Publicado por Carla Rocha em 20/08/2020Fundações: entenda as diferenças entre as principais delas
A ausência e/ou falha de sondagem impacta diretamente no planejamento da execução das fundações.Créditos: Shutterstock

Fundações: entenda as diferenças entre as principais delas

É importante reforçar a necessidade de acompanhamento técnico executivo por um profissional

Antes de realizar o projeto de execução de uma edificação é muito importante atentar-se para a escolha do tipo de fundação. Para isso, primeiramente, é preciso saber quais serão os esforços sobre a edificação, as características do solo e dos elementos que formam as fundações.

O concreto é um dos insumos básicos mais utilizados para executar uma fundação, seja ela profunda ou rasa. Além das fundações, podemos citar também os pilares, lajes e vigas, que necessitam do concreto (que pode ser usinado ou virado em obra) para serem aplicadas juntamente com o aço para garantir uma estrutura firme e duradoura.

De acordo com a professora Larissa Regina Gonçalves J. de Oliveira, coordenadora do curso de Engenharia Civil da Uninove, a capacidade de cargas das estacas é dada pelo somatório de sua resistência lateral (atrito com o solo ao longo de seu comprimento através de sua área lateral) e resistência de ponta (carga que é transmitida ao solo somente pela “base”, ou ponta). Os elementos de uma fundação profunda, como estacas hélice contínua monitorada, pré-moldadas, metálicas, franki e Strauss apresentam algumas peculiaridades e devem ser executados inteiramente por equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua execução, haja descida de pessoas.

Agora, analisando as fundações rasas (diretas), que são mais utilizadas na concepção de casas e sobrados, é comum também encontrar problemas de execução identificados apenas no futuro como patologias pela falta e/ou ineficiência de impermeabilização, pois se deve prever a presença e percolação de água do solo que fica em contato direto com a fundação. Essas patologias normalmente são identificadas só quando esta umidade já chega às alvenarias dos andares inferiores.

Confira abaixo os principais tipos de estaca para cada tipo de fundação:

Estacas Franki: esse tipo de estaca pode ser executada com formas perdidas ou recuperadas, porém, é um processo dispendioso; como todas as demais estacas moldadas no local, atinge-se o comprimento desejado, assim, pode-se chegar a profundidades maiores.

Estacas Strauss: as estacas do tipo strauss são aquelas moldadas “in loco” através de um processo relativamente simples, porém, com baixa produtividade. Ela é indicada para casos em que a fundação deve ser profunda (até 20 metros) e também pode ser aplicada em locais com presença de água.

Estacas metálicas: é um elemento estrutural produzido industrialmente, a utilização de estacas de aço ocorre mais quando é constatada a existência de pedras, o que impossibilitaria a cravação de estacas de madeira ou concreto.

Hélice contínua monitorada: esse é um tipo de estaca moldada in loco e executada através de um equipamento específico com um trado helicoidal contínuo, o mesmo retira o solo conforme é realizada a escavação, e ao mesmo tempo em que o concreto é injetado, com a haste central desse mesmo trado.

Estaca pré-moldada de concreto: as estacas pré-moldadas podem ser de concreto armado ou protendido, vibrado ou centrifugado, com qualquer forma geométrica da seção transversal, que deve apresentar um tipo de resistência compatível com os esforços definidos em projeto bem como especificidades decorrentes do manuseio, transporte, cravação, além de eventual agressividade do solo. 

 

Principais dificuldades e desafios de execução

A ausência e /ou falha de sondagem impacta diretamente no planejamento da execução das fundações, e não apenas desta etapa executiva tão importante, mas acaba por interferir em todas as demais subsequentes a esta. A sondagem é necessária para identificar, principalmente, qual o tipo de solo existente naquele local, se há rochas ou pedras mais difíceis de serem perfuradas, por exemplo, ou se o solo é arenoso e, no entanto, será necessário aumentar a profundidade daquelas estacas.


Caso essa sondagem não seja feita, o que comumente acontece é que decisões têm de ser tomadas já em meados da execução mediante a ausência de planejamento prévio, acabando por também onerar a obra, seja pelos materiais e pela execução em si ou quer seja pelas alterações de cronograma da obra como um todo.
Em situações mais extremas, as fundações são dimensionadas de forma incorreta e, por conseguinte, executadas de forma equivocada em relação ao que deveria ser o mínimo compreendido ao escopo da obra e preconizado pelas normatizações técnicas. “Essa questão, normalmente, só se torna evidente após a entrega e finalização da obra, já com usuários utilizando a mesma, resultando em patologias construtivas importantes e que impactam não apenas na questão financeira mas também, eventualmente, causando condição de risco à vida”, ressalta.

Confira abaixo as principais normas e regulamentações 

Uma das principais normas que regulamenta e preconiza o processo de fundações em termos executivos e também de cálculo (projeto de fundações) é a NBR 6122 – Projeto e Execução de Fundações.  É de fundamental importância que a sondagem do terreno para identificação do tipo de solo e nível d’água tenha sido realizada previamente e, também, como normalização pertinente ao processo de geotecnia em si, não se pode deixar de citar a norma NBR 6484 – Solo – Sondagens de simples reconhecimentos com SPT – Método de ensaio.​ “Além das normas citadas acima, existem ainda as associações de empresas privadas que possuem um acervo técnico interessante no que tange a detalhes executivos, estudos de caso e afins”, orienta a coordenadora.


Na área de fundações e geotecnia cita-se a Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e Geotecnia (Abef) como um dos destaques neste aspecto. Ainda de acordo com Larissa, é muito importante reforçar a necessidade de acompanhamento técnico executivo por um profissional competente e que este faça uso como balizador de um projeto também delineado por pessoa com expertise técnica no assunto. Estes devem estar se comprometendo tecnicamente, juridicamente e publicamente, tanto em relação ao projeto quanto à execução mediante as Anotações de Responsabilidade Técnica (ART’s),  uma para cada situação distinta quanto ao escopo de responsabilidade técnica”, destaca.

 

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