Publicado em 16/04/2014Confira projetos que utilizaram caiação

Confira projetos que utilizaram caiação

Economia, sustentabilidade e beleza têm tudo a ver com esta técnica; veja em 11 projetos

A caiação não é nenhuma novidade. Sim, aquele pó branco vendido em casas de material de construção é utilizado para produzir uma tinta artesanal que protege e colore casas desde o Brasil colônia. “É mais uma opção que esteve ‘esquecida’ por um tempo, mas sempre continuou a ser utilizada”, diz o arquiteto paulista Frederico Zanelato.

Foi com uma mistura de cal, água, fixador e óleo que ele pintou esta casa em Mogi das Cruzes (SP). Frederico conta que os donos estavam com o orçamento apertado, e a caiação chega a ser 60% mais barata que outros tipos de pintura. Mas não é só isso. Ela oferece ainda um resultado tipo “patinado” e deixa a parede “respirar”, protegendo de umidade e da proliferação de fungos.

Por tantas qualidades, a pintura com cal é utilizada em todos os projetos do escritório Brasil Arquitetura, de casas de veraneio a apartamentos e espaços comerciais. A própria sede dos arquitetos Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz é pintada com cal, por dentro e por fora. Quer saber mais sobre essa técnica?

Caiação em projetos

Confira 11 projetos publicados nas revistas Casa Claudia, Arquitetura & Construção e na comunidade CasaPRO, e as dicas de profissionais que apostam na caiação, como a arquiteta Pedrinha Parisi, de São Paulo. “O que está na moda é ser ecologicamente correto. E o resgate dessa técnica nos conscientiza de que alguns elementos antigos trazem muita sabedoria e respeitam a natureza.”

