Publicado em 03/03/2015Casa M, Argentina

Casa M, Argentina

Contraste entre texturas e volumetria modular marcam projeto arquitetônico em concreto

Com 320 m2 e implantada dentro de um loteamento privado, de acesso restrito, a Casa M dos arquitetos Juan Germán Guardati, Román Renzi e Virginia Kahanoff (Estudio Aire) localiza-se em Rosário, na Argentina – a cerca de 300 km da capital Buenos Aires.
“O desenvolvimento da cidade gerou um bairro cujo espaço público é muito pobre, em termos de aproveitamento e convivência sociais”, explica Guardati. Ficava difícil conceber uma arquitetura que tivesse vínculo estreito com a área comum da região.

“Nossa ideia voltou-se à preservação do que está circunscrito ao espaço doméstico de habitação”, justifica. As construções do entorno também não revelavam qualquer homogeneidade arquitetônica, com volumetrias e materiais que não se comunicavam de maneira harmônica. Isso levou a equipe de arquitetos a buscar um diálogo da casa tão somente com o lote onde se encontra.

Ao fundo, entretanto, há um lago artificial que determina o limite de todos os terrenos da vizinhança. “Os programas de convívio da Casa M se abrem para esse espelho d’água”, diz o arquiteto.

Definida a implantação e a relação da construção com o entorno, iniciou-se a concepção do projeto em si, que teve como eixo direcionador o que Guardati chama de “implicância espacial das operações formais”. Em outras palavras, o desenvolvimento da forma da casa foi totalmente adaptado às funções demandadas pela família.

Os arquitetos optaram por elevar dois volumes, sendo o superior a cobertura. “Essa peça começa aos 2,2 m de altura e se estende até os 4,4 m, gerando uma grande superfície que cobre todo o programa da casa”, conta. Volumes mais baixos, por sua vez, definem âmbitos privados da casa, compostos por dormitórios, cozinha, banheiros, lavanderia. “A casa é totalmente térrea.”

A topografia acima da cabeça dos usuários se revela sinuosa, em função da sobreposição dos volumes, o que contrasta com o desenho natural das planícies dos pampas argentinos. “Tudo isso se torna mais dramático graças à manipulação da iluminação natural, filtrada por claraboias distribuídas”, salienta Guardati.

Outro contraste é sentido entre a maneira como a residência se fecha para o exterior, mas abre-se em seu interior. Afinal, o programa de atividades privadas se desenvolve dentro de caixas, ou módulos, com dormitórios e banheiros se agrupando num volume maior, e cozinha, lavanderia e depósito entre dois menores.

O uso social é delimitado pela lacuna formada entre o teto e um fechamento vertical de vidro – transparente até o fundo do lote, e translúcido para as laterais.

Casa M e o uso de concreto

O concreto, material predominante na edificação, assume a função de elemento de sustentação estrutural, estrutura espacial e também de expressão arquitetônica. Ou seja, tem também um significado simbólico, ao permear interiores da construção, determinando os limites da área comum.

Uma das intenções é produzir novamente a oposição entre o rústico, o cru, o polido e o brilhante (vidro), ou o contraste entre o gesso (liso) e o concreto aparente. “A experiência do espaço se produz a partir da materialização de sensações diferenciadas e opostas”, pontua o arquiteto.

A obra é estruturada em concreto armado, inclusive nos pisos. O material foi deixado à vista para reduzir a demanda por manutenção. A casa conta ainda com duas colunas metálicas, que sustentam viga principal de apoio. Os pilares ficam disfarçados numa janela de fachada.

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  • A falta de um bom espaço público no bairro onde está implantada a Casa M levou os arquitetos do Estudio Aire a optar por uma arquitetura voltada para si mesma - uso dos espaços internos. A organização da estrutura em dois volumes, entretanto, cria contraste com o relevo natural de planícies dos pampas argentinos - Foto: Walter Salcedo
  • Concreto é o material que predomina na construção. Além de reduzir a quantidade de interfaces entre materiais diferentes, reduz também a necessidade de manutenção, porque é mais resistente - Foto: Walter Salcedo
  • Há apenas duas colunas de aço na estrutura da residência, mas que ficam ocultadas nas laterais da janela da frente. A Casa M está num bairro de Rosário, Argentina. Projeto do Estudio Aire - Foto: Walter Salcedo
  • Juan Guardati, arquiteto responsável pelo projeto da Casa M, acredita que a experiência da arquitetura se desenrola a partir da percepção de contrastes. Por isso, o interior da casa promove um diálogo entre texturas lisas (vidro e gesso) e revestimentos rústicos e ásperos (concreto aparente) - Foto: Walter Salcedo
  • Mesmo nos dormitórios é presente o contraste entre texturas lisas e ásperas dos materiais expostos. O projeto para a Casa M, do Estudio Aire, também promove a interação do espaço interno com o terreno - Foto: Walter Salcedo
  • Casa M conta com aberturas superiores que permitem a entrada da iluminação natural em abundância. Com projeto de Estudio Aire, em Rosário, Argentina - Foto: Walter Salcedo
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