Publicado em 08/12/2014Veja dicas para um projeto de alvenaria estrutural acessível

Veja dicas para um projeto de alvenaria estrutural acessível

Entenda os quesitos mínimos para o projeto de alvenaria estrutural de blocos de concreto ser acessível

Um projeto de alvenaria estrutural acessível é normalmente definido por sua flexibilidade na idealização dos espaços. E foi por extensão deste conceito que se criou entre alguns projetistas a falsa ideia de que apenas sistemas construtivos flexíveis seriam compatíveis com o esse tipo de desenho. A verdade é que a acessibilidade pauta-se muito mais no dimensionamento dos espaços do que no próprio material ou sistema construtivo empregado – basta que ele seja adotado com inteligência voltada à concretização de um desenho universal.

Se a ideia é que a divisão entre ambientes possa ser alterada com o passar dos anos, diante do surgimento de novas necessidades no seio da família, isso não impede a residência estruturada em blocos de concreto de ser acessível. Mesmo em face da opção pela alvenaria estrutural, pode ser possível prever reformas futuras, sem muita quebradeira ou entulho.

A arquiteta e representante da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED) na Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA), da prefeitura de São Paulo, Silvana Cambiaghi, confirma esta hipótese. Para ela, o uso do bloco estrutural de concreto não está impedido, desde que seja previsto apenas na confecção de paredes externas da unidade habitacional, ou em seu contorno – além das áreas comuns, no caso de condomínios.

Afinal, muitas vezes acontece de algum idoso precisar de cadeira de rodas, sofrer um acidente ou ter dificuldades de levantar e se locomover, ou simplesmente haver um aumento no número de integrantes da família. Fatalidade ou não, o fato é que será necessário reorganizar a família em seu espaço de convivência – aumentando a área ou o tamanho das portas do banheiro, ou mesmo o número de dormitórios.

O desenho universal é, por definição, aquele traço de projeto que prevê tudo isso, desde a prancheta – e permite que essas mudanças futuras aconteçam, para que a habitação seja adaptada a necessidades de cada – e de qualquer – usuário, em qualquer tempo e situação.

A ideia do desenho universal surgiu em função da necessidade e reivindicação de grupos de portadores de alguma deficiência física ou dificuldade de locomoção – cadeirantes, cegos, idosos, entre outros.

Arquitetos, engenheiros e designers engajados por uma visão abrangente e democrática de projeto também foram muito importantes na elaboração desta ideia. Eles já achavam, há 35 anos, que seria cada vez mais inadiável pensar o espaço funcionalmente, para garantir seu uso acessível a qualquer pessoa ao longo dos anos, independente de idade ou da condição de mobilidade.

Acessibilidade no Brasil

O desenho universal garante espaço digno a qualquer tipo de usuário. Seu debate entrou no Brasil no início dos anos de 1980, e desde 2004 vigora a ABNT NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, norma técnica que dita parâmetros mínimos ao projeto acessível – prevê layout flexível à remoção e recolocação de vedos internos, sem que isso implique interferências estruturais.

Paredes também precisam ser resistentes o bastante à fixação de equipamentos e mobiliário próprio para portadores de alguma deficiência (barras de apoio e segurança nos banheiros, por exemplo).

Portas devem ter largura mínima de 80 cm, e seu sistema de abertura compatibilizar a passagem de um ambiente para outro, assim como a movimentação em ambos os espaços – inclusive com manobra para cadeiras de rodas.

Corredores devem ter largura suficiente para a circulação de deficientes (90 cm), enquanto o acesso a todas as janelas (60 cm de altura do piso) fica garantido por área próxima de manobra facilitada, a partir do uso de módulos normatizados de referência espacial (veja figuras na galeria).

Fazem ainda parte de um desenho universal e acessível: soluções adequadas de ventilação, altura ideal de bancadas, interruptores de luz e sinais sonoros, revestimento antiderrapante e antitrepidante para pisos contínuos (sem desníveis, como degraus) e desobstruídos. Áreas de circulação devem permanecer, portanto, livres de obstáculos.

“Se não for acessível desde a construção, é preciso prever em projeto a possibilidade de reformar um banheiro, para vir a ter área livre de giro de 1,50 m por 1,20 m – espaço necessário às rodas do cadeirante”, exemplifica Cambiaghi.

“Onde houver bancadas elevadas, é importante conseguir se aproximar e encaixar a cadeira de rodas.”

Clique aqui e acompanhe outras diretrizes do desenho universal.

Resultado de reações químicas variáveis em função de características ambientais, a carbonatação provoca a redução na proteção das armaduras.

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  • As cozinhas têm dimensões mínimas para fogão, geladeira, pia e um armário para mantimentