Publicado em 18/03/2014

Móveis de Concreto

Estantes, aparadores, bancadas, mesas: o concreto mostra que a versatilidade não tem limites!

Quem acha que a robustez do concreto se limita a vigas e pilares, ou pode se estender, no máximo, ao acabamento de piso e paredes, vai se surpreender com estes projetos, que usam o material para compor móveis (desta vez, estáticos), bancadas e outros elementos decorativos. Os móveis de concreto são formados em seu estado bruto, apenas com acabamento de resina ou silicone, para protegê-lo.

O resultado é de fácil manutenção, mais em conta e duradouro do que as opções de materiais comumente usados. Mas é uma escolha que deve ser muito bem pensada, já que, no caso dos móveis, não se pode mudar de posição.

“Fazer o equipamento fixo em concreto ou em argamassa armada é conveniente quando não há vacilação sobre a forma e posicionamento desses elementos no espaço”, aponta o arquiteto Affonso Risi.

“É importante que a escolha dos móveis a serem executados em concreto não impeça certo grau de flexibilidade e mobilidade para a ocupação dos ambientes, e que seja uma escolha baseada no melhor aproveitamento possível dos espaços”, acrescenta a arquiteta Juliana Fiorini.

Uma vez consciente dessa limitação, a arquiteta Cássia Buitoni, que cresceu numa casa de concreto aparente e é fã do material, acredita que vale a pena investir no mobiliário fixo de concreto em casa. “Acho um material bonito e com muita personalidade. É um mobiliário para a vida toda, de custo acessível, exigindo pouca manutenção.” Confira, então, nossa galeria com 11 ideias para dar vida ao concreto em novos formatos e usos.

