega.

Efeitos das temperaturas extremas no concreto

Temperaturas elevadas (> 30°C)

Quando o calor é intenso, as reações de hidratação do cimento acontecem mais rapidamente. Isso antecipa o início de pega e reduz o tempo disponível para manuseio do concreto. Consequências comuns incluem:

  • risco de fissuras por retração plástica;
  • maior dificuldade no adensamento e acabamento;
  • aumento da temperatura interna do concreto, que pode comprometer a durabilidade da estrutura.

Temperaturas baixas (< 15°C)

Por outro lado, o frio desacelera as reações de hidratação, prolongando o tempo de pega. Em temperaturas abaixo de 10°C, o início de pega pode ser significativamente retardado ou, até mesmo, paralisado. Isso pode ocasionar: 

  • atraso no endurecimento, mesmo com uso de aditivos aceleradores;
  • em casos extremos, risco de congelamento da mistura, comprometendo a cura e a resistência inicial;
  • necessidade de aquecer o ambiente em torno da peça concretada para auxiliar no endurecimento.

Além dos efeitos diretos no tempo de pega, é essencial garantir uma boa cura do concreto em qualquer condição térmica, evitando fissuras e perdas de desempenho. 

Em climas frios, o aquecimento do ambiente deve ser feito com cuidado para não gerar choques térmicos. Mesmo com o endurecimento mais lento, o concreto pode apresentar boa resistência no longo prazo. 

Por fim, também é interessante considerar possíveis remanejos ou alterações no cronograma da obra, caso a amplitude térmica seja um fator relevante.

Impactos práticos na obra

As variações térmicas não afetam apenas o tempo de pega do concreto, mas as etapas de execução e o desempenho final da estrutura. 

Entenda quais desafios podem ocorrer no canteiro de obras devido à temperatura:

Dificuldade de adensamento e acabamento

Em temperaturas quentes, o concreto endurece mais rápido, dificultando o tempo disponível para adensar corretamente e dar acabamento à superfície.

Maior tempo de desforma

Já em temperaturas baixas, o ganho de resistência inicial é mais lento, exigindo um tempo maior até que o concreto atinja a resistência mínima para a retirada das fôrmas.

Risco de perda de aderência entre camadas

Se houver demora entre lançamentos espaçados, a camada anterior pode começar a endurecer, dificultando a aderência com a camada seguinte.

Maior incidência de fissuras 

Sem um controle de cura adequado, a evaporação rápida da água compromete a hidratação do cimento, favorecendo o surgimento de fissuras por retração.

Como controlar os efeitos da temperatura no concreto?

Algumas ações podem ajudar a controlar os efeitos da temperatura no concreto, variando para climas quentes e frios. Saiba como lidar com cada tipo de temperatura:

Climas quentes

  • Utilize aditivos retardadores de pega.
  • Resfrie a água e agregados antes da mistura.
  • Realize as concretagens em horários mais frescos, como início da manhã ou fim da tarde.
  • Intensifique os cuidados com a cura úmida, evitando evaporação rápida.

Climas frios

  • Use aditivos aceleradores de pega.
  • Proteja fôrmas e armaduras do frio.
  • Utilize mantas térmicas ou sistemas de aquecimento para manter uma temperatura mínima adequada.
  • Garanta uma cura térmica controlada, evitando a secagem precoce ou congelamento.

O desempenho do concreto está diretamente ligado às condições climáticas em que ele é produzido, lançado e curado. Compreender como o material se comporta diante das variações de temperatura é essencial para prevenir falhas de execução, como fissuras, perda de resistência e atrasos na obra.

Adotar estratégias específicas para climas quentes ou frios, associadas ao controle rigoroso da cura, garante maior durabilidade, segurança e qualidade nas estruturas de concreto, mesmo em condições climáticas adversas.

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Autor: Lucas Onghero – Consultor DTM TEC – Votorantim Cimentos

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