Confira dicas para concretagem de pilares
Segregação dos materiais e bicheira são os problemas mais comuns. Saiba evitá-los
A concretagem de pilares é uma etapa rápida da construção, realizada em um dia, mas não por isso pouco trabalhosa. Para que ela seja bem executada, o concreto precisa, antes de tudo, ser entregue no canteiro de obra. O meio de transporte deve levar em consideração o volume que será concretado, as distâncias horizontal e vertical entre o local de chegada da matéria-prima e o de utilização, a disposição do canteiro e a velocidade com que se pretende executar a concretagem do pilar.
Para garantir a trabalhabilidade do material, o tempo de percurso da fábrica à obra não deve ser muito longo, e o sistema deve permitir que o concreto seja diretamente lançado nas fôrmas, sem ter de ser armazenado ou transferido de um equipamento para outro.
Processo de concretagem de pilares
Lançamento do concreto
Primeiramente, a fôrma (ou compensado) de madeira é colocada em torno do pilar. “Para pilares circulares, a fôrma de papelão rígido é melhor do que a convencional, de madeira. Mas ela não serve para pilares retangulares”, observa o engenheiro Marcello Cherem, professor-assistente do Centro Universitário FEI.
A maneira como o concreto é lançado na fôrma depende do andar do edifício. No térreo e no primeiro andar, o bombeamento não é necessário. A partir do primeiro pavimento não há alternativas além do bombeamento. No concreto que será bombeado, o tamanho máximo da brita tem de ser 1/3 do diâmetro do tubo. Para pilares baixos, entre 2 m e 2,50 m, não há muitas preocupações. O concreto é geralmente lançado na fôrma pelo próprio equipamento de transporte, preenchendo-a. Já em edificações com pé-direito duplo e pilares acima de 2,50 m, os cuidados aumentam.
“Você não pode jogar o concreto lá de cima na fôrma, pois isso pode causar a segregação do material. Quando ele atinge o fundo da fôrma, as pedras se separaram da argamassa de cimento fazendo com que o concreto perca a qualidade”, afirma Cherem. Para evitar a segregação, é preciso criar alguns artifícios para preencher a fôrma sem que o concreto sofra uma “queda livre”. O professor da FEI cita algumas opções: utilizar funil, calha ou canaleta para conduzir o concreto lentamente até o fundo da estrutura ou fazer uma “janela” numa altura intermediária (a cada 2,50 m, aproximadamente), para que o concreto seja jogado a partir dessa abertura. Quando o concreto chega à altura da janela, esta é fechada, e a concretagem continua a partir dali.
Outra opção é especificar o concreto com a consistência mais mole, o que dificulta a segregação, um dos principais problemas da concretagem de pilares – tanto que está prevista na Norma 14.931 da ABNT.
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Adensamento
No adensamento, feito geralmente com uma máquina chamada de vibrador de adensamento, é realizada a vibração do concreto com a finalidade de retirar os espaços vazios (cheios de ar), reduzindo, assim, a porosidade e aumentando a resistência da estrutura. “É importante fazer a vibração por etapas, a cada 50 cm de concreto mais ou menos”, recomenda Cherem.
Durante o adensamento, é importante evitar a vibração da armadura, de forma que não se formem vazios ao seu redor, o que prejudicaria a aderência da armadura ao concreto. Além disso, a mangueira do vibrador de adensamento deve ficar a pelo menos 10 cm da fôrma, para não forçar as paredes do pilar.
Quando se chega ao topo do pilar, mas abaixo da viga, a concretagem é encerrada para se dar início à preparação das ferragens e armaduras das lajes e das vigas que serão colocadas na finalização do pavimento, realizada num outro dia, com o concreto totalmente seco.
Bicheira
Problema bastante comum na concretagem de pilares, a bicheira (ou vazio de concretagem) ocorre quando uma pedra grande “enrosca” no caminho da fôrma, não permitindo a passagem do concreto. Com isso, formam-se espaços vazios que são vistos apenas quando se abre a fôrma. Se isso acontecer, a concretagem precisa ser refeita na parte “oca” com concreto altamente resistente.
“Pode-se pegar uma marreta ou uma talhadeira e quebrar as pedras que estão bloqueando o caminho, abrindo um buraco significativo. Então, monta-se a madeirinha (a fôrma) só em torno dessa região e enche com graute”, explica o professor da FEI.
Mas como prevenir é melhor do que remediar, quando se tem um pilar com armadura de alta densidade, quantidade significativa de aço e espaços muito pequenos entre as barras, deve-se dar preferência ao concreto dosado com brita nº 0 ou, no máximo, nº 1. Isso evita a surpresa de, ao abrir a fôrma com a concretagem de pilares finalizada, encontrar buracos.
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