
Concretagem segura
Recebimento e manuseio do concreto exige atenção de coordenador qualificado
Realizar a concretagem parece fácil, mas a tarefa exige muita atenção, para que seja segura e tenha qualidade. Antes da chegada do concreto na obra, é preciso verificar se o vibrador que vai ser operado tem dupla isolação, se há no canteiro instalações elétricas adequadas à potência do equipamento, e se cabos elétricos estão bem protegidos contra choques mecânicos e cortes.
O escoramento e a resistência das fôrmas também devem ser inspecionados, assim como a armadura, o sistema de fôrmas escolhido, os insertos, tubos hidráulicos, dutos e tudo o que estiver previsto no projeto para ficar embutido no concreto. Quando o concreto chegar, os cuidados estarão no transporte do material até o local de manuseio, e nas capacidades de transporte, lançamento e adensamento, que devem ser consideradas em função do plano de concretagem definido pela construtora (cronograma).
“A norma ABNT NBR 7.212/2012 – Execução de Concreto Dosado em Central, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, informa como o material deve ser entregue no canteiro, e com quais documentos o fornecedor comprova sua qualidade”, diz Inês Battagin, superintendente do Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados (CB-18) da ABNT.
O coordenador das atividades do canteiro também precisa saber o que tem de fazer caso venha uma tempestade forte bem na hora da entrega do concreto, ou se o tempo estiver muito quente e seco. São situações adversas que mudam o curso do projeto e requerem outro tipo de controle tecnológico do material na obra.
Bê-á-bá da concretagem
Como não pode ser estocado – há um tempo máximo para que o concreto dosado em central seja lançado e adensado –, os serviços exigem precisão no manuseio. O ideal é que alguns trabalhadores se revezem na função de transportar o mangote, enquanto outros atuam diretamente no manuseio do concreto.
Não há tempo para distrações nem desperdício, e todos devem estar atentos às conexões dos dutos transportadores – se não houver um funcionário designado só para isso.
Ao fim da concretagem, e durante as fases de cura e de pós-cura, a estrutura permanece escorada, para que o concreto tenha, ao final, resistência necessária e desempenho ideal, e a construção, uma vida útil prolongada.
Padronizar ou não?
Segundo o engenheiro civil Carlos Britez, diretor da PhD Engenharia e secretário de revisão de normas da ABNT, para ter um sistema de qualidade do concreto nos canteiros, trabalhadores são treinados para usar normas da ABNT: NBR 12.655/2015, NBR 7.212/2012 e NBR 14.931/2004, que versam sobre operações de transporte, lançamento e adensamento do material.
“Cada projeto tem suas peculiaridades. Muitas vezes, a qualidade do produto final dependerá da experiência do construtor, dos consultores envolvidos e das boas práticas de engenharia – por isso, não há um jeito pronto, ou uma “receita de bolo” que indique como fazer o certo”, analisa. Quem souber consultar as normas, encontrará a solução ideal para controle de qualidade em cada caso.
A adição de água no concreto, por exemplo, não pode acontecer em hipótese alguma, salvo quando a ordem vier do engenheiro ou responsáveis pela obra. Um diário que contemple todos os documentos e que comprove o recebimento dos materiais, produtos e locação de equipamentos também é indispensável no canteiro, segundo Inês Battagin. Esses documentos precisam ficar arquivados pelo prazo de cinco anos.