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  • Para dar cor, como neste projeto do arquiteto Reynaldo Chiapetta em Ubatuba, litoral paulista, basta usar pigmento em pó. É importante fazer testes com a tinta antes de aplicar, para ter certeza de ter chegado à tonalidade desejada, pois a cor muda depois de seca. A aplicação é feita com brocha retangular na horizontal, na primeira demão, e na vertical, na segunda demão. O efeito manchado, envelhecido, faz parte da técnica, mas é preciso tomar cuidado com a direção da aplicação, para não deixar a pintura com um aspecto mal acabado - Foto: Divulgação
  • O aspecto manchado da pintura com cal combinou bem com esta pousada rústica no litoral Norte paulista. A técnica foi utilizada tanto em paredes internas quanto externas “diretamente sobre o reboco, o que permite a parede ‘respirar’, evitando o bolor, essencial em uma cidade litorânea”, explica a arquiteta e paisagista paulista Pedrinha Parisi, membro da Comunidade CasaPRO. Ela dá outras dicas para uma pintura mais duradoura: aplicar duas primeiras demãos em camadas finas para aumentar a aderência. A segunda demão deve ser dada antes que a primeira tenha secado. Uma terceira demão, mais espessa e consistente, dá o acabamento final - Foto: Divulgação CasaPRO
  • Tradição, beleza e baixo custo. Tudo isso atraiu o arquiteto mineiro Francisco Fanucci, do escritório Brasil Arquitetura, em São Paulo, a usar a caiação na própria casa construída no interior de São Paulo. Na receita que ele utiliza para pintar, a cola branca é substituída pelo fixador MOWIOL 888, na proporção de um quilo para cada dez litros de cal diluída em água. “Normalmente se usa a cola branca de PVA, mas ela impermeabiliza a tinta, impedindo-a de transpirar.” Na hora de aplicar, ele lembra que é preciso tomar todos os cuidados para evitar respingos de cal nos pisos e móveis - Foto: Divulgação
  • Para o arquiteto mineiro Marcelo Ferraz, também do escritório Brasil Arquitetura, a pintura com cal é mais saudável e mais higiênica. “Ela não plastifica o ambiente e ainda protege contra mofo e proliferação de insetos”, afirma o defensor da técnica. Exatamente por ser mais natural, a parede caiada é mais difícil de limpar. A manutenção indicada nesse caso é o retoque. O conselho dado pelo sócio de Marcelo, Francisco Fanucci, é dar uma nova demão de cobertura a cada dois anos, “e tudo fica novinho em folha de novo”. Trincas podem aparecer caso a aplicação não tenha sido bem feita - Foto: Nelson Kon
  • “Técnica feita com materiais da natureza e atemporais, a caiação não entra nem sai de moda, é sempre contemporânea”, diz Beatriz Andreazza Morbin, que junto com o irmão Caio comanda o escritório Amma Boutique de Arquitetura, em São Paulo. Eles usaram a pintura com cal nesta casa de praia e lembram que, apesar de a técnica permitir que as paredes “respirem”, ela não protege dos efeitos do sol e da chuva. Por isso, recomendam a reaplicação a cada dois anos nas áreas externas, para devolver a cor às paredes, que acabam desbotando por conta das variações climáticas - Foto: Evelyn Müller
  • O arquiteto paulista Frederico Zanelato explica que a manutenção da pintura com cal é simples, fácil e barata porque “ao contrário dos tratamentos superficiais modernos, mais resistentes, a caiação não necessita que se removam, antes, todas as demãos anteriores, o que é dispendioso.” Se até agora, as paredes caiadas da nossa seleção apareceram apenas em casas rústicas, sejam de campo ou de praia, a opção de Frederico mostra que pintar com cal é uma solução inclusive em projetos mais urbanos, como este aqui, em Mogi das Cruzes (SP). Frederico escolheu deixar a tinta na cor branca original, mas ainda apostando no aspecto texturizado que ela deixa, por não ser uniforme - Foto: Evelyn Muller
  • A dupla Caio e Beatriz Andreazza Morbin também assina este apartamento, com decoração atemporal. Nas paredes, a cal está presente, porém numa técnica diferente chamada “stucco veneziano”. “É uma técnica de aproximadamente 5 mil anos atrás e aperfeiçoada pelos venezianos por volta do século XI. As matérias do produto consistem em: cimento branco, cal virgem, pigmentos de cor e pó de mármore”, explica Beatriz. A característica protetora da cal contra umidade continua presente, mas com um efeito decorativo diferenciado, graças ao pó de mármore, o que também encarece o orçamento, tanto pelo valor da tinta quanto pela mão-de-obra, que precisa ser especializada - Foto: Célia Mari Weiss
  • A caiação também pode ser feita diretamente sobre o tijolo, dando este efeito patinado. A arquiteta Juliana Sorolla Mancini, de São Paulo, membro da Comunidade CasaPRO, escolheu esse revestimento para a parte externa da casa e até para uma das paredes da suíte de hóspedes. A caiação nunca terá uma aparência igual à da tinta, mas é a maneira mais barata de pintar e oferece efeito envelhecido, além de evitar bolhas e descolamentos tão comuns em paredes pintadas com tintas sintéticas - Foto: Divulgação CasaPRO
  • A trama de eucalipto que sustenta o barro nas paredes internas de pau a pique desta casa no sul da Bahia repete-se no guarda-corpo da varanda. Na fachada, a pintura mistura cal e pigmentos nas cores marrom e preto. Projeto da arquiteta Daniela Oliveira - Foto: Evelyn Müller
  • Em Barra do Sahy (SP), os primeiros proprietários ergueram uma edícula (pintada de azul) pensando em depois transformá-la num anexo da moradia principal, que nunca saiu do papel. Para os novos donos, porém, o imóvel original bastava: com alguns ajustes e um living extra, ficou na medida - Foto: Celia mari Ellis
  • Inteiramente renovado com R$ 150 mil, o sobrado paulistano do casal de arquitetos Ivan Ventura e Melina Aoki Moraes, com mínimos 92 m², ganhou visual moderno, ambientes espaçosos e luz natural. O muro foi tingido de uma mistura de cal com pó xadrez (Sherwin-Williams, na Tintas MC) vermelho e amarelo - Foto: Zé Gabriel
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