Publicado em 18/07/2018“Sobre os resultados do setor no primeiro semestre, têm que avaliar até o dia da greve”, afirma Claudio Conz, presidente da Anamaco
Vendas de materiais de construção devem ser impulsionadas por demanda por reformas residenciais, acredita Claudio Conz, presidente da AnamacoCréditos: Shutterstock

“Sobre os resultados do setor no primeiro semestre, têm que avaliar até o dia da greve”, afirma Claudio Conz, presidente da Anamaco

Impacto da greve dos caminhoneiros afetou o setor do varejo de materiais de construção e reduziu o crescimento no primeiro semestre

Depois de alguns anos de instabilidade econômica e política, a expectativa para os lojistas do varejo de materiais de construção, em 2018, é atender uma demanda reprimida pelos fatores macroeconômicos. A necessidade de reformas residenciais que não poderiam ser mais adiadas foi um dos aspectos que mais motivou os lojistas a acreditar no crescimento das vendas.

Porém, o primeiro semestre que deveria apresentar um crescimento já significativo foi impactado negativamente, de acordo os dados levantados pela pesquisa da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco).

Segundo a pesquisa publicada pela entidade, o varejo de material de construção apresentou queda de 6% no mês de maio comparando com o desempenho de abril. Já com relação a maio de 2017, a retração foi de 9%. A pesquisa entrevistou 530 lojistas entre 28 a 30 de maio e verificou também que, pelo menos, 90% das lojas foram afetadas pela greve dos caminhoneiros – o que tem relação com o resultado.

O Mapa da Obra entrevistou Claudio Conz, presidente da Anamaco, para entender o que esperar dos resultados desse ano para o setor e quais os entraves que precisam ser enfrentados pelos lojistas de materiais esse ano. Confira:

APA DA OBRA – Os resultados desse primeiro semestre de 2018 apresentaram uma retração considerável. Qual a percepção da Anamaco com relação a eles?

Claudio Conz. Crédito: Larissa Koloszuk

Claudio Conz – É preciso pegar o primeiro semestre e dividi-lo até o dia da greve. Tem esse fator que realmente causou um problema bastante sério. Até o início da greve, para se ter uma ideia, o próprio mês de maio vinha apresentando um excelente crescimento sobre o mês de abril.

Já estava em 7% ou 8% de crescimento acumulado de maio sobre abril. Então, a gente caminhava de forma bastante forte para cumprir as metas do primeiro semestre que era terminar com crescimento de 6%. Quando veio a greve, aqueles 10 dias, as vendas caíram em 50%. Acabou prejudicando muito o mês de maio.

O que estava crescendo em 7% fechou o mês com queda. Quando nós achamos que o problema da greve iria se normalizar, começou a discussão da tabela de frete. Então, junho também foi prejudicado.

Confira entrevista com presidente da Anamaco:

 

MDO – E sobre o próximo semestre, existe a expectativa de recuperação sobre as vendas?

Claudio Conz – Ele já tinha característica de ser um bom segundo semestre, mas agora vai acumular e tudo isso que se perdeu em maio e junho vai acabar se acumulando no segundo semestre, o que vai ser, inclusive, muito positivo. E as eleições devem funcionar a nosso favor também, porque quando você tem estabilidade econômica e social, as pessoas vão e buscam investimento na área de habitação. A movimentação das construtoras na busca por terreno aumentou em 500% esse ano, inclusive.

 

MDO – Logo, os eventos desse ano, como as eleições e a Copa do Mundo, que está ocorrendo, são positivos para as vendas?

Claudio Conz – Eles devem apresentar impacto positivo. O mundo do varejo do material de construção é o mundo da reforma.  Reforma você até adia, mas você tem que fazer. Não dá para você imaginar que aquilo que vinha acontecendo no mês de abril, ou seja, retomando as suas obras, que o consumidor desistiu porque ele não desistiu. O que ele ia fazer em 15 dias, ele vai fazer em 30 dias. Ele pode empurrar um pouco, mas isso vai acontecer. A reforma é uma coisa que você não estimula, é uma necessidade de manutenção, e com o ambiente positivo, o impacto das vendas também é positivo e nos leva a um segundo semestre muito forte.

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MDO – E com relação ao e-commerce, que é uma tendência que tem sido muito discutida pelo setor, como as lojas de varejo de materiais de construção estão se adaptando?

Claudio Conz – A nova loja é multicanal. Ela tem que ter a venda física e tem que ter e-commerce. Se possível, estar nas redes sociais. Ela tem que usar todas as alternativas de se comunicar com o consumidor. Existe um estudo do Google que aponta que o material de construção é um dos cinco mais procurados no mecanismo de busca e o uso das lojas em relação a ser tão procurado é muito pequeno.

Quanto ao e-commerce, confesso que tudo que temos visto por aí tem tido a maior dificuldade de avançar porque talvez um saco de cimento seja uma coisa que até dê pra comprar no e-commerce, mas quando você vai para hidráulica, elétrica, acabamento, conjugar coisas, sem a venda assistida, fica muito difícil. Quando você precisa compor no seu orçamento de preços e também conjugar cores, modelos, a loja física não consegue ser substituída pela virtual.

 

MDO – E quais os desafios que as lojas de varejo de materiais de construção devem enfrentar ainda em 2018?

Claudio Conz – Nesse curto prazo, absolutamente, o maior desafio é a ruptura. Nós vamos ter um processo de falta do produto, então, de um lado essa ruptura causada pela greve, pelo frete, pelas indústrias que estão produzindo menos, esse é o grande desafio. É tão difícil o consumidor ir até à loja, quando ele chega lá, ele quer comprar uma coisa que você não tem pra vender. Então, a ruptura é o maior desafio, sem dúvidas, das lojas de materiais de construção.

 

Para melhorar resultados, ter um melhor atendimento é fundamental. Uma das formas é conhecendo bem o que seu cliente precisa. Qual tal aprender um pouco sobre o piso ideal para cada um?

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  • Claudio Conz. Crédito: Larissa Koloszuk
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