O conforto térmico vem tendo, cada vez mais, destaque na hora de se projetar ou reformar edificações. A preocupação com a eficiência energética e com o bem-estar dos usuários está crescendo. Por exemplo, as fachadas e as paredes têm atuação importante no isolamento e asseguram a inércia térmica. Podemos pensar que quanto maior for a massa dos materiais que compõem uma parede, mais isolante ela será porque o calor levará mais tempo para chegar ao interior de uma residência que tenha paredes com maior espessura.

De acordo com Larissa Ferrer Branco, professora de Engenharia Civil da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, com relação aos materiais que influenciam diretamente no conforto térmico das residências, as mantas térmicas são materiais bastante utilizadas em paredes para promover isolamento térmico. “Já as coberturas das residências exigem atenção especial. São elas que protegem contra a incidência de radiação solar e, portanto, buscar soluções de isolamento térmico nos telhados é essencial”, ressalta. 

Em telhados é indicado que se utilize telhas cerâmicas e cerca de 5 cm de material isolante térmico abaixo do telhado ou sobre o forro, que pode ser lã de vidro ou lã de rocha. “Existem também telhas metálicas que já possuem um isolante térmico na composição de suas camadas, são chamadas de telhas sanduíche”, complementa.

Uma solução simples é pintar a superfície externa dos telhados com cores bem claras ou escolher telhas brancas ou claras que também refletem a luz solar. “Eu gosto muito de uma solução bastante popular pelos arquitetos que é o telhado verde”, ressalta. É como um jardim sob a cobertura, uma cobertura vegetal com gramas e outras plantas que tem uma capacidade isolante bem alta, além de absorver a radiação, é drenante e absorve água da chuva. 

Os telhados verdes também agregam valor estético à residência, aumentam a área verde e ajudam a reduzir as ilhas de calor em centros urbanos. “Só que eles precisam de manutenção e por se tratar de um projeto complexo, pode acontecer do investimento ainda ser um pouco alto”, complementa. Pode-se também optar por materiais com faces aluminizadas que, dispostos sob o telhado, refletem a radiação funcionando assim como barreiras e emitindo pouca radiação para dentro da residência.

Pontos de atenção para garantir o conforto térmico

O conforto térmico deve ser exigência em regiões de climas quentes e em climas frios também. Por isso, é essencial conhecer o clima da região onde se irá projetar e se pensar na implantação da residência, em como ela estará localizada no terreno e sua relação com a orientação solar. Nessa fase projetual é de extrema importância que todos os ambientes sejam organizados de modo a considerar os ambientes que precisam de mais ou menos incidência solar.

Ainda segundo a docente, a orientação solar será condicionante na disposição dos espaços, como a localização dos quartos para que absorvam melhor a luz da manhã e os espaços com menos permanência ou maior necessidade, como lavanderia e cozinha, para absorverem melhor o sol da tarde, que é mais forte. “Um ponto de atenção é a orientação das aberturas da edificação, pois as janelas podem, por exemplo, garantir ganho de calor em regiões mais frias”, destaca. 

Pode-se também localizá-las em paredes opostas, proporcionando a ventilação cruzada ou ainda, como a tendência do ar quente é subir, pode-se abrir aberturas nas partes inferiores das paredes para entrada de ar mais frio. Outro destaque especial deve também ser dado ao uso de vidros em coberturas. “Essa opção, mesmo conferindo leveza e modernidade à construção, exige cautela pois pode causar desconfortos térmicos, gerar um ambiente quente, devido a incidência direta da radiação solar”, aconselha.

Normas que orientam com relação ao conforto térmico

“Vou citar a Norma de Desempenho ABNT NBR 15575, publicada em 2013, que traz para o desenvolvimento dos empreendimentos residenciais preocupações com a expectativa de vida útil, o desempenho, a eficiência, a sustentabilidade e a manutenção”, aponta. É uma Norma bastante ampla e, ao apontar, por exemplo, desempenhos térmico e acústico mínimos, pode-se dizer que induz a necessidade de se buscar um maior detalhamento e cuidado na escolha dos materiais e técnicas nos projetos. 

A norma insere o fator qualidade à edificação e traz como um dos requisitos dos usuários de uma edificação, o desempenho térmico. Ela também exige parâmetros de desempenho térmico para edificações residenciais e exige que sejam realizados testes, que podem ser feitos em modelos virtuais, com simulação computacional, para atender aos requisitos definidos.

Confira também a matéria especial sobre concepção do projeto estrutural: https://www.mapadaobra.com.br/inovacao/projeto-estrutural-2021/

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