
Alvenaria estrutural x concreto armado: entenda as diferenças
Eventualmente é realizada uma análise para definir a melhor opção para a obra
A alvenaria estrutural tem por premissa fundamental ser autoportante, ou seja, trata-se de elemento que não só possui função de vedação, mas também estrutural: suporta a si mesma assim como lajes e outras cargas envolvidas no edifício. Já o concreto armado costuma ser utilizado como referência para a execução de estruturas resistentes à tração e compressão. Isso ocorre por se tratar de um produto versátil e com alta durabilidade, e que na construção civil utiliza o aço como um elemento com características de alta durabilidade a fim de complementar o desempenho. Em uma definição mais prática, o concreto armado trata-se basicamente de uma estrutura de concreto com armações de barras de aço no seu interior.
De acordo com a engenheira civil, Larissa R G J de Oliveira Flaifel, professora e coordenadora dos cursos de Engenharias da Universidade São Judas, engenheira de perícias e sócia da ACI – Academia da Construção e Inovação, a opção por sistemas construtivos em alvenaria estrutural e/ou em estruturas em concreto armadodeve ser avaliada de forma global, sob ótica técnica e econômica. Essa avaliação está englobada na fase de viabilidade da edificação, inicialmente, e eventualmente, até quando se sonda a compra de terrenos. Normalmente, estas análises estão em fase e sob a alçada das áreas de incorporação das construtoras.
Logicamente, por envolver aspectos técnicos consideráveis, mesmo em fases preliminares, envolvem-se nestas etapas projetistas, com expertise para tal, que possam auxiliar com um pré-dimensionamento que venha a embasar orçamentos preliminares e, assim, respaldar de forma mais assertiva a tomada de decisão por um ou outro sistema construtivo.
Principais características da alvenaria estrutural
Sob aspectos construtivos, a alvenaria estrutural possui um nível de controle e detalhamento até maior se comparada às estruturas de concreto armado. Isso porque se deve controlar (de acordo com o referido projeto), além da própria estrutura da laje:
- Resistência característica dos blocos – e esta varia conforme os pavimentos;
- Resistência característica do graute;
- Resistência característica da argamassa;
- Controle dos pontos a se grau tear;
- Outros ensaios normativos diversos (ex: prisma oco, prisma cheio etc)
- Modulação/paginação dos blocos;
- Interface com sistemas elétricos e hidrossanitários etc.
Principais características do concreto armado
As estruturas de concreto armado “tradicionais” são estruturas, normalmente, moldadas in loco, formadas por lajes vigas e pilares. Em relação à execução, existem etapas compreendidas como fundamentais, como condições de início para uma concretagem, que, se atendidas, evitam e/ou minoram substancialmente falhas, a saber:
- Conferência das formas: quanto à limpeza, ao alinhamento, posicionamento e qualidade, sempre respeitando o projeto específico de formas;
- Conferência do escoramento: quanto ao projeto específico de escoramento, verificando e assegurando seu posicionamento, dimensões, apoio de base etc.;
- Conferência das armaduras: quanto ao projeto específico estrutural, verificando e assegurando seu posicionamento, dimensões (bitola, comprimento) e aferindo a presença dos espaçadores, os quais asseguram o cobrimento correto da estrutura evitando fenômenos patológicos futuros pertinentes e decorrentes da armadura exposta, como corrosões, por exemplo;
- Assegurar que o desmoldante seja devidamente aplicado às formas;
- Conferir as instalações elétricas e hidrossanitárias e shaftsque passem pela estrutura para que estejam em consonância com os projetos correspondentes.
Alvenaria estrutural ou concreto armado: principais diferenças
Sob aspectos do usuário, é necessário que fique clara a questão de que a alvenaria estrutural não pode, em hipótese alguma, ser “reformada”, alterada, “perfurada”, a não ser que se tenha um aval de um projetista estrutural competente. Por isso, no Manual do Proprietário, deve estar claramente especificado onde (e como) o usuário pode ou não reformar. Lembrando e reforçando que qualquer reforma deve apoiar-se na ABNT NBR 16280, a qual esclarece e versa, explicitamente, dentre outros, quanto à necessidade de ter profissionais habilitados neste acompanhamento.