Publicado por Carla Rocha em 15/05/2020Varejo de materiais de construção: como a Covid-19 afeta o setor
Empresários das lojas de materiais de construção precisam buscar novas oportunidades para se reinventar neste período de pandemia.Créditos: Shutterstock

Varejo de materiais de construção: como a Covid-19 afeta o setor

Isolamento social devido à quarentena exige transformação no varejo de materiais

A Covid-19 está transformando de várias formas o cuidado com a saúde e também a gestão dos negócios. A pandemia que atingiu o Brasil, tornou o isolamento social uma necessidade primordial para evitar o colapso do atendimento da saúde. Os varejistas de materiais de construção, mesmo com a autorização para abrir as portas, estão sentindo o impacto da quarentena e da baixa confiança do consumidor neste momento.

Para diminuir o prejuízo da queda das vendas, o varejo de materiais de construção está buscando soluções, como o e-commerce e o atendimento por meio das redes sociais. No entanto, tal prática ainda não era uma realidade para a maioria das lojas de materiais, pequenas e conhecidas como “lojas de bairro”, cujo contato presencial com o público e o atendimento próximo sempre foi uma das fortalezas. “O varejo depende muito da frequência das pessoas nas lojas. Não se compra muito material de construção por e-commerce, também não se compra muito pela internet, até porque as reformas estão paradas e quem não começou, postergou. As vendas pararam porque as pessoas começaram a ter problemas para receber profissionais nas residências e os condomínios começaram a proibir prestadores de serviços”, explica Waldir Abreu, superintendente da ANAMACO.

 

Como vender materiais em tempos de pandemia?

O varejo de materiais de construção, que apresentou um bom resultado em 2019 sendo um dos setores que mais impulsionou o crescimento da construção civil, depende muito da expectativa das pessoas. Em uma situação de pandemia e perda de empregos, é comum que o investimento em novas obras e reformas seja adiado, tendo em vista que necessita de compra de materiais e contratação de profissionais.
No entanto, ainda há mercado, principalmente, para as reformas básicas e pequenos reparos, e para se destacar, as lojas precisam estar preparadas e garantir o melhor atendimento e conforto para os seus clientes. Confira algumas dicas para atender seus clientes neste período:

  1. Garanta um ambiente seguro para seus funcionários e para seus clientes: caso abra as portas, não se esqueça do ponto mais importante que é cuidar da saúde de todos ao redor. O álcool em gel deve ser disponível para todos e estar em locais acessíveis. Além disso, o uso de máscaras é muito relevante e aconselhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS);
  2. Se mostre parceiro do seu cliente: a preservação dos relacionamentos e ajuda mútua devem estar presentes neste momento. Busque auxiliar seus clientes em suas necessidades relacionadas às obras. Faça contato em meios online, como o WhatsApp, para saber como eles estão e dar dicas de prevenção. 
  3. Analise seu estoque e faça promoções: existem materiais que você pode colocar em promoção? Seu estoque está parado? Pense em alternativas para realizar promoções e movimentar seu fluxo de caixa, mesmo que a margem de lucro seja mais baixa do que a esperada. “O empresário é muito criativo, ele está fazendo delivery, venda por telefone, contato com sua base de cliente, analisando obras ao redor dele, tudo para se manter o mais ativo possível. É importante lembrar que pessoas que ficam em casa queimam lâmpadas, aparelhos domésticos, canos que estouram”, comenta o representante da Anamaco. 

A linha do tempo da pandemia no varejo de materiais:

Dia 16 de março: havia a indefinição de se as lojas de materiais de construção fechariam ou não, por conta da declaração da quarentena em quase todo o país. Na mesma semana, as lojas tiveram que fechar as portas por não serem consideradas serviços essenciais.

Dia 20 de março: entidades como a ANAMACO e o Sincomavi-SP se movimentaram para mudar esse cenário e enviaram uma carta ao Governo, solicitando que as lojas de materiais de construção fossem consideradas serviços essenciais.

Na mesma semana: “Nós conseguimos argumentar com o Governo que as lojas poderiam ser abertas ou se manter operacionalmente funcionando, que nós daríamos apoio as atividades de construção em hospitais, além de que nosso varejo tem uma vasta gama de materiais de limpeza. Naquela semana, nós conseguimos encaixar as lojas como atividades essenciais, tanto com o Governo Estadual quanto Federal. E as obras de infraestrutura e outras obras que não podiam ser paradas por problemas de contrato”, conta Waldir, da ANAMACO.

 

Perspectivas das entidades

De acordo com o superintendente da ANAMACO, no mês de março esse isolamento social impactou em 40% as vendas. “Em abril, a coisa é mais complicada. Embora as lojas estejam se mantendo operacionais, o volume de vendas é só de manutenção e pequenos reparos. Então, muitas lojas estão fechando para economizar os custos operacionais. A queda de vendas deve ser maior do que 50%”, acredita Abreu. 

“A expectativa otimista é que dentro de seis meses a situação comece a se regularizar. Muitas empresas nesse espaço de tempo serão obrigadas a fechar as portas definitivamente por dívidas, falta de capital de giro e de crédito. O governo estadual ainda não sinalizou com nenhum auxílio às empresas paulistas e o federal não conseguirá atender toda a demanda”, acredita o Reinaldo Pedro Correa, presidente do Sincomavi.

É preciso lembrar que o empresário, neste momento, precisa efetivamente ser mais proativo na busca por oportunidade de negócios. “Há sempre cadastros mal realizados no varejo, e nesse momento é hora de lembrar que, muitas vezes, ele não tem as informações de cliente. É importante ele olhar pra base da loja e arrumar isso, arrumar o sistema de gestão, disponibilidade de produtos, verificar estoque e itens que estão parados, fazer trocas entre varejistas e ajustar a sua capacidade de atendimento sem correr risco de aumentar custos dentro da loja”, orienta. 

Em 2019, de acordo com dados da entidade, o crescimento do varejo de materiais de construção foi de 4% sobre os resultados de 2018. No início de 2020, a previsão era de 8% de crescimento comparado a 2019. “É cedo para dizer ainda quais serão os resultados. Como sempre, o segundo semestre é melhor para o setor da construção, ainda existe a perspectiva para a melhora do varejo em julho, agosto, setembro e outubro. A gente espera fechar o ano em 1% ou 0%. Queremos acreditar que não será um resultado menor do que 2019”, finaliza Abreu.

 

Confira neste infográfico alguns passos para enfrentar essa pandemia na sua loja de materiais de construção: [Como manter a sua loja em funcionamento durante a quarentena]

 

 

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