Com a frase “o concreto armado nos dá tudo”, o arquiteto Oscar Niemeyer manifestava seu entusiasmo pelo material que tem a propriedade de assumir qualquer forma, quando moldado. Se aparente, sofistica e moderniza paredes, colunas, forros e pisos, que ganham a sobriedade do cinza, sem perder o charme. Esses efeitos são visíveis na Casa Y, construída na cidade italiana de Turim pelo escritório FL Architects. “Escolhemos o concreto principalmente por suas qualidades expressivas”, explica Alberto Minero, arquiteto responsável pelo projeto.

A Casa Y está articulada em dois níveis, com escadas externas de circulação entre seus pavimentos. Uma base mais privativa e fechada, em concreto, aparece enterrada. O bloco enterrado corresponde ao nível inferior da residência, onde se concentram estúdio, biblioteca e sauna. O estar fica logo acima – é o volume cúbico-tubular e alongado, principal, que se debruça sobre o bloco enterrado privativo. O estar, por se projetar sobre a base da casa, também assume função de varanda, para contemplação e busca do horizonte.

Esta face de máxima abertura da residência para o mundo exterior contrasta com os dormitórios laterais, totalmente protegidos por brises metálicos. O contraste não está apenas na privacidade que favorece, mas também no próprio choque de cor e textura que o diálogo entre concreto e metal estabelece. Na Casa Y, o concreto assume ainda papel de destaque na arquitetura de interiores, revestindo forros polidos e resinados com brilho, paredes cruas e acabamentos de áreas molhadas, como é o caso dos banheiros.

A maioria das pessoas nem cogita a possibilidade de um caminhão betoneira atender pequenas obras. Será que estão certas?

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