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Publicado por Carla Rocha em 01/08/2019Descubra o Projeto Sirius: um dos mais relevantes laboratórios para a ciência no Brasil
Obra enfrentou enormes desafios em termos de estruturaCréditos: Divulgação: Projeto Sirius

Descubra o Projeto Sirius: um dos mais relevantes laboratórios para a ciência no Brasil

Obra contou com extenso estudo para definição de projetos estruturais

Por Carla Rocha

A Luz Sincroton é uma espécie de radiação muito brilhante, gerada a partir da aceleração de partículas de elétrons, que pode atravessar diversos tipos de materiais e revelar suas propriedades estruturais e químicas, como uma espécie de microscópio. E para se tornar uma das primeiras fontes de luz sincroton de 4ª geração do mundo que foi criado o Projeto Sirius.

O Projeto Sirius se trata de uma obra complexa de infraestrutura científica, que foi planejada para colocar o Brasil na liderança mundial da produção de luz sincroton, sendo o mais brilhante dentro todos os equipamentos da mesma classe de energia. Ele está implantado no terreno do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que foi a primeira instituição científica no Brasil e uma das poucas do país a ser administrada por uma Organização Social (OS) – entidade privada sem fins lucrativos e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação (MCTIC), que agora possuem uma nova aliada no desenvolvimento da pesquisa no Brasil.

Em 2013, foi feita a aquisição de uma área de 150.000 m² dentro do Polo II de Alta Tecnologia de Campinas, quando também deu-se início à terraplanagem do terreno onde seriam as instalações do laboratório. Em 2014, foi finalmente assinado o contrato com a Racional Engenharia, construtora responsável pela obra, e feito o lançamento da pedra fundamental.

O Brasil já possui um equipamento de luz sincrotron em operação, porém o diferencial do Sirius é que a luz produzida por ele será 1 bilhão de vezes maior do que a obtida no Laboratório Nacional de Luz Sincrotron (LNLS), que fica localizado também em Campinas e opera há mais de 30 anos. O equipamento de grande porte é utilizado para produzir luz de amplo espectro (ultravioleta, infravermelho e raio X), o que permitirá o estudo da matéria em suas mais variadas formas e, consequentemente, o progresso em vários setores como saúde, alimentação, meio ambiente, energia e outras áreas que carecem de novas soluções tecnológicas. Isso que será possível por meio do desenvolvimento de melhores fármacos, materiais mais leves e resistentes, novas fontes de energia renováveis com equipamentos de iluminação cada vez mais eficientes e menos poluentes para o meio ambiente, entre outras melhorias nos mais variados setores.

 

Projeto Sirius: Execução do projeto e concretagem

Com exceção do LINAC – ou “acelerador linear” – que é de fabricação chinesa, todos os componentes utilizados na execução do equipamento foram produzidos nacionalmente. Uma das grandes particularidades do projeto é que ele não pode conter juntas de dilatação nas estruturas, para evitar fugas e erros nas medições das partículas. Por isso, a estrutura do concreto precisa seguir alguns detalhes.

Para executar esse projeto foi preciso desenhar uma edificação circular com sistema reticulado onde foram utilizados produtos diferenciados, como o cimento. As equipes de engenharia, arquitetura e projeto enfrentaram desafios imensos. Primeiro foi concedida uma autorização para toda a equipe de engenharia de estruturas, de arquitetura e de instalações para visitar vários aceleradores de partículas em vários países para conhecer diferentes plantas e entender o funcionamento delas. “Saímos do Brasil em maio de 2013 para passar 15 dias estudando projetos na Alemanha, Noruega, Suécia”, destaca Julio Timerman, sócio diretor na Engeti Consultoria e diretor-presidente no Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon). “Foi um projeto fantástico, uma obra que não existe no Brasil, no qual o grande desafio foi atender os requisitos de desempenho de estruturas como, por exemplo, não ter juntas de dilatação para evitar fissuras”, destaca.

Para fazer a concretagem foi utilizado concreto desenvolvido pelo pessoal de tecnologia de concreto. No anel/piso foi utilizado um concreto convencional com aditivos para controle de deformação e concreto com brita zero, que foi feito em faixas; depois foi utilizado um concreto especial (fluido) para evitar retração e também foi feita a proteção de armaduras galvanizadas para evitar a degradação. O custo total do projeto foi de R$ 1,8 bilhões e o edifício principal conta com 69.000m² de área construída, dividida em quatro níveis em uma edificação circular com sistema articulado, composto por pilares e vigas, projetadas com concreto armado moldado “in loco” devido aos problemas com vibração do terreno.

Na fundação foram utilizadas 1.000 estacas hélice contínuas a cada 2m com espaço para passagem de elétrons. Foi utilizado um volume de concreto especial com 30 MPa no túnel de blindagem, refrigerado e reforçado com macro fibras (22.000 m³) e o cimento tipo CP III 40 RS produzido na fábrica de Santa Helena da Votorantim Cimentos.

Ainda, de acordo com Julio Timerman da Engeti, foram testadas várias opções e em praticamente todas ocorreram fissuras, pois essa é a natureza do concreto. “A melhor solução foi utilizar uma metodologia similar a que é usada na Suécia, ou seja, concretamos esse anel e deixamos cerca de um metro sem concretar para se processarem todas as perdas por retração e por deformação lenta”, explica o engenheiro e diretor-presidente do Ibracon. “Então, nós preenchemos a faixa de um metro com concreto especial para evitar a retração e depois protendemos radialmente à estrutura”, complementa. Foram alocadas 15 pessoas fulltime para o desenvolvimento do projeto no escritório e, hoje, com a obra completamente finalizada (a parte estrutural), a estabilidade/qualidade dela está comprovada.

O novo estabelecimento de um dos mais relevantes laboratórios para a ciência no Brasil comprova a competência da engenharia civil nacional para superar os desafios e desenvolver obras de referência mundial em inovação e tecnologia. “Então todos estão de parabéns, desde os profissionais do CNPEM até os projetistas, engenheiros e todos os profissionais envolvidos no projeto”, destaca Julio. Conheça neste vídeo quais são as novas possibilidades que o Sirius promoverá para a ciência brasileira e os diferentes usos da tecnologia de luz síncrotron:

 

 

Dados

Proprietário: CNPEM- Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação (MCTIC);

Tamanho: 69.000 m²;

Orçamento: 1,8 bilhão de reais até 2020;

Inauguração: 14 de novembro de 2018.

 

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