Projetando o futuro

Obra do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, traz arquitetura complexa realizada em ambiente desafiador

Obras Icônicas - Votorantim Cimentos

Pilares do passado moldando o amanhã

É certo que a nossa história traz aprendizados significativos para o futuro. Olhar para trás, ao planejar o que está por vir, pode ser primordial para garantir a evolução social. Estudar a humanidade, questionar o passado e o presente ao idealizar o futuro, é uma das propostas do Museu do Amanhã – obra sociocultural que faz parte da revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro.

“O Museu do Amanhã foi construído entre 2012 e 2015 e mostra um pouco da história humana, de onde viemos e para onde vamos. O impacto para a engenharia foi a revitalização da área portuária no Rio de Janeiro que estava, até então, jogada às traças e, com a vinda das Olimpíadas e da Copa do Mundo, foi feito um projeto que tornou o Museu do Amanhã uma das peças dessa revitalização”, explica Diego Smaile, coordenador de marketing estratégico Brasil da Votorantim Cimentos, que esteve presente na participação da cimenteira durante o projeto.

Para Fabrício Gustavo Tardivo, engenheiro civil da Engeti Consultoria e Engenharia e responsável pelo projeto da estrutura de concreto, o Museu do Amanhã “é um museu inovador com o intuito de fazer refletir sobre os impactos do que você faz hoje ou já fez na sua vida e na sociedade, e projetar isso para o futuro”.

Esse
projeto vislumbra
o amanhã.

Obras Icônicas - Votorantim Cimentos

No entanto, trouxe diversos desafios para a engenharia nacional até que se tornasse real hoje.


“Um dos principais desafios foram as formas arquitetônicas. Neste museu, a gente não consegue definir muito bem o que seriam pilares, vigas e lajes, como se observa em estruturas convencionais. Então, as paredes acabam se confundindo com as lajes e se confundindo com o que seriam os pilares. Isso gera uma dificuldade até para o entendimento do projeto e, claro, pro dimensionamento e detalhamento dele, inclusive”, explica o engenheiro da Engeti, que ganhou o Prêmio Talento Engenharia Estrutural com este projeto, no ano de 2015.

A arquitetura complexa destacada por Fabrício foi assinada por um arquiteto de renome internacional, o espanhol Santiago Calatrava. De acordo com o engenheiro, apareceram vários desafios no meio do projeto na parte de estrutura para garantir o conceito que o arquiteto queria passar.


E, para que isso ocorresse, a equipe de projetistas respeitou ao máximo as dimensões e as características arquitetônicas.

"Foram várias interações e a gente acabou trabalhando o anteprojeto com o projeto teórico e conceitual do Calatrava.

Estudamos vinculados com a agressividade do ambiente e com a tropicalização das arquiteturas aqui para o Brasil", explica Tardivo.

O passado: a revitalização de uma estrutura

A primeira ousadia deste projeto se deu logo no local onde o museu seria construído: na Baía de Guanabara, em cima de um píer, em contato direto com o mar. Sabe-se que toda obra em ambiente agressivo exige cuidados especiais relacionados ao concreto, que deve proteger as armações para evitar corrosões e futuras deteriorações nas estruturas.

No entanto, neste caso, o desafio era ainda maior. De acordo com Julio Timerman, sócio-diretor da Engeti Consultoria e Engenharia e diretor-presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon), o píer estava completamente deteriorado. “Essa obra está implantada em cima de um píer muito antigo. A primeira coisa que foi feita foi identificar que esse píer já estava deteriorado. Ele já não estava mais sendo utilizado como ancoragem dos navios, porque ele não tinha mais capacidade pra isso. A primeira premissa foi que a estrutura do Museu fosse totalmente independente da estrutura do píer, de modo que se tivesse qualquer colapso ali, o museu ficaria intacto. Decidiu-se também por fazer uma recuperação da estrutura do píer. Para isso, foi feito um aterro submerso em todo perímetro dele no sentido de estabilizar”, explica.

Toda a estrutura de concreto foi realizada com concreto protendido e armado.

Concreto armado
x
concreto protendido

Imagem da estrutura em desenho

no concreto armado, a armadura é passiva, trabalha quando solicitada. Já no concreto protendido, a armadura é ativa e introduz a força de protensão, comprimindo previamente a região que será submetida à tração decorrente das ações usuais.

