Publicado por Carla Rocha em 22/08/2021Crise hídrica: desafios e soluções na área de recursos hídricos
Além da falta de água e também do aumento na conta de luz com um grande risco de apagão, a seca preocupa também por conta dos impactos na economia.Créditos: Shutterstock

Crise hídrica: desafios e soluções na área de recursos hídricos

É preciso encontrar formas de gerar eficiência energética em todos os setores

O Brasil está vivendo, o que os especialistas avaliam como a pior seca dos últimos 91 anos. Pela primeira vez na história, o comitê de órgãos do Governo Federal emitiu um alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro. De acordo com a Sabesp, concessionária de água de São Paulo, a demanda de água é menor do que em 2014 na região metropolitana. Além da falta de água e também do aumento na conta de luz com um grande risco de apagão, a seca preocupa também por conta dos impactos significativos na economia brasileira e buscar soluções é o papel de entidades e pesquisadores.

De acordo com a biológa Ana Luiza Fávaro, durante o BW Talks Água: Do saneamento à energia, realizado no dia 15 de julho pelo Movimento BW, iniciativa daAssociação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), os desafios apresentados na área de recursos hídricos podem ser superados se houver uma maior conscientização do governo, da iniciativa privada e das pessoas. Para a CEO da Acqua Expert e curadora do Núcleo Conservação de Recursos Hídricos da BW Digital, o problema não só é grave e urgente, mas também, subestimado. “A água que bebemos hoje é a mesma bebida pelos dinossauros há milhares de anos atrás. Porém, a escassez de água tratada pode resultar em casos extremos à morte. Atualmente, nossos rios se tornaram verdadeiros esgotos e para realizar o tratamento dessa água poluída é necessário utilizar várias tecnologias extremamente avançadas”, ponderou.

Ana Luiza citou um caso da Natura para discorrer sobre iniciativas focadas em conservar os recursos hídricos, a empresa utiliza a tecnologia MBR – união do sistema de convencional de lodos ativados com uma membrana que impede a passagem de vírus e bactérias – para realizar o tratamento de seus efluentes. Com a utilização desse processo, o resultado obtido é um efluente com qualidade, que pode ser reutilizado na própria indústria. Já para o engenheiro químico José Eduardo Wanderley de Albuquerque Cavalcanti, fundador da Ecopam Engenheiros Consultores, uma das causas desse atraso é que o Brasil utiliza o mesmo procedimento para tratamento da água de 150 anos atrás, o que impossibilita tratar rios altamente poluídos para se obter um recurso potável. Contudo, existem tecnologias no mercado global para transformar a água com o maior número de poluentes em ultrapura. “No entanto, o maior problema está diretamente ligado ao custo”, ressaltou. Por isso, uma saída encontrada pela esfera pública em São Paulo, por exemplo, é fazer uma sondagem para buscar mananciais em locais distantes. “O valor gasto é bem menor”, pontuou.

É preciso encontrar formas de gerar eficiência energética em todos os setores, tanto na construção civil, como nos demais. O setor sucroalcooleiro paulista é um exemplo na redução do consumo de água. “Há cerca de 20 anos, as usinas utilizam 25 metros cúbicos de água por tonelada de cana. Atualmente, é aplicado menos de 1 metro cúbico por tonelada de cana. Essa economia foi possível graças a mudanças e melhorias no próprio processo produtivo. A colheita mecanizada possibilitou que o produto tivesse menos terra, eliminando, dessa forma, a etapa da lavagem”, explicou Cavalcanti, que acrescentou ainda, que a cana possui 60% de água, que pode ser reutilizada pela indústria para produção de vapor que se transforma em energia. Ainda segundo o especialista, por questões relacionadas a competitividade, muitas empresas estão mudando processos produtivos considerados bem obsoletos, a fim de utilizar menos insumos e água.

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