
Luiz de Brito Prado Vieira fala sobre tecnologia do concreto
Tecnologista de concreto toma cada vez mais espaço no mercado das engenharias
Produzir concreto não é tarefa fácil, principalmente porque a harmonia de suas inúmeras interações microscópicas é o que garante décadas de durabilidade às estruturas. Concreto durável e saudável é, assim, a principal responsabilidade do engenheiro especialista em tecnologia do concreto. Profissional mais que especializado, ele deve ter grandes conhecimentos de engenharias civil, química e de materiais.
“Nosso trabalho é alinhar as especificações do projeto estrutural às demandas específicas do cliente – sempre de olho no orçamento, na produtividade da obra e na qualidade do material empregado”, define o Engenheiro Tecnologista do Concreto, Luiz de Brito Prado Vieira, da Votorantim Cimentos. Para atuar como tecnologista, é necessário ser graduado em engenharia civil, química ou de materiais.
Leia a seguir entrevista com Luiz de Brito Prado Vieira, coordenador técnico da Engemix, Votorantim Cimentos.
Mapa da Obra – Como e por que escolheu essa profissão?
Luiz de Brito Prado Vieira – Meu pai é engenheiro civil. Passei parte da minha juventude em acampamentos de grandes obras, no Brasil e no exterior, e tive desde cedo contato com o mundo do concreto. Lembro-me da emoção de ver um grande edifício surgir onde antes havia apenas um terreno descampado, e dos benefícios que traria para a comunidade. São marcas que definiram meu caminho, sem dúvida.
Mapa da Obra – Quais as competências de um especialista em tecnologia do concreto?
Luiz de Brito Prado Vieira – É imprescindível conhecer as propriedades do concreto, fresco e endurecido, e isso inclui as áreas de materiais, mecânica das fraturas, reações químicas, reologia de concreto, hidratação de cimento, além de dosagem, cálculo de estabilidade de estruturas, cinética de misturas, patologias e reabilitação. Terão diferencial ainda os profissionais que entenderem de geologia, métodos construtivos, estatística inferencial, gerenciamento de projeto, economia e administração.
Mapa da Obra – Onde ele pode atuar? Quais são suas responsabilidades?
Luiz de Brito Prado Vieira – O campo é bastante extenso: desde fornecedoras de insumos à construção civil, concreteiras e cimenteiras, laboratórios de controle de materiais, pesquisa e desenvolvimento, análise de patologias e perícias técnicas, projeto, planejamento e execução estrutural (em obras que utilizam o concreto), e área acadêmica. Em uma concreteira, por exemplo, o especialista em tecnologia do concreto é responsável pelo desenvolvimento dos traços. É ele também quem realiza as pesquisas para verificar a viabilidade de novos produtos.
Mapa da Obra – Há bastante espaço para crescer na carreira?
Luiz de Brito Prado Vieira – A grande maioria das estruturas executadas no Brasil é em concreto. Ele também é o segundo material mais utilizado pelo homem, perdendo apenas para a água: são produzidos, hoje, de 10 a 15 bilhões de metros cúbicos de concreto por ano, no mundo. Por outro lado, é uma pena que ainda insistam na figura do gestor de obra não especialista – muitos empreendimentos são tocados por engenheiros que mais atuam como administradores que como técnicos. Algumas companhias, no entanto, têm percebido os ganhos, a redução possível de custos com a melhoria da qualidade de produtos, e o aumento da produtividade que um especialista pode agregar. É esperado que, em breve, esse campo de trabalho esteja mais difundido e reconhecido.
Mapa da Obra – E qual é o espaço para crescimento profissional em empresas como a Votorantim?
Luiz de Brito Prado Vieira – Essas empresas valorizam muito o tecnologista de concreto, porque atuam em mercados altamente competitivos, e têm objetivos de crescimento no longo prazo, com desenvolvimento sustentável, atingindo padrões de classe mundial em operação e gestão. Ambientes de empreendedorismo tendem a valorizar mais esse profissional.
Mapa da Obra – Quais são os maiores desafios? A remuneração compensa?
Luiz de Brito Prado Vieira – Ser sustentável é o maior desafio. Creio que o foco do especialista em tecnologia do concreto deve ser sempre perseguir o ponto que alie qualidade, exigida pelo cliente, com o baixo custo – e para isso devemos utilizar, cada vez mais, materiais rejeitados de outros setores, e criar concretos que possibilitem melhorar a produtividade do construtor, aumentar a durabilidade de estruturas e evitar retrabalhos. A remuneração hoje, em qualquer setor, segue o mérito de cada um: profissionais melhores, com qualificação diferenciada e que consigam entregar resultados relevantes, serão bem remunerados.
Você conhece o Engemix? O sistema da Votorantim oferece concreto dosado para grandes obras.