Publicado em 24/01/2017Inibidores de corrosão garantem a proteção das estruturas
Trabalhador da construção manipulando armaduras no canteiro de obrasCréditos: Aisyaqilumaranas/ Shutterstock.com

Inibidores de corrosão garantem a proteção das estruturas

Inibidores de corrosão são adicionados durante o preparo do concreto e retardam o processo de deterioração das armaduras metálicas

Adotar soluções para prevenção ou controle da corrosão em concreto armado é ação fundamental, especialmente em áreas urbanas com grande concentração de poluentes, ou litorâneas, que sofrem a influência da maresia. Segundo a arquiteta Adriana de Araújo, pesquisadora do Laboratório de Corrosão e Proteção do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), existem diferentes opções que podem ser aproveitadas, mas o uso de inibidores de corrosão é a mais comum, devido à facilidade de aplicação do produto em comparação a outras técnicas de proteção.

Os inibidores de corrosão são compostos que, quando aplicados em determinadas concentrações na superfície das armaduras, retardam a corrosão ou reduzem muito essa taxa. Ao mesmo tempo que garantem proteção, não alteram as propriedades físicas, químicas e mecânicas do concreto. Segundo a especialista, o funcionamento da solução começa com a adsorção (adesão de moléculas de um fluido a um sólido) sobre a superfície do aço-carbono. Após a reação, acontece a formação de um filme fino e aderente, ou de uma barreira física. Por fim, ocorre a modificação do meio corrosivo por formação de elementos que atuam como barreira física ou pela reação com íons/substâncias agressivas ali presentes.

O produto inibidor de corrosão é aplicado na massa do concreto durante sua preparação. O aditivo deve ser adicionado juntamente com a água de amansamento, tomando cuidado para manter a homogeneidade da mistura. “A camada de proteção faz com que seja postergada a corrosão causada pelo ataque de íons cloreto à armadura, ou pela diminuição do pH do concreto na região de seu embutimento [devido à carbonatação]”, detalha a pesquisadora.

O inibidor de corrosão também pode ser empregado em processos de reparos nas mais variadas tipologias de obras, como pontes, viadutos e edificações. “Além de ser uma técnica de proteção e prevenção, a solução é utilizada para reduzir a taxa de corrosão da armadura”, diz Araújo. Para essa ação, há um tipo de inibidor específico usado sobre o componente metálico previamente tratado. O produto é aplicado juntamente com uma tinta e confere proteção adicional, além de criar efeito de barreira à penetração de agentes agressivos. “Essa pintura também pode ser usada na superfície do concreto de obras novas, como medida preventiva de corrosão e também como acabamento”, complementa.

Tipos de inibidores de corrosão

Normalmente, a maneira como o inibidor atua define sua classificação. Assim, se o produto influencia as reações de oxidação do metal, é chamado inibidor anódico. Quando altera as reações catódicas de corrosão, é nomeado de inibidor catódico. E quando atua nessas duas condições ao mesmo tempo, trata-se do inibidor misto.

Os anódicos geralmente favorecem a formação e a manutenção de películas sobre a superfície metálica. A camada é resultado de reações do inibidor com os produtos de corrosão do aço-carbono. “Essas soluções podem ser classificadas como oxidantes e não oxidantes, conforme dispensem, ou não, a presença de oxigênio dissolvido”, informa a pesquisadora. Os anódicos são amplamente especificados para o concreto armado dos mais variados tipos de obras.

Os catódicos inibem as reações catódicas por meio de mecanismos que incluem misturas com o oxigênio dissolvido na solução, formando elementos insolúveis que se depositam sobre a superfície do metal. “Quando comparado aos anódicos, esse tipo de inibidor apresenta eficiência razoavelmente baixa. Por isso, não é muito utilizado”, comenta a arquiteta.

Já os mistos inibem as reações em ambos os casos de corrosão eletroquímica (anódica e catódica), usualmente pela formação de uma película por adsorção sobre a superfície do aço. “Para atingir tal resultado, um ou mais tipos de inibidores podem ser combinados para agirem sinergicamente”, ressalta a pesquisadora.

Os inibidores podem ainda ser classificados segundo a sua composição química (orgânicos e inorgânicos), e também através de seu campo de aplicação. Por exemplo: nas estruturas de concreto, os inibidores de corrosão devem, necessariamente, ser eficientes na proteção do aço em meio alcalino, tendo em vista a presença de água na mistura, além do fato de o concreto apresentar pH elevado.

Riscos da especificação incorreta

Quando os inibidores são especificados em maior ou menor quantidade do que a ideal, ou quando o tipo de produto é inadequado para as características do concreto/obra, alguns problemas podem ocorrer. Os erros acabam impactando diretamente no desempenho da proteção e podem, ainda, ter efeito contrário, acelerando o aparecimento de corrosões. A dosagem deve sempre ser exata e controlada, sendo que a quantidade ideal pode ser verificada previamente em ensaios laboratoriais.

No caso da aplicação de inibidores sobre o concreto endurecido, feita como parte de um sistema de reabilitação, é preciso calcular previamente o número de demãos. A quantidade deve ser suficiente para atingir a superfície da armadura, porém não pode haver acúmulo excessivo do produto sobre o elemento metálico. Além disso, segundo Araújo, o inibidor é efetivo por certo tempo, que dependerá, entre outros fatores, da dosagem, das condições de exposição das estruturas e do estado da superfície da armadura. “Desse modo, é difícil prever os períodos de reposição do inibidor. O ideal é que seja estabelecido um monitoramento periódico da corrosão para determinar/planejar a reaplicação”, finaliza.

 

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