Publicado em 10/03/2015O novo arquiteto

O novo arquiteto

O arquiteto recém-formado deve se destacar da geração “Y”; em projeto, sucesso não é imediato

Danniel Prisco, 26, é um jovem arquiteto projetista. Ele começou a graduação em arquitetura e urbanismo e, depois de alguns semestres concluídos, largou o curso para estudar design de interiores.

Foi preciso ver a conclusão do segundo curso para entender o quanto tinha afinidade com o primeiro, e quão importante ele era para sua formação profissional.

O Mapa da Obra conversou com Danniel, para traçar um perfil do novo profissional de arquitetura – mais completo e capaz de explorar suas capacidades, e melhor atender seus clientes.

Confira a entrevista com o jovem arquiteto:

 

Quem é o novo arquiteto recém-formado?
O novo arquiteto, em minha opinião, tem experiência com atividades prévias variadas, em diferentes níveis de atuação e conhecimento.  Ele quer achar o lugar ideal para ser arquiteto – mesmo que isso não aconteça de imediato, logo que conclui sua formação. A ideia é achar um local de trabalho onde ele encontre prazer em trabalhar, mesmo considerando todas as frustrações e dificuldades inerentes à prática profissional.

As frustrações não atrapalham o desenvolvimento do novo profissional? De forma geral, recrutadores tendem a reclamar que a geração “Y” é imediatista, quer pular etapas e colher frutos antes do tempo certo…
Não vejo o arquiteto desta forma. Ele se prepara para as frustrações que são inerentes ao próprio processo de descoberta desse lugar onde se encontrará. A tarefa de arquitetar é incrível, e reflete isso; se torna uma jornada surpreendente com novidades que aparecem todo momento. É um aprendizado evolutivo, o que mantém nosso interesse no processo. E este interesse engloba novas tecnologias, práticas sustentáveis, tudo que, de certo modo, eleve sua maneira de conduzir a prática do projeto alinhado às mudanças e tendências globais.

Quais são as qualidades, características de um arquiteto, para você?
Em suma, um arquiteto precisa ser uma pessoa atenta, cuidadosa e paciente. Essa tríade forma a base forte do seu trabalho. A concentração que requer não nos deixa perder o foco; é preciso muito cuidado para minimizar erros, e a paciência para suportar eventos não planejados nos auxilia a contorná-los.

Você começou o curso de arquitetura, largou para fazer design de interiores, e depois voltou para terminar a arquitetura. Por que? Fazer os dois cursos, hoje, é uma necessidade para que novos profissionais consigam estar inseridos no mercado de trabalho? O arquiteto é mais decorador do que arquiteto?
De forma geral, quem cursa arquitetura já é apaixonado pela tarefa, mas comigo foi diferente. Eu tinha dúvidas; não sabia se havia escolhido o curso certo. Há uma linha tênue diferenciando design de interiores da arquitetura, assim como há também pontos em que ambos os cursos se encontram – era onde a dúvida me perseguia. Quando tomei coragem, decidi me voltar para interiores, e não me arrependo nem um pouco disso. Essa atitude me proporcionou um novo modo de enxergar a profissão. Foi um amadurecimento. Foi assim que percebi que podia aliar as duas coisas e, depois de terminar o curso de design, decidi retornar à jornada na arquitetura.

O mercado de reformas pede que arquitetos sejam mais paginadores de espaços internos do que arquitetos propriamente?
Na minha visão, o mercado ainda divide as duas coisas. Ainda tem muito arquiteto contratado só para projetar. Mas acredito sim que haja uma tendência a valorizar muito a decoração dos ambientes. Os clientes buscam profissionais que dominem não só o projeto de arquitetura, mas que concluam a especificação de materiais, revestimentos, e sua harmonização com cores e objetos de design em todos os ambientes da casa. O consumidor está mais exigente, então não surpreende que ele espere e cobre mais dos nossos serviços. O novo arquiteto tem de estar preparado para oferecer aquilo que o cliente espera.

A difusão de grandes empreendimentos imobiliários tolhe o trabalho criativo do arquiteto puro – que acaba virando um reprodutor de soluções comerciais?
Não acho. Há grande demanda pelo trabalho do arquiteto no setor imobiliário, e há espaço tanto para o profissional original quanto para os que pegam carona na onda de reprodução de soluções comerciais. Arquitetos de carreira longa e sólida não se deixam levar por esse caminho. E acho que o novo arquiteto que se associa a eles têm maiores chances de mostrar ao mercado seu verdadeiro potencial.

Quais são suas expectativas e perspectivas profissionais?
Após esses oito anos de estudo e conclusão dos dois cursos, eu espero pôr em prática tudo o que estudei e que vivenciei em diversas experiências profissionais. Com calma, pretendo fazer algumas especializações. Trabalho hoje em um escritório de arquitetura de pequeno porte, onde vejo o início da minha realização profissional. O escritório faz obras residenciais e de interiores – duas linhas que pretendo seguir. Por ser de menor porte, tenho responsabilidades e tarefas que divido com a arquiteta-sócia, o que me traz desafios e desejos de aprender e crescer ali dentro. Minha perspectiva é caminhar junto com esse escritório, onde poderei adiante me tornar sócio, ou, quem sabe, num futuro mais distante, abrir o meu próprio escritório.

O que o mercado de trabalho tem hoje a oferecer para o arquiteto?
O mercado é muito amplo. O profissional não só projeta ou executa obras. Em design e decoração, há inúmeras possibilidades, como vendas, gerenciamento e serviços diversos. Vejo que não existe mais receio por parte do cliente em relação ao trabalho do arquiteto – não é mais considerado um luxo, como era ainda há algum tempo. O trabalho do arquiteto é fundamental para um serviço bem planejado e econômico.

Com subsídios para baratear custos de placas fotovoltaicas, ideia é que o consumidor “venda” eletricidade para sistema local de distribuição.

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