Publicado por Carla Rocha em 23/06/2021Revisão do INCC: o que deve mudar em um dos principais índices da construção?
INCC é um dos principais índices relacionados à construção civil e pode sofrer alterações significativas.Créditos: Shutterstock

Revisão do INCC: o que deve mudar em um dos principais índices da construção?

Qualificação dos dados deve proporcionar mais assertividade para o mercado

De acordo com informações da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), a Fundação Getúlio Vargas (FGV) está iniciando os trabalhos de revisão do método de pesquisa do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Segundo André Braz, economista da FGV, em live realizada pela CBIC, “recentemente, o setor da construção passou por uma modificação importante em função da alta dos preços, por isso existe a necessidade de se fazer uma análise mais profunda do segmento tentando entender o que mudou para no futuro melhorar os indicadores”, ressaltou.


O INCC é um dos índices mais importantes e significativos para a construção, fazendo com que qualquer alteração em sua metodologia impacte diversos agentes do setor, como as incorporadoras e as construtoras. “O INCC representa hoje um dos principais referenciais de custo da construção civil no Brasil. É o mais indicado para reajustar contratos imobiliários quando a obra está em andamento ou se ainda não foi entregue. O cálculo é feito com metodologia que considera diversos insumos, desde materiais de construção e equipamentos, até mão de obra e serviços terceirizados”, explica Flávio Paiva, CEO da IPC Brasil.

INCC para construtoras e o impacto das mudanças

A previsibilidade de custos para as construtoras é um dos fatores mais importantes para garantir a rentabilidade dos projetos imobiliários. Uma mudança na apuração do índice deve refletir impactos importantes para este tipo de empresa. “A metodologia e a periodicidade do INCC permitem um acompanhamento histórico e auxilia na previsão de custos dos empreendimentos imobiliários futuros. Em tempos de inflação – como o que está a se aproximar – o INCC, assim como os demais índices setoriais, cresce em importância como forma de proteger as partes nos contratos”, alerta Paiva.


A qualificação dos dados apurados para o INCC é um ponto extremamente positivo dessa mudança. Ainda durante a live da CBIC, Braz contextualizou os participantes sobre como é feita a pesquisa e disse que o INCC é um dos índices mais antigos da FGV, coletando cerca de 4500 preços provenientes de 2340 respondentes, abrangendo sete capitais. Essa coleta de informações, atualmente, é feito com fabricantes, atacadistas, construtoras e prestadores de serviços. Além de trazer métodos mais atuais, a revisão também pode oferecer mais transparência no processo de coleta de dados da entidade – um dos pontos de destaque da CBIC durante a live.


Sobre a situação atual do índice, Paiva ressalta o cenário do país. “É praticamente inevitável um aumento continuado da cesta de insumos considerados no cálculo do INCC. Os preços relacionam-se à oferta versus demanda. Portanto, com o aumento da liquidez no mercado global, a demanda geral por produtos e commodities também tende a se manter no topo, em desequilíbrio com a oferta. Podemos prever continuidade na inflação da indústria da construção a menos que o Banco Central provoque aperto monetário via taxa SELIC”, destaca o CEO da IPC Brasil.


“Espera-se um período de expansão às construtoras e aos empreendimentos imobiliários em geral. O déficit habitacional associado a uma mudança no comportamento do consumo, em decorrência da pandemia, provocará modificação de uso e ocupação habitacional de leve à moderada. Em suma, ainda há necessidade de moradias na faixa de 100 a 200 mil reais e o home office – experimentado por conta do distanciamento social – deve continuar em alguma medida, forçando os consumidores a repensar o programa de necessidades de morar e viver. Tudo isso tende a aquecer a demanda”, complementa.

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