Publicado em 03/03/2015O mercado imobiliário e a revenda de materiais

O mercado imobiliário e a revenda de materiais

Queda na venda de lançamentos imobiliários em SP não deve afetar revendas de materiais de construção

De acordo com o sindicato da habitação (Secovi-SP), o setor de lançamentos imobiliários deverá ter outra baixa em 2015, com queda de pelo menos 10% no volume de unidades produzidas, declarou seu economista-chefe, Celso Petrucci, numa coletiva de imprensa na última quarta-feira. Para ele, o número é “conservador”: “Essa queda no mercado imobiliário ainda poderá ser muito maior. O que vemos é um decréscimo da confiança na economia do país, que nos força a rever, a cada dia, as expectativas dos investidores”, pondera.

Petrucci se refere à preocupação do mercado com a situação macroeconômica brasileira – subida da inflação e da taxa básica de juros, com retração da atividade econômica – e com a crise política. Para ele, o momento de início de um mandato no governo federal seria de muita aposta e esperança, o que não tem se concretizado. “Isso poderá refletir negativamente nos negócios imobiliários futuros.”

Em 2014, a cidade de São Paulo viu decrescer em 7% o volume de unidades lançadas. “O mundial de futebol e as eleições atrasaram o fechamento dos negócios, e os meses de novembro e dezembro concentraram 35% de todos os lançamentos do ano”, diz o presidente do sindicato, Claudio Bernardes. O resultado é uma queda de 42% no volume de negócios para o ano passado, com queda de 35% no número de unidades vendidas – dados comparados com 2013.

Os preços, no entanto, sofreram aumento real de 0,4%, o que pode ser considerado patamar de estabilidade. “Isso se dá em função dos altos estoques, que hoje chegam a 27 mil unidades”, analisa Bernardes. Se a oferta aumenta, sem que as vendas se efetivem, os preços tendem a cair, ou a se estabilizar.

Outro fator que ainda segura os preços elevados é a matriz de custos das obras (há metro quadrado em São Paulo sendo comercializado a R$ 25 mil). “Há uma pressão forte para cima, devido ao aumento dos valores dos terrenos e das exigências legais do novo Plano Diretor; mesmo com a demanda mais baixa por lançamentos, os altos custos de obra não permitem que o preço do metro quadrado varie para baixo”, afirma o presidente.

Apesar do cenário alarmante, o setor conseguiu vender em 2014 42% das unidades lançadas. Para Petrucci, esse resultado não é insignificante, e ainda pode estimular novos investimentos.

Outro número que continua subindo é o de imóveis financiados – no ano passado, foram 3% a mais que em 2013, e o Secovi acredita que em 2015 o crescimento poderá ser de 5%, ou mais. “Esse volume reflete a finalização de obras lançadas em 2012 e 2013”, explica Bernardes.

Como os financiamentos de imóveis usados também está operando em alta, revendedores regionais de materiais de construção podem aguardar movimento crescente em suas lojas para 2015, já que normalmente quem compra e financia imóvel também o reforma, antes de fazer a mudança.

O que mantém algum otimismo entre construtores é que o Brasil ainda tem um déficit habitacional, ou seja, há demanda pelo mercado imobiliário. O país também mantém uma taxa de desemprego em níveis baixos (é dizer: a população tem renda para consumir e se planejar), além de crédito disponível para financiar imóveis.
Segundo o Secovi, com a estabilização dos preços num ponto mais baixo, este deve ser o melhor momento para comprar um imóvel.

Este fato também deve animar a revenda de materiais de construção.
O sindicato não acredita que os preços dos imóveis em São Paulo caiam para um patamar abaixo do atual, já que a matriz de custos é que tende a se incrementar daqui para frente, com reajuste de salários e novas dificuldades na viabilização de projetos, em função de exigências legais do novo Plano Diretor de São Paulo e de sua nova Lei de Zoneamento.

O Cartão Reforma, que beneficia famílias com renda de até R$ 2.811 que residam em domicilio próprio considerado inadequado, foi regulamentado pelo governo.Botão Site

 

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