Publicado em 04/05/2016Parede de concreto reduz custo de obras com alta repetitividade
A concretagem das paredes é feita em fôrmas removíveis e reutilizáveis

Parede de concreto reduz custo de obras com alta repetitividade

Baseado no preenchimento de fôrmas com concreto autoadensável, o sistema construtivo também proporciona agilidade às edificações e reduz a geração de resíduos

O método construtivo parede de concreto ganha espaço na construção de empreendimentos de larga escala, pois proporciona baixo custo a projetos padronizados. No Brasil, é muito utilizado em edifícios residenciais e no Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV).

O sistema baseia-se na execução de paredes por meio de fôrmas removíveis e reutilizáveis. Como este é o material mais caro do sistema, quanto maior for a repetitividade entre os pavimentos do edifício ou do desenho arquitetônico, menor será o custo da obra, pois não será necessário providenciar diferentes modelos de fôrmas.

Além do baixo investimento, a parede de concreto também proporciona maior produtividade à obra. “A execução é mais rápida do que o sistema convencional, pois as fôrmas são fáceis de montar, e a aplicação do concreto autoadensável (CAA) garante alta qualidade de acabamento e baixo nível de retrabalho”, explica Luiz de Brito Prado Vieira, consultor especialista de P&D e Qualidade da Votorantim Cimentos. Outra vantagem é a baixa geração de resíduos no canteiro. “A obra não requer cortes e tantas outras manipulações que geram entulhos”, justifica Vieira.

Execução da parede de concreto

A execução de edifícios por meio do sistema de parede consiste na montagem das fôrmas; colocação da rede hidráulica, elétrica, esquadrias e armaduras; e concretagem das estruturas. A sequência deve ser elaborada em projeto e executada conforme as orientações do documento. É importante que o piso da laje de apoio esteja nivelado, garantindo igualdade de níveis entre as fôrmas.

Embora seja comum a disposição das instalações hidráulicas e elétricas nas fôrmas, também é possível concretar as paredes sem realizar tais colocações. Nesse caso, o ideal é que o projeto arquitetônico adote soluções aparentes para passagem de dutos e conduítes, evitando quebras no concreto.

Segundo Vieira, é necessária mão de obra especializada para execução da parede de concreto. Sem esse apoio, detalhes como encaixe de peças das fôrmas podem não ser cumpridos, o que fará com que os conduítes “subam” junto com o concreto no momento da concretagem. A NBR 16055 é a norma que estabelece os requisitos e procedimentos para execução in loco da parede de concreto com fôrmas removíveis.

Por envolver diferentes equipes no processo, integração torna-se palavra de ordem para um projeto bem-sucedido. “Não adianta ter um bom fornecedor de fôrma e uma boa concreteira se os dois não se falarem. É preciso compatibilizar o projeto aos detalhes executivos e à qualidade requerida do concreto, pois é isso que irá fazer a obra funcionar de modo eficiente, garantindo um produto final de alta qualidade”, destaca o consultor.

Concreto autodensável

Principal componente do sistema, o concreto autoadensável (CCA) é o mais adequado para a execução das paredes. “O material vai entrar em uma fôrma esbelta e repleta de restrições, como a própria armação da parede, conduítes e elementos que fixam a fôrma. Então, o concreto precisa ser autoadensável para evitar patologias”, indica Vieira.

O CAA dispensa a necessidade de vibração após o lançamento, pois conta com recursos como aditivos e agregados otimizados com curva granulométrica contínua que garantem alta trabalhabilidade, sem perda de coesão. “Isso facilita sua aplicação ao mesmo tempo em que evita problemas de acabamento”, aponta o consultor. A fluidez desse concreto imprime maior velocidade à construção, pois ele se autonivela, agilizando a concretagem. “O tempo de aplicação costuma ser bem mais rápido. Normalmente, a mesma peça é executada em metade do tempo gasto com concreto convencional”, compara Vieira.

Em relação ao acabamento, o CAA é menos propício ao surgimento de manchas que, no concreto convencional, aparecem devido a uma maior tendência à segregação dos componentes. “Entretanto, é preciso tomar alguns cuidados na interface da fôrma e do concreto, sendo que a limpeza e o uso de desmoldante são fundamentais para que o equipamento não manche o concreto”, ressalta o consultor.

“Frente ao custo unitário, o CAA pode ser de 15 a 40% mais caro em relação ao concreto convencional. Mas os ganhos de produtividade e de qualidade normalmente compensam seu uso em paredes de concreto”, afirma Vieira. A NBR 15823-1 oferece os requisitos para classificação, controle e aceitação do CAA no estado fresco, assim como os limites para as classes de autoadensibilidade e ensaios para verificação das propriedades.

Leia também: Entenda a diferença entre pré-moldado e pré-fabricado de concreto

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