Esse
projeto vislumbra
o amanhã.
Esse
projeto vislumbra
o amanhã.
No entanto, trouxe diversos desafios para a engenharia nacional até que se tornasse real hoje.
“Um dos principais desafios foram as formas arquitetônicas. Neste museu, a gente não consegue definir muito bem o que seriam pilares, vigas e lajes, como se observa em estruturas convencionais. Então, as paredes acabam se confundindo com as lajes e se confundindo com o que seriam os pilares. Isso gera uma dificuldade até para o entendimento do projeto e, claro, pro dimensionamento e detalhamento dele, inclusive”, explica o engenheiro da Engeti, que ganhou o Prêmio Talento Engenharia Estrutural com este projeto, no ano de 2015.
A arquitetura complexa destacada por Fabrício foi assinada por um arquiteto de renome internacional, o espanhol Santiago Calatrava. De acordo com o engenheiro, apareceram vários desafios no meio do projeto na parte de estrutura para garantir o conceito que o arquiteto queria passar.
E, para que isso ocorresse, a equipe de projetistas respeitou ao máximo as dimensões e as características arquitetônicas.
A primeira ousadia deste projeto se deu logo no local onde o museu seria construído: na Baía de Guanabara, em cima de um píer, em contato direto com o mar. Sabe-se que toda obra em ambiente agressivo exige cuidados especiais relacionados ao concreto, que deve proteger as armações para evitar corrosões e futuras deteriorações nas estruturas.
No entanto, neste caso, o desafio era ainda maior. De acordo com Julio Timerman, sócio-diretor da Engeti Consultoria e Engenharia e diretor-presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon), o píer estava completamente deteriorado. “Essa obra está implantada em cima de um píer muito antigo. A primeira coisa que foi feita foi identificar que esse píer já estava deteriorado. Ele já não estava mais sendo utilizado como ancoragem dos navios, porque ele não tinha mais capacidade pra isso. A primeira premissa foi que a estrutura do Museu fosse totalmente independente da estrutura do píer, de modo que se tivesse qualquer colapso ali, o museu ficaria intacto. Decidiu-se também por fazer uma recuperação da estrutura do píer. Para isso, foi feito um aterro submerso em todo perímetro dele no sentido de estabilizar”, explica.
Toda a estrutura de concreto foi realizada com concreto protendido e armado.
no concreto armado, a armadura é passiva, trabalha quando solicitada. Já no concreto protendido, a armadura é ativa e introduz a força de protensão, comprimindo previamente a região que será submetida à tração decorrente das ações usuais.
“Então, em 4,5 metros de profundidade tinha que ser feita uma laje com estrutura para implantar os reservatórios necessários, o sistema de tratamento de água do mar e o sistema de tratamento de água de esgoto. Isso acabou sendo um desafio também porque nós estávamos a 4,5 metros abaixo do nível do mar implantando uma estrutura e não podia deixar essa água invadir e prejudicar o desempenho do concreto”, relata Fabricio Tardivo.
Dessa forma, essa estrutura contou com laje de subpressão e, também, diversas contenções. Para garantir a durabilidade da estrutura de concreto, o cimento especificado em projeto foi o CP III 40 RS, da Votorantim Cimentos. “Em regiões marítimas é muito comum a especificação de cimentos com altas adições. No nosso caso, a especificação foi com o CP III, que tem um alto teor de escória de alto forno, o que contribui para mitigar a agressão da maresia do mar nas peças. Uma vez que é especificado em projeto, o único produto que pode ser utilizado na obra é esse tipo de cimento”, ressalta Diego Smaile.
A durabilidade desta obra foi uma das premissas primordiais durante a realização. “A gente se preocupou bastante em utilizar um concreto com baixa porosidade por conta do ambiente em que ele estava trabalhando, que é bem na Baía de Guanabara, implantado num píer. Esse fator, por ser um local com agressividade, exigia um concreto mais durável e com menos porosidade”, explica Tardivo, da Engeti.
Além disso, outros pontos relacionados a arquitetura também exigiram cuidados. Foi preciso pensar na estabilidade e deformações, porque existem vários pontos com deformações excessivas, estruturas em balanço, vãos de até 32 metros de concreto, balanços de até 7 metros e 9 metros de concreto armado etc.
complementa o engenheiro.
O projeto arquitetônico também foi complexo do ponto de vista do eixo onde seria implementado o Museu do Amanhã. De acordo com as fontes consultadas, o arquiteto Santiago Calatrava não quis centralizar o museu como no eixo longitudinal do píer e aplicou certo deslocamento. A partir do momento em que se teve um deslocamento, alguns blocos de fundações que pegavam cargas de mais de duas mil toneladas acabaram recebendo interferência na execução dessas estacas.
Projetando agora as necessidades do amanhã
Além da inovação em termos de arquitetura e soluções de projeto, o Museu do Amanhã também se destacou na inserção de sustentabilidade e avanços de tecnologia. “Essa obra recebeu, na época, o mais alto grau de sustentabilidade do Green Building Council (GBC). A cobertura é feita com telhas fotovoltaicas, que acompanham o movimento do sol fazendo com que haja captação de energia solar”, conta Julio Timerman. De acordo com o diretor-presidente da Engeti, essa captação é quase que suficiente para suprir todas as necessidades energéticas do Museu do Amanhã. Em segundo lugar, também foi realizada uma captação de água poluída da Baía do Guanabara para tratá-la e utilizá-la para reuso, limpeza e sanitários.
Outra inovação foi a utilização da metodologia BIM na realização da obra. O sistema que se tornará exigência a partir de 2021 em obras públicas permite a interação entre os projetos, sendo uma solução que deve evitar erros também durante os processos construtivos.
“Essa é uma das obras mais importantes e mais emblemáticas, sendo hoje um cartão-postal do Rio de Janeiro. Ela foi bastante complexa sobre todos os aspectos, de concepção arquitetônica e sobre trabalhar com um arquiteto daquela envergadura”, ressalta Julio Timerman. Para Diego Smaile, este projeto enriquece bastante a parte socioeconômica tanto do Brasil quanto do estado do Rio de Janeiro, “trazendo um pouco da nossa história e entendendo como foi nosso passado para que a gente consiga planejar o nosso futuro”, complementa.
Projeto: Museu do Amanhã | Localização: Rio de Janeiro.
Materiais fornecidos: cimento CP III 40 RS.
Período da obra: 2012 até 2015.
Desafios enfrentados:
FONTES UTILIZADAS
Diego Smaile, coordenador de marketing estratégico Brasil na Votorantim Cimentos;
Fabricio Tardivo, engenheiro civil da Engeti;
Julio Timerman, sócio-diretor na Engeti e diretor-presidente no Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon).
EMPRESAS E INSTITUTOS: Engeti Consultoria e Engenharia.