
Jary de Xerez fala sobre projetos de infraestrutura
Para quem gosta de projeto de infraestrutura, vale mais ser empregado que empresário
Engenheiro civil calculista e escritor de livros técnicos, Jary de Xerez Neto está com a Petrobras há oito anos. Ao longo desta trajetória, já trabalhou em empresas como Concremat, Tecnosolo, Planave e Manchester – inclusive na gestão de pessoas. Há 13 anos na área de projetos de infraestrutura, recebeu propostas para abrir escritórios e novos negócios. Abaixo, sua avaliação sobre a aventura de ser microempresário neste setor, por olhos de quem já tem segurança profissional.
Mapa da Obra – Na sua área de grandes obras de infraestrutura, é possível ser “engenheiro pequena empresa”? Quais sãos as maiores dificuldades? Como este pequeno empresário entra no ramo?
Jary de Xerez – Para quem quer infraestrutura, a melhor opção ainda está nas áreas técnicas de grandes empresas do ramo de construção e engenharia civil. Este é o caminho para se desenvolver como engenheiro projetista, expandir horizontes e conhecimentos técnicos para projetos de infraestrutura cada vez maiores e desafiadores.
Quem inicia negócio próprio, em sociedade ou não, terá de cara 80% da sua atenção voltada para a gestão da empresa, restando pouco tempo para o desenvolvimento técnico, ou estudo do projeto – sem contar as preocupações com carga tributária pesada, que dificulta o crescimento dos negócios de quem quer sair do nível micro para a pequena ou média empresa. Além disso, empresas de projeto e/ou construção nunca superam por completo o grande obstáculo (que se impõe repetidas e sucessivas vezes) de vencer concorrências para obras de porte médio e grande.
E são exatamente essas obras que garanteriam a manutenção dessas empresas… É preciso ter sempre uma nova obra engatilhada, antes mesmo do término daquela que já está em andamento; isso para não ter que enxugar o quadro de funcionários na entressafra. A solução para conseguir contornar esses tempos de baixa tem sido contratar mão de obra terceirizada, sem carteira assinada, caracterizando ainda mais a volatilidade do mercado atual.
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Mapa da Obra – Como gerir a pequena e média empresa de engenharia para manter-se viva e com sucesso?
Jary de Xerez – O quadro de uma empresa de engenharia civil de projetos é composto de engenheiros, arquitetos, projetistas e desenhistas. À medida que surgem novas demandas, é comum a terceirização desses profissionais que podem, um dia, vir a ser contratados, se o fluxo de projetos for constante. Porém, no futuro, poderão não ser poupados da demissão, caso haja queda abrupta na demanda… Já em empresas ligadas a obras, o quadro de engenheiros deve ser proporcional ao de mestres de obras e operários. Já sabemos hoje de engenheiros que eram empregados de construtoras e foram demitidos, por baixa no volume de projetos. Aí está o risco: administrar o mundo da construção civil é saber lidar com os períodos de baixa e alta no volume de projetos e obras, e o pequeno empresário tem de estar preparado para isso, já que no mais das vezes ele mesmo é sua própria mão de obra para desenvolver projetos.
Mapa da Obra – Qual é a demanda atual de obras e como são as oscilações neste mercado específico?
Jary de Xerez – Ainda dá para dizer que o Brasil aproveita uma fase de aquecimento, mas a questão é o que vai ser deste mercado depois que essa onda passar. À medida que o poder aquisitivo do brasileiro melhora, ele compra seus imóveis, e isso aquece a construção. Em Macaé e Campos (RJ), a maioria dos alunos de faculdades de engenharia faz hoje um estágio, coisa que não se via entre 1992 e 2005, quando muitas empresas quebraram e excelentes técnicos partiram para os concursos públicos. Ou seja, há projetos de infraestrutura, obras em andamento, e trabalho para todos neste momento.
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