Conteúdo publicado em Casa.com.br

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  • A estante pré-moldada é uma das atrações desta sala, projetada pelo arquiteto paulista Affonso Risi. As peças foram preparadas no canteiro de obras com argamassa de cimento e armação com tela metálica, e foram coladas umas às outras para formar os nichos. “A dimensão das ‘tábuas’ é bastante semelhante à de peças em madeira, com delicadeza e pequena espessura, mas com resistência e durabilidade, naturalmente, muito maiores. Era o que se procurava”, detalha o arquiteto - Foto: Paulo Risi
  • A estética do concreto e do cimento, já evidentes no piso e na viga aparente desta sala, se estende também à lareira. Os tijolos refratários do “kit lareira” foram fechados com uma caixa de concreto, que deu novo status estético à lareira. A escolha pelo material, segundo o arquiteto paulista Frederico Zanelato, “veio da reutilização de sobras de materiais na obra para criar uma caixa única e de fácil manutenção”. As fôrmas para moldar o concreto foram feitas com restos de madeira e a armação, com restos de ferro. Depois de pronta, a lareira recebeu acabamento com resina, que garante durabilidade - Foto: Luis Gomes
  • Esta cozinha foi projetada em 1968 por Arnaldo Martino, importante arquiteto paulista que usava o concreto aparente como linguagem construtiva – uma tradição entre os modernistas daquela geração, pertencentes à “escola brutalista paulista”. Um dos destaques do projeto é a mesa de jantar, cuja base é feita de concreto aparente. Nas duas reformas pelas quais a casa passou, a mesa foi mantida como no original – apenas o tampo de madeira foi trocado por um de vidro, a fim de ganhar mais leveza. Na sala, o sofá também tem base de concreto. “Acho ambas as estruturas muito elegantes, engastadas na parede, tanto a mesa quanto o sofá parecem flutuar”, diz a arquiteta paulista Cássia Buitoni, filha da dona do imóvel quarentão e responsável pela segunda reforma - Foto: Levi Mendes Jr
  • A ideia para churrasqueira foi fugir das pedras, tradicional material usado para compor bancadas. A opção mais “descolada”, escolhida pelos arquitetos Alice Martins e Flávio Butti, de São Paulo, foi o concreto, que combina com áreas externas e é de fácil manutenção. A estrutura foi revestida com cimento polimérico, um revestimento cimentício feito para ser aplicado sem juntas de dilatação e que resulta em uma superfície lisa, que se torna impermeável quando finalizada com resina. Na hora da limpeza, basta água e detergente neutro. Apesar do custo mais baixo em relação a outras alternativas às pedras (como o Silestone e o Corian), Alice lembra que uma bancada de concreto “precisa ser muito bem executada; mão de obra não especializada pode trazer surpresas desagradáveis” - Foto: Luis Gomes
  • A prateleira surgiu por acidente no projeto desta casa, toda pensada sob inspiração modernista, com vigas e colunas de concreto aparente. Foi a “existência de uma ‘aba’ pertencente a uma viga da casa no alto da escada” que possibilitou criar uma pequena estante para livros e objetos queridos do acervo do arquiteto e morador Felipe Scroback, de São Paulo, que assina o projeto. Depois de lixada, ela recebeu acabamento de estuque, novo lixamento e, por fim, uma demão de verniz acrílico incolor à base de água. Pronta para ter utilidade e se integrar ao visual da casa - Foto: Evelyn Müller
  • Bancada da cozinha, balcão e mesa de jantar sempre fizeram parte do projeto da casa desenhada pelo sócio de Felipe, o arquiteto Luis Andrade. “São uma resposta à ideia de usar a cozinha como união com o jardim, formando diferentes situações em diferentes alturas”, conta Luis, que também apostou no concreto aparente na estrutura e em elementos-chave da decoração. Ele diz não ver desvantagens relevantes na escolha do material. “Como vantagens, a durabilidade e a integração visual com a casa”, completa. Mas para garantir vida longa ao concreto, é importante dar acabamento e impermeabilização corretos, com verniz à base de água - Foto: Evelyn Müller
  • Na casa projetada por Luis Andrade, a estante também é toda de concreto, e foi executada com fôrmas de madeira e armação em ferro. Fica camuflada na parede, que também é de concreto, valorizando os objetos nela apoiados. O móvel de melamina no padrão amêndola rústica suaviza o visual duro do cimento. Para o arquiteto, móveis e outros elementos estáticos de concreto são sempre uma escolha estética e de baixo custo, mas que devem ser previstas durante a construção ou reforma da casa, “visto que sua execução não é simples e requer uso de materiais "de base" (cimento, areia, pedra e água)”- Foto: Evelyn Müller
  • A arquiteta paulista Juliana Fiorini é fã dos acabamentos em concreto aparente e cimento. “Quanto existe receptividade a este material por parte do cliente, eu tendo a especificar alguns elementos em minhas obras”, conta ela. Foi o que aconteceu neste projeto. Um dos pilares e vigas da sala foram descascados para deixar o concreto à mostra, que se estendeu ao aparador com portas de MDF de 5,90 m de extensão. Um recurso que parece alongar o espaço. “Seu aspecto bruto, em contraposição a acabamentos mais delicados ou refinados da obra, contribui também para criar um ambiente informal, despojado e confortável. Além disso, trata-se de um material de custo bastante acessível - embora implique num certo cuidado com a execução, que é fundamentalmente artesanal”, explica Juliana - Foto: Evelyn Müller
  • À esquerda, o extenso banco de concreto (0,60 x 9,40 m, com 40 cm de altura) é, na verdade, a face interna da caixa de concreto que está presente em todos os apartamentos deste prédio em Porto Alegre, RS. Do lado de fora, a caixa emoldura as esquadrias de PVC e barra o excesso de sol num dos lados da fachada do edifício, que já saiu da prancheta com traçado marcado por elementos modernistas – sobretudo o concreto aparente na estrutura. Além dessas funções técnicas, a “caixa-banco” cria interessante efeito visual na sala, servindo de assento e apoio para objetos decorativos. Projeto do casal de arquitetos gaúchos Graziella Yllana Hecher e Rodolfo De Conto Hecher - Foto: Marcelo Donadussi
  • Quando descobriu um pilar de concreto no meio da sala durante a reforma, o arquiteto Olivier Raffaelli, do escritório Triptyque, teve uma ideia certeira para eliminar o incômodo. Ele projetou um bar todo de concreto aparente em torno do pilar. De “intruso”, passou a ser a estrela da sala. Para Olivier, a grande vantagem de optar por móveis fixos de concreto é a força expressiva que eles têm. “Eles dão uma direção aos elementos da casa, ajudam em sua organização. Nesse sentido, o móvel passa a se tornar elemento escultural”, define o arquiteto francês - Foto: Salvador Cordaro
  • O mote desta obra, em Brasília, foi redução de custos. Por isso, o concreto impera. Está nas lajes pré-moldadas, que permitem grandes vãos sob elas, e em acabamentos brutos, como o concreto aparente de vigas, pilares e piso (ou melhor, contrapiso). O concreto moldado deu origem até a alguns móveis, como a bancada do quarto de casal. “Usamos o material para criar várias peças fixas. A esse material de manutenção facílima e visual neutro, se contrapõe o apelo quente da madeira”, diz Matheus Seco, arquiteto fluminense e sócio do estúdio brasiliense Domo Arquitetos - Foto: Joana França
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