O revestimento em fachada deve ser realizado de forma muito cuidadosa para evitar fissuras ou deformações. No caso da cerâmica, por exemplo, muito utilizada como revestimento interno ou externo, o destaque está em sua capacidade térmica e de impermeabilidade. Porém, são necessários alguns cuidados específicos, principalmente, em sua aplicação, que é realizada em algumas etapas.

A primeira delas é o chapisco, que é a camada mais grossa que prepara a parede para receber as camadas seguintes; depois é a hora de realizar o emboço, fase intermediária e responsável por deixar a parede aplanada; já a etapa final, que é o reboco, feito com argamassa, é responsável por deixar a superfície lisa e nivelada para receber o acabamento final.

Devido à falta de capacitação e estudos técnicos sobre o tema, com o passar dos anos, o revestimento, principalmente o de fachada, passou a ser uma das grandes preocupações das construtoras por causarem boa parte das patologias e deformações apresentadas em edifícios quando feitos de forma errada.

Entre os cuidados necessários para evitar problemas de deformações está a necessidade de deixar um espaço adequado entre as peças porque, no caso da cerâmica, ela expande. De acordo com o professor de engenharia civil da Universidade Prebisteriana Mackenzie, Renato Sahade, “quando a peça cresce porque toda peça cerâmica expande, ocorre a deformação da estrutura e da alvenaria, então, se você não tiver o espaço adequado uma peça vai encostar uma na outra e acontece o encavalamento porque elas sofrem uma tensão chamada tensão de tração porque ela quer crescer e não consegue”, explica.

Cuidados na aplicação

Para que o assentamento seja realizado de maneira segura, é preciso tomar alguns cuidados, pois dependendo do tipo, e tamanho, de cerâmica é preciso que ela tenha dupla colagem. Também é preciso tomar cuidado em não  estender demais a argamassa colante porque ela tem o tempo em aberto dela que é controlado através do próprio toque.

Normalmente, para fachada, a norma considera que acima de 900 cm² a dupla colagem se faz necessária ou o uso de cerâmicas com ancoragem mecânica conhecidas como rabo de andorinha no verso da peça, de acordo com o docente da Mackenzie.

Outro detalhe importante apontado por Sahade, é que na hora que é feito o assentamento é preciso limpar esse espaço entre as placas para que não ocorra a secagem e interfira na etapa seguinte de aplicação do rejunte. Para a aplicação da argamassa de rejunte, a distância entre as peças também precisa ser calculada na espessura correta.

Normas e especificações

A NM 137:1997 – Argamassa e concreto – Água para amassamento e cura de argamassa e concreto de cimento Portland, define que a camada de “emboço” para revestimentos externos deve ter entre 20 e 30 mm de espessura. Já a NBR 13755-2017 – Projeto e Execução de Revestimentos Cerâmicos de Fachadas e Paredes Externas com a Utilização de Argamassa Colante, que foi aprovada no final do ano passado e entrou em vigor esse ano, define as especificações do revestimento cerâmico. Ela é um manual para projetos de revestimento seja argamassado, ou seja, cerâmico.

As recomendações do professor de engenharia da Mackenzie são que se observe a localização da edificação. Como o Brasil é um país muito grande, de forma geográfica, é comum se deparar com as mais variadas situações de exposição. “Nós não teremos o mesmo material trabalhando de forma igual em todas as regiões do Brasil. Então, a primeira coisa é observar a localização”, ressalta.

Em seguida, é preciso analisar a situação de exposição: se ela é uma fachada exposta à chuva ou sol, se é um prédio que está em  meio a outros prédios, tudo isso vai mudar a concepção e durabilidade (vida útil) dessa fachada.

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