
Cal hidratada confere plasticidade às argamassas
Classificado em função de suas características físicas e químicas, produto requer armazenagem cuidadosa
A cal hidratada é um material aglomerante que confere mais plasticidade e trabalhabilidade às argamassas. Em argamassas de assentamento e revestimento de alvenarias, ela aumenta o poder de retenção de água da argamassa, evitando destacamentos entre argamassa e os componentes da alvenaria.
Não há restrição para o uso de cales nas argamassas de assentamento e de revestimento. “Apenas no chapisco ela não é empregada”, fala o químico Valdecir Angelo Quarcioni, pesquisador e chefe do Laboratório de Materiais de Construção Civil do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).
Tipos de Cal Hidratada
As cales são classificadas em tipos CH-I, CH-II e CH-III, conforme suas propriedades físicas e químicas. Os requisitos que o produto deve apresentar para integrar cada um dos três grupos estão detalhados na norma técnica ABNT NBR 7175 – Cal hidratada para argamassas.
O primeiro e o último são aqueles encontrados no mercado com maior frequência. “Numa escala de desempenho, a CH-I é a mais nobre e a CH-III menos”, informa Laercio Solla, gerente geral de marketing da Votorantim Cimentos, comentando que o produto CH-III é o mais utilizado devido ao seu menor custo.
“A ABNT NBR 7175 não traz indicação específica de diferenciação para uso, mas os tipos são igualmente indicados para argamassas. Da CH-I para a CH-III há um aumento progressivo no teor admitido de material carbonático, que é residual do processo de fabricação”, informa Quarcioni.
Importância dos ensaios laboratoriais
Quarcioni ressalta que é importante sempre optar por cales que atendam a requisitos de normalização. O consumidor, em especial as construtoras e fabricantes de argamassas industrializadas, deve qualificar o material antes de usá-lo. Essa verificação acontece por meio de ensaios laboratoriais (químicos e físicos).
“A análise química da cal permite obter dados quanto ao teor efetivo de material ligante e o de material inerte, ou seja, que não tem capacidade ligante”, afirma o pesquisador. A alta presença de material inerte é explicada pela composição inadequada da rocha carbonática empregada na fabricação do material e/ou deficiências no processo industrial.
“Já os ensaios físicos permitem, por exemplo, avaliar a finura do material e a plasticidade – parâmetros que influenciam a ação da cal nas argamassas de revestimento”, complementa.
Cuidados
“As cales não podem ser usadas caso a embalagem apresente alguma avaria; se não forem respeitadas as condições de armazenamento; ou se o produto estiver fora do prazo de validade”, diz Solla. Para garantir o seu desempenho, o produto deve ser corretamente armazenado no canteiro, em locais cobertos, secos, arejados e sobre estrados.
“São cuidados importantes, pois a cal tem facilidade de reagir com o gás carbônico (CO²) presente no ar úmido, o que, em última instância, acarreta na redução da capacidade ligante do material. Quanto maior for o tempo inadequado de armazenamento, maior o prejuízo em termos de benefícios potenciais que o material confere às argamassas”, finaliza Quarcioni.
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