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Publicado em 19/08/2019Plataforma BIM: como se adaptar à ferramenta que estimula o trabalho colaborativo
Estratégia Nacional de Disseminação do BIM é um projeto do Governo Federal para incentivar o investimento e a difusão da metodologia no BrasilCréditos: Shutterstock

Plataforma BIM: como se adaptar à ferramenta que estimula o trabalho colaborativo

Estratégia do Governo Federal prevê que, em 10 anos, a metodologia já esteja disseminada nos projetos e obras públicas

A partir de janeiro de 2021, o uso da metodologia BIM deverá se tornar obrigatório em disciplinas dos cursos de graduação em Arquitetura e Engenharia. Além disso, a expectativa é a de que, em 10 anos, a ferramenta já esteja disseminada em projetos e na execução de obras públicas. Todos esses prazos e metas fazem parte da Estratégia BIM BREstratégia Nacional de Disseminação do BIM, elaborada em conjunto por diversos órgãos do Governo Federal no esforço de incentivar o investimento e a difusão da metodologia no Brasil.

Instituída pelo Decreto nº 9.377, de 17 de maio de 2018, a Estratégia BIM BR já possui uma série de medidas implementadas. Entre estas ações, estão: o lançamento da Plataforma BIM BR e da Biblioteca Nacional BIM em parceria com a ABDI; a criação do Grupo BIM de Governos Latino-americanos; o estabelecimento do Comitê Gestor BIM (CG-BIM); a implementação de uma agenda de trabalho com o Governo do Reino Unido; a publicação do mapa estratégico e de um Roadmap; além da divulgação da estratégia de exigência do BIM nas licitações governamentais.

Para Talita Tormin Saito, Subsecretária de Desenvolvimento Produtivo, de Rede e Industrial do Ministério do Planejamento, muito já foi feito, mas ainda há bastante trabalho a ser realizado. De acordo com ela, os esforços estão sendo direcionados para sensibilizar os tomadores de decisão quanto aos benefícios da adoção do BIM, entre eles os ganhos expressivos em “produtividade na construção civil; economicidade nas compras públicas e maior transparência nos processos; confiabilidade no planejamento (cronograma e custos); redução de aditivos contratuais; redução de desperdícios e da pegada de carbono; maior rigor técnico; possibilidade de customização e redução de prazos de entrega”.

Considerando que a implementação da ferramenta é uma questão de tempo, é natural que surjam algumas dúvidas: quais as possibilidades do BIM e no que a ferramenta impacta no dia a dia de trabalho do engenheiro?

O que é o BIM

Por definição, o Building Information Modelling (BIM), ou Modelagem da Informação da Construção, é o conjunto de tecnologias e processos integrados que permite a criação, a utilização e a atualização de modelos digitais de uma construção, de modo colaborativo, de forma a servir a todos os participantes do empreendimento, potencialmente durante todo o ciclo de vida da construção.

De acordo com Marcus Sterzi, mestre em Engenharia Civil, professor da área e sócio da consultoria LD Consulting, a ferramenta representa uma mudança de paradigma de desenvolvimento de projeto ainda mais significativa do que a transição do desenho no papel para o AutoCad. “Na mudança do papel pro AutoCad tivemos um auxílio da tecnologia da informação, de computadores e softwares, para poder desenhar a mesma coisa em papel, só que no computador. Neste momento, a mudança do BIM é muito maior porque ela muda conceitos, muda cultura, muda a forma com o que as pessoas trabalham”, defende.

A vantagem do BIM é que, além de agilizar os processos, ele ainda estimula o trabalho colaborativo, já que permite a todos os profissionais envolvidos em um projeto ou obra que participem das etapas iniciais e agreguem valor em todo o desenvolvimento do trabalho. Um exemplo de como a tecnologia pode ser usada para instaurar práticas colaborativas é o modelo IPD (Integrated Project Delivery), que utiliza  princípios de Construção Enxuta (Lean Construction) e permite trocas entre equipes de projeto, construção, fornecedores e cliente, e utilização de modelos na plataforma BIM para auxiliar projetos e obras a terem melhores resultados de custo e prazo.

Além de incentivar o esforço em conjunto, o BIM ainda facilita muito o estudo de viabilidade de construções e empreendimentos. Entre os parâmetros que podem ser simulados na plataforma estão indicadores como custo, prazo, sistemas construtivos, logística, usos de uma edificação, fatores climáticos, entre outros. “Vários tipos de simulações podem ser feitos com o BIM, através de aplicativos, plug-ins e softwares que já estão disponíveis no mercado”, afirma Marcus, que destaca o recurso do VDC (Virtual Design Construction), uma simulação 3D que possibilita a construção virtual do projeto com informações mais confiáveis e consistentes.

BIM no dia a dia do engenheiro

Com as transformações impostas pelo BIM, muda também a rotina de trabalho dos profissionais envolvidos com o projeto, entre eles o engenheiro. “O engenheiro não deve esperar um problema ocorrer, ele tem que se antecipar aos problemas e saber usar a tecnologia ao seu favor”, orienta Marcus. Segundo ele, ao adotar o BIM, a primeira preocupação do engenheiro deve ser aprender a coordenar e gerenciar pessoas, a trabalhar com lotes de informações ou lotes de serviços menores e a realizar entregas mais rápidas.

Para cumprir esta tarefa, o engenheiro aconselha que os profissionais criem um método de trabalho e estudem alguns recursos da ferramenta, como o próprio VDC e o Clash Detection, um mecanismo que facilita a identificação de interferências nos projetos. Outra dica para a implementação do modelo é a utilização da Concurrent Engineering (Engenharia Simultânea), uma metodologia para o desenvolvimento de projeto integrado e simultâneo com a construção e com o uso da edificação. “Essa abordagem considera todos os elementos do ciclo de vida do produto, desde a concepção até o descarte, incluindo requisitos de qualidade, custo-meta, prazos e requisitos dos usuários de uma edificação”.

BIM no Brasil

Apesar das recentes iniciativas para difundir o uso do BIM nos projetos e construções no Brasil, Marcus Sterzi acredita que as instituições e profissionais brasileiros ainda estão utilizando os primórdios da ferramenta, como a modelagem de partes de uma obra e a aplicação de Clash Detection. “Poucas pessoas estão avançando para o nível de planejamento de obra, simulação e testes de qualidade ou simulação econômica de um empreendimento. Em geral, os profissionais ainda estão se familiarizando com essas ferramentas”, lamenta.

Para Marcus, entender o BIM como um todo é justamente a maior dificuldade da implementação do modelo. O engenheiro alerta, ainda, que não adianta implementar o BIM com uma visão tradicional de que o projeto vai ser resolvido todo no início. “É importante trazer informações das etapas de construção para desenvolvimento de um projeto, incluir os requisitos de qualidade da edificação, o custo-meta da edificação, os prazos e os requisitos dos clientes que vão usar a edificação, trabalhar de forma simultânea e levar esses requisitos para a construção de uma obra”, conclui, acrescentando, porém, que já estamos dando um significativo primeiro passo no caminho de obter grandes ganhos com a ferramenta.

 

Confira a entrevista que o Mapa da Obra fez com um dos maiores especialistas em BIM do Brasil:

https://www.youtube.com/watch?v=qiE9DaRtzE8

 

 

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