Publicado em 22/07/2016“Expectativa é que vendas de material de construção cresçam 3,5%”, diz Claudio Conz
Claudio Elias Conz, que preside a Anamaco há 27 anos, diz que temas como boas práticas públicas e município sustentável ainda precisam ser explorados

“Expectativa é que vendas de material de construção cresçam 3,5%”, diz Claudio Conz

Presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção ressalta que não podemos ignorar os avanços que o setor teve, principalmente nos últimos anos, mesmo com reflexos da crise

Há 27 anos presidindo a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Claudio Elias Conz, 64 anos, também está à frente do Sindicato do Comércio Atacadista de Material de Construção (Sincomaco) e do Instituto Brasileiro de Serviços e Terceirização na Construção e na Habitação (IBSTH).

É graduado em Comunicação Social pela Faculdade Cásper Líbero, pós-graduado em Gestão Empresarial Avançada para o Segmento de Material de Construção pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e possui MBA Profissional em Varejo de Material de Construção pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Também possui curso de Gestão Empresarial pela Sorbonne Unniversité Paris I e é Conselheiro Certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Em entrevista ao Mapa da Obra, Claudio Conz fala sobre o setor, reflexos da crise, desafios e perspectivas. Acompanhe os principais trechos da conversa:

Mapa da Obra – Quais foram os reflexos da crise econômica e política para setor? Já houve sinais de recuperação?

Claudio Elias Conz – As vendas de material de construção cresceram 5% no mês de junho, na comparação com maio deste ano. O desempenho, que foi similar ao registrado no mesmo mês em 2015, não foi suficiente para reverter a queda acumulada de 8,5% no primeiro semestre. No acumulado dos últimos 12 meses, o setor apresenta queda de 10%. Estamos passando por um momento de retomada de obras e de manutenção predial.

MDO – O que podemos aguardar para esse segundo semestre?

Claudio Conz – Tradicionalmente, o segundo semestre do ano corresponde a 60% do volume de vendas.  E nossa expectativa é de que isso seja concretizado.

Leia também: Como as construtechs estão se desenvolvendo no setor da construção civil

MDO – Então há boas perspectivas?

Claudio Conz – Não podemos ignorar os avanços que o nosso setor teve, principalmente nos últimos anos, sempre pensando em como podemos ampliar ainda mais esse desenvolvimento. O déficit habitacional brasileiro, por exemplo, ainda é de 6,2 milhões de moradias, mesmo com programas como o Minha Casa Minha Vida em andamento, que reduziram esse índice em 2,8% nos últimos quatro anos.

Por outro lado, grandes construtoras estão reordenando seus investimentos para investirem em habitação popular, voltada a famílias com renda entre 3 e 10 salários mínimos. Ou seja, estamos na fase de aproveitar as oportunidades e colocar a casa em ordem. Na semana passada, a Caixa Econômica Federal, em reunião com a Anamaco e outras entidades, prometeu retomar o Construcard e o FIMAC/FGTS e isso deve impactar o setor de forma muito positiva.

A diretoria da Caixa também se comprometeu a fazer em 2016 o mesmo número de financiamentos imobiliários de 2015, que foi de R$ 91 bilhões. Eles também nos informaram que a entidade tem uma meta de aplicar R$ 480 bilhões este ano e que estão acompanhando a meta bem de perto. A nossa expectativa  é a de que o varejo de material de construção cresça 3,5% em 2016.

MDO – Qual a importância dos básicos, da autoconstrução e das reformas? Eles representam uma fatia importante do mercado?

Claudio Conz – Apenas 23% dos produtos do setor são vendidos para as Construtoras. 77% das obras do país são feitas através da construção autogerida, que é quando o consumidor compra o material e gerencia a obra, contratando o arquiteto, o engenheiro, o pedreiro. Para 1/4 dos lojistas do nosso país, produtos básicos como cimento, areia e tijolo destacam-se entre as categorias mais importantes para o faturamento.

MDO – O senhor é membro do Conselho Curador do FGTS. De que maneira isso auxilia sua gestão e, consequentemente, o setor?

Claudio Conz – Busco aplicar os recursos da melhor forma possível para que possamos construir muitas habitações. Há alguns anos, o FGTS é o principal financiador para a construção, saneamento e mobilidade urbana.

MDO – O senhor acredita que o fato de ser um dos mais pulverizados e menos concentrados setores do varejo traz algum benefício ou é um obstáculo?

Claudio Conz – Traz um enorme benefício. Por ser um mercado altamente competitivo, a pulverização permite escolhas e alternativas muito boas para o consumidor. Há o serviço prestado pelos estabelecimentos, presentes em todos os municípios brasileiros, que somente é possível pela presença dessas 140 mil lojas.

MDO – Na opinião do senhor, ainda há um nicho a ser explorado?

Claudio Conz – Sim. Enxergo uma excepcional oportunidade que ainda não é aproveitada pelo setor nos temas das boas práticas públicas e município sustentável. Hoje, buscam-se soluções nas cidades que já estão disponíveis, porém não são divulgadas – como, por exemplo, a melhoria de calçadas, os benefícios da pavimentação de concreto mais barata, de melhor manutenção, e que além de tudo diminui a dispersão pela cor mais clara e traz melhoria da reflexão da luz noturna, consequentemente, aumentando a segurança. Tudo que alavanca nosso setor está nos municípios – e temos soluções prontas para isso.

 

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