Publicado por Carla Rocha em 14/07/2021Norma Comentada NBR 6122: mudanças de uma das principais normas de fundação
Com as atualizações, como item mandatório, está a contratação de profissionais ou empresas especializadas em geotecnia a fim de avaliar se o projeto está de acordo com as premissas de fundações e exigências da norma.Créditos: Shutterstock

Norma Comentada NBR 6122: mudanças de uma das principais normas de fundação

Atualização traz alterações significativas para maior objetividade do setor da construção

A Norma de Fundações (ABNT NBR 6122 – Projeto e Execução de Fundações) é de 1996 e estabelece as condições básicas para o projeto e a execução de fundações nas mais diversas construções. A norma teve sua última revisão em 2010 e desde o final de 2016, o engenheiro Frederico Falconi coordena uma nova revisão, juntamente com um grupo de profissionais renomados a fim de agregar novos conhecimentos e corrigir textos de interpretação duvidosa ou de difícil compreensão, trazendo alterações significativas que trazem maior objetividade para o setor da construção.

Com grande contribuição da comunidade geotécnica na revisão da norma, foi possível trazer novos conhecimentos e também novas tecnologias, em 2019. Com as atualizações, como item mandatório, está a contratação de profissionais ou empresas especializadas em geotecnia a fim de avaliar se o projeto está de acordo com as premissas de fundações e exigências da norma. Além disso, com a melhor definição por parte dos engenheiros estruturais de cargas envolvidas nas estruturas, foi possível aprimorar a forma de avaliação das ações do vento e de outros fatores, das cargas permanentes e acidentais, além de separar os tipos de estrutura.

Confira abaixo algumas das principais alterações realizadas na norma:

• Novas tecnologias, soluções e técnicas foram integradas e agora fazem parte da Norma de Fundações.

• Revisão e redefinição dos critérios de cálculo da capacidade de estaca escavada e estaca hélice contínua;

• Alteração dos critérios para a limpeza da ponta de estaca escavada também foram alterados.

Com relação à estaca hélice contínua, foram realizadas adequações em sua forma execução, principalmente, no que diz respeito à concretagem.

•           A especificação do concreto para execução de fundações também foi revisada, tornando-se mais crítica e apurada a partir das classes do concreto.

•           Foi incluído um item específico para novos tipos de estacas que surgirem, que poderão ser utilizadas, observados os critérios estabelecidos pela NBR 6122 de forma que os avanços tecnológicos não esbarrem na norma.

Durante uma live com a participação do engenheiro Frederico Falconi, do Professor Paulo Helene e também do representante da Votorantim Cimentos, Fernando Holanda, foram discutidos alguns temas pertinentes a fundações, como a importância da qualidade dos materiais, avanços tecnológicos e também a importância da atualização da norma para o setor da construção civil como um todo.

Para Paulo Helene, diretor da PhD Engenharia, sempre houve certa dificuldade no meio técnico em atender integralmente as especificações antigas, então, quando se falava em exigências para fundação e em relação água-cimento, não tinha algo para medir adequadamente. “A alteração traz alguns pontos que são discutidos amplamente no meio onde o concreto é utilizado”, ressalta.

A importância da tecnologia do concreto e uso de materiais adequados

Para Fernando Holanda, nos últimos 10 anos pra cá, as tecnologias mudaram muito contribuindo para manter um padrão de qualidade na concepção do concreto, orientando de forma mais assertiva os índices de resistência e granulometria. “Existem também as questões de judicialização, mas cabe a nós analisar pelo bom senso e saber em qual região você está e quais materiais estão à disposição para atender a esses requisitos com quantidade de materiais disponíveis”, aponta.

De acordo com Frederico Falconi, coordenador da revisão da ABNT NBR 6122, durante os trabalhos foi montada uma comissão para estudar o concreto, coordenada pelo Luiz Fernando Seixas junto com outros tecnologistas de concreto, a fim de propor as mudanças que vieram para trazer mais organização e coerência nas aplicações de fundações. “Tínhamos uma especificação que era exagerada e um pouco incorreta também, então, trazer o concreto para dentro da normatização, colocando dentro de critérios normativos”, relembra.

Ainda de acordo com ele, é preciso tirar um pouco o foco só do fck e ter outras características do concreto que são mais importantes. Por isso, é preciso ter a priori uma qualidade muito boa para a aplicação desse concreto que vai além da resistência.  A atualização da norma trouxe ainda uma questão polêmica sobre a utilização de 400 kg para concretagem de fundações e Frederico Falconi destacou durante a live que apesar de ser uma discussão muito grande da área, a visão pessoal é que não há uma obrigatoriedade, pois é uma questão de desempenho. “Quando a gente coloca uma recomendação é algo que não é obrigatória, no meu entendimento, então você pode ou não seguir desde que sejam atendidos os demais requisitos”, ressaltou.

Fernando Holanda, por sua vez, destacou a importância da tecnologia do concreto e uso de materiais adequados. De acordo com ele, tendo uma forma de operar eficiente com seus materiais e agregados, que é tão importante quanto a quantidade de cimento, materiais e água. Isso faz com que se possa reduzir o consumo. “A gente percebe que a adequação da norma hoje permite isso, ela traz como recomendações norteando como é possível seguir”, ressalta. A partir daí, entra a tecnologia do concreto para definir como fazer isso atendendo aos requisitos de desempenho. “Então, nós vemos que uma operação eficiente junto com os materiais que permite o menor uso de cimento, o que é bom para todo mundo, tanto para o meio ambiente com a diminuição de CO2 e também para o desenvolvimento do setor como um todo”, complementa.

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