
E agora, engenheiros?
Previsões de baixa do setor da construção não precisam assustar novos profissionais
Em 2014 já houve muita apreensão. Apesar de um cenário relativamente estável, o ritmo baixo do crescimento econômico começou a incomodar quanto aos possíveis impactos futuros no setor da construção – e, por consequência, no emprego dos engenheiros, principalmente os civis que entram agora no mercado de trabalho. Se para 2015 o cenário não parece estar mais animador, a vantagem deste profissional é que ele sempre poderá voltar-se para áreas de gestão e de negócios.
“Apesar do mercado de engenharia não estar aquecido, engenheiros podem executar diversas funções, em outros mercados. Sua formação é muito bem aceita por todas as áreas de negócios”, avalia o engenheiro Marcelo Melo Barroso, docente e coordenador de graduação em Engenharia de Inovação no Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (ISITEC).
Os impactos da redução do crescimento já são evidentes na construção. “Mesmo antes, conforme relatado no EngenhariaData (2014), não houve ganhos substanciais de renda. Contudo, a falta de mão de obra técnica qualificada ainda existe em muitos setores”, diz o professor.
Inflação no teto da meta, juros elevados, baixo crescimento dos últimos trimestres, desajuste nas contas públicas, além do desgaste do mercado de trabalho e da baixa confiança de empresários e consumidores na economia não autorizam grandes promessas, e o empresariado tem mantido uma percepção bastante negativa dos desempenhos correntes.
Quem quer ser líder?
Para Barroso, não é problema o aumento da demanda por cursos e do número de vagas nas graduações em engenharia. “A formação de profissionais e a procura por eles no mercado de trabalho têm apresentado comportamentos similares, com tendência a crescimento sustentado nos últimos 15 anos”, diz.
Além disso, o aumento da demanda por cursos não ocorre de maneira equivalente em todo o país. “Esse crescimento se concentrou no Sudeste; ainda há importantes desafios regionais a serem superados.” Assim, os rumos das economias locais (nos Estados) poderá ditar os efeitos sobre a empregabilidade de engenheiros e a evolução da construção civil.
Em contrapartida, uma particularidade deste mercado é que quem mantém o aumento do emprego são médias e grandes empresas – exatamente as que passam, hoje, por maiores dificuldades. Isso deixa mais complicada a vida de engenheiros que pretendem fazer carreira em grandes construtoras. “A saída pode estar na observação e diagnóstico da realidade”, indica o professor.
Ele acredita que em 2015 os lançamentos imobiliários para média e baixa renda devem se manter proporcionalmente mais elevados, como ocorrido em 2014. “Cada vez mais, uma postura empreendedora e inovadora ajudará futuros engenheiros a terem boa colocação no mercado, o que também contribui para atenuar a possível crise no setor, com incremento de criatividade e das competências profissionais”.
Com toda a corrida pelos cursos de engenharia na última década, ainda faltam engenheiros com perfil de liderança, com total domínio e fluência da língua inglesa – e isso vale tanto na construção civil como em negócios. Uma boa oportunidade de se esforçar e alcançar as melhores posições.
Além do canudo
Não basta fazer a graduação para entrar bem no mercado. Aprimoramento, experiência e capacidade de aprender cada vez mais rápido são essenciais, além das três características típicas do bom candidato: A primeira é a competência técnica, ou qualificações próprias ao cargo de engenheiro – sempre com a boa vontade de aprender ainda mais.
A segunda é a habilidade em comunicar, competência comportamental importante. “Com visão empreendedora, o profissional deve se sentir dono do projeto, do negócio; mostrar foco no cliente e a adaptabilidade com resiliência – se adaptar a diferentes situações, como mudanças de cenário econômico, reavaliação de estratégias e dos produtos da empresa”.
Por fim, a questão cultural também chama a atenção dos recrutadores. Valores humanos e alinhamento à missão da empresa contratante contam muito. Um desafio cada vez mais premente ao engenheiro civil é fomentar com naturalidade capacidades de empreender, ou incorporar postura que concorra para o desenvolvimento sustentável e social das empresas e das regiões onde estão inseridos.
“É crescente a demanda por profissionais capazes de trabalhar com simulação e modelagem de sistemas via modelo lógico-matemático, fazer diagnósticos e desenvolver cenários de futuro, fundamentais às inovações em urbanismo, construção, transporte, logística, entre outros. Isso requer do engenheiro uma boa percepção das demandas sociais – o que é muito pouco desenvolvido na formação de nossos engenheiros”, avalia o professor.
Quando um projeto não considera determinados aspectos, podem ocorrer patologias. Um dos problemas corriqueiros é o desplacamento de pisos cerâmicos. Saiba como uma consultoria pode ajudar.