Vista aérea da Obra

Um dos maiores desafios estruturais foi a construção do subsolo, que estava há 4,5 metros abaixo do nível do mar.

“Então, em 4,5 metros de profundidade tinha que ser feita uma laje com estrutura para implantar os reservatórios necessários, o sistema de tratamento de água do mar e o sistema de tratamento de água de esgoto. Isso acabou sendo um desafio também porque nós estávamos a 4,5 metros abaixo do nível do mar implantando uma estrutura e não podia deixar essa água invadir e prejudicar o desempenho do concreto”, relata Fabricio Tardivo.

Dessa forma, essa estrutura contou com laje de subpressão e, também, diversas contenções. Para garantir a durabilidade da estrutura de concreto, o cimento especificado em projeto foi o CP III 40 RS, da Votorantim Cimentos. “Em regiões marítimas é muito comum a especificação de cimentos com altas adições. No nosso caso, a especificação foi com o CP III, que tem um alto teor de escória de alto forno, o que contribui para mitigar a agressão da maresia do mar nas peças. Uma vez que é especificado em projeto, o único produto que pode ser utilizado na obra é esse tipo de cimento”, ressalta Diego Smaile.

O projeto arquitetônico também foi complexo do ponto de vista do eixo onde seria implementado o Museu do Amanhã. De acordo com as fontes consultadas, o arquiteto Santiago Calatrava não quis centralizar o museu como no eixo longitudinal do píer e aplicou certo deslocamento. A partir do momento em que se teve um deslocamento, alguns blocos de fundações que pegavam cargas de mais de duas mil toneladas acabaram recebendo interferência na execução dessas estacas.

Projetando agora as necessidades do amanhã

Além da inovação em termos de arquitetura e soluções de projeto, o Museu do Amanhã também se destacou na inserção de sustentabilidade e avanços de tecnologia. “Essa obra recebeu, na época, o mais alto grau de sustentabilidade do Green Building Council (GBC). A cobertura é feita com telhas fotovoltaicas, que acompanham o movimento do sol fazendo com que haja captação de energia solar”, conta Julio Timerman. De acordo com o diretor-presidente da Engeti, essa captação é quase que suficiente para suprir todas as necessidades energéticas do Museu do Amanhã. Em segundo lugar, também foi realizada uma captação de água poluída da Baía do Guanabara para tratá-la e utilizá-la para reuso, limpeza e sanitários.

Outra inovação foi a utilização da metodologia BIM na realização da obra. O sistema que se tornará exigência a partir de 2021 em obras públicas permite a interação entre os projetos, sendo uma solução que deve evitar erros também durante os processos construtivos.

“Essa é uma das obras mais importantes e mais emblemáticas, sendo hoje um cartão-postal do Rio de Janeiro. Ela foi bastante complexa sobre todos os aspectos, de concepção arquitetônica e sobre trabalhar com um arquiteto daquela envergadura”, ressalta Julio Timerman. Para Diego Smaile, este projeto enriquece bastante a parte socioeconômica tanto do Brasil quanto do estado do Rio de Janeiro, “trazendo um pouco da nossa história e entendendo como foi nosso passado para que a gente consiga planejar o nosso futuro”, complementa.

Saiba tudo sobre a construção desta Obra Icônica.
ASSISTA AGORA!

DADOS DA OBRA

Projeto: Museu do Amanhã | Localização: Rio de Janeiro.

Materiais fornecidos: cimento CP III 40 RS.

Período da obra: 2012 até 2015.

Desafios enfrentados:

  • - Atendimento ao projeto estrutural com arquitetura complexa e em ambiente agressivo;
  • - Logística assertiva que garantiu o fornecimento do cimento CP III 40 RS durante todo o projeto para a concepção de elementos estruturais;
  • - Entrega de cimento com baixa porosidade para garantir a resistência adequada do concreto.

 

FONTES UTILIZADAS

Diego Smaile, coordenador de marketing estratégico Brasil na Votorantim Cimentos;
Fabricio Tardivo, engenheiro civil da Engeti;
Julio Timerman, sócio-diretor na Engeti e diretor-presidente no Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon).

 

EMPRESAS E INSTITUTOS: Engeti Consultoria e Engenharia.

Veja mais Obras Icônicas da Votorantim Cimentos