Publicado em 13/07/2016Entendendo as trincas e fissuras

Entendendo as trincas e fissuras

As trincas ou fissuras podem surgir em qualquer momento da obra ou vida útil do imóvel, tornando-se a patologia mais comum na casa dos brasileiros. Muitas vezes são causadas por motivos simples e de fácil resolução, porém algumas delas podem indicar sérios riscos à edificação e a todos que vivem nela

Em uma analogia simples, podemos afirmar que trincas e fissuras são a “febre” de nosso corpo quando estamos doentes, ou seja, ela é um sintoma que algo está errado em nossa casa. Identificar os tipos, tamanhos e causas, é essencial para garantirmos a segurança e providenciarmos o correto reparo.

De modo geral, as fissuras ocorrem quando as tensões suportadas pelo material utilizado são inferiores às deformações solicitadas pelos mesmos. A liberação desta tensão ocasiona no alívio do sistema, caracterizando a fissura como a conhecemos. Elas podem ocorrer devido à dilatação/retração térmica, estruturas mal projetadas ou em sobrecarga, recalques de apoio, uso incorreto do material, retração do cimento, por motivos químicos (ataque por sulfatos, por exemplo) entre outros.

Também encontramos causas externas ao imóvel, como obras adjacentes em fase de construção ou reforma, execução de pavimentação de uma rua próxima, onde há presença e trepidação de máquinas pesadas, alteração do fluxo de veículos em ruas paralelas, etc.

Classificação das trincas e fissuras

De acordo com a norma NBR 9573:2003, podemos classificar como microfissuras as aberturas inferiores a 0,05mm. Como fissuras, as aberturas inferiores a 0,5mm e ainda como trincas para aberturas de até 1mm.

As trincas e fissuras também podem ser catalogadas como geométricas ou mapeadas de acordo com a semelhança ao desenho que formam. Um bom exemplo da primeira é quando a fissura acompanha o bloco cerâmico. Já a mapeada pode ser fruto da retração da argamassa com muitos finos ou ainda com excesso de cimento, tornando o reboco muito rígido.

Ainda podemos chamá-las de passivas quando estão estacionárias, ou seja, não variam conforme o passar do tempo ou ativas quando sofrendo variações ao longo do tempo. Uma fissura ativa se torna grave quando sua abertura e comprimento estão continuamente crescentes, podendo ser indicativo que algo está errado necessitando de uma melhor analise e intervenção.

O tratamento da fissura engloba várias fases e difere uma das outras de acordo com a sua causa e classificação.  Um tratamento comum para fissuras mapeadas é a aplicação de tintas e selantes flexíveis, capazes de absorver a abertura causada pelas tensões na parede. Já em casos onde a fissura é motivada por movimentos estruturais, o tratamento acaba se tornando mais complexo. Neste caso, a correção passa por diversas etapas e necessitam de estudos detalhados, um exemplo de solução é: aumento proposital da trinca com um disco de corte, limpeza, preenchimento com selante e aplicação de impermeabilizante em uma faixa de 20 a 30cm, tendo a fissura como o centro; Por fim é estudado acrescentar uma tela de poliéster também de 20 a 30cm sobre o impermeabilizante.

Todo o tratamento pode demorar dias ou semanas de acordo com o tempo de secagem e cura dos produtos aplicados. É importante citar que a causa deve ser tratada antes da correção de certas fissuras. É comum encontrarmos um reparo que volta a abrir por não ter sanado as movimentações das fundações, por exemplo.

Quando ocorrem, parte destas tem causa estrutural e a ocorrência pode estar sinalizando que um pilar ou viga está na iminência da ruptura. Porém, até uma “simples e inofensiva” fissura negligenciada pode mais tarde resultar em um desplacamento de reboco ou cerâmica, causando danos às pessoas que ali circulam.

É essencial a contratação de um técnico para avaliar a gravidade destas trincas ou fissuras quando aparecem. Entretanto, o correto é a contratação deste profissional durante o projeto, antes mesmo de a obra começar, a fim de mitigar as causas prováveis do surgimento destas patologias, sendo que nesta fase são calculados e identificados os locais de acúmulo de tensões, onde deverão ser executadas as juntas de movimentação.

*Escrito pelo engenheiro Bruno Alexandre Mainardi Noal, do Desenvolvimento Técnico – TAC Sul, Centro Técnico de Curitiba, da Votorantim Cimentos.

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