Quando você pensa em cimento, as primeiras coisas que lhe vêm à cabeça são: canteiro de obra, pá, construção, sujeira, pedreiro, desempenadeira e por aí vai? Então está mais do que na hora de mudar esse pensamento, pois o cimento é a estrela de muitos projetos de arquitetura, sendo utilizado no acabamento de pisos, paredes e até de alguns móveis, além de dar vida a objetos de decoração dos mais variados tipos e tamanhos.

Por ser neutra, a cor cinza é uma das mais modernas e versáteis utilizadas na arquitetura e decoração, permitindo mais liberdade na escolha de móveis e objetos decorativos. Dependendo da tonalidade e do contexto do projeto, sua pode conferir um ar urbano, moderno, rústico ou sóbrio no ambiente.

Um dos caminhos é optar pelo cimento queimado, que é feito a partir de uma massa virada na obra, com a mistura de cimento, areia e água, que deve ser aplicada sobre a superfície. Em seguida, joga-se o pó de cimento na massa ainda mole. Por fim, a superfície deve ser desempenada, espalhando esse pó e deixando-a bem lisinha até obter o tom desejado. Depois de seco, está pronto o cimento queimado.

O concreto aparente também é uma boa escolha. Uma das marcas registradas do Movimento Modernista do século 20, ele saiu dos holofotes por alguns anos e só voltou a aparecer no final da década de 60. A mistura de cimento, areia, brita e água viveu seu auge nos anos 70 e caiu em desuso até os anos 90.

Agora, nos anos 2000, foi resgatado e pode ser visto constantemente em projetos arquitetônicos, seja em vigas, pilares, paredes e até em cabeceiras de cama. O concreto aparente é econômico, pois dispensa etapas como emboço e reboco, além dos revestimentos. Ele é versátil, aceita diversas texturas e tem fácil manutenção.

Cimento e concreto: criatividade e ousadia

Dependendo da imaginação é possível ir além dos acabamentos com cimento e concreto, como os arquitetos da Triart Arquitetura, que apresentaram algo inusitado e ousado na edição da Casa Cor deste ano: uma adega com blocos de concreto.

Os jovens arquitetos André Bacalov, Kika Mattos e Marcela Penteado são os responsáveis pelo projeto e utilizaram os blocos encaixados cobrindo uma das paredes do ambiente de 13m² composto por iluminação reduzida, tons sóbrios, tecidos, madeira, móveis italianos e peças de antiquário.

O Mapa da Obra conversou um pouco com os arquitetos da Triart sobre a tendência de utilizar cimento e concreto na decoração. Confira:

Mapa da Obra РQual foi a inspira̤̣o para o projeto da adega? Por que optaram por blocos de concreto?

Andr̩ Bacalov РA inspira̤̣o foi uma caverna no subsolo para guardar os vinhos, por conta da temperatura. Por isso decidimos fazer uma caixa de concreto (piso, parede e teto). Para quebrar a frieza, usamos um painel em madeira do lado oposto.

Marcela Penteado – Com relação aos blocos, queríamos usar algo que continuasse com essa linguagem do cimento e, ao mesmo tempo, fosse inusitado, além de não permitir troca de calor com o ambiente, sendo propício para uma adega.

MDO – Quando optam por cimento queimado, concreto aparente ou colorido, além de artefatos de concreto para usar nos projetos, que características querem conferir ao ambiente?

Kika Mattos РBuscamos uma linguagem est̩tica contempor̢nea e original.

MDO – É uma grande tendência atual…

Marcela Penteado – Sim, o concreto faz parte da arquitetura brasileira (modernismo e brutalismo) e achamos que o uso dele e do cimento, além de modernizar o local, deixa com características da nossa arquitetura.

MDO – Há vantagens em utilizar esse tipo de material?

Kika Mattos РSim, al̩m do baixo custo comparado com outros materiais, deixa o ambiente moderno e minimalista.

 

Para usar cimento na decoração de casa, é preciso conhecer os tipos de concreto existentes e suas propriedades. Entenda mais sobre o assunto.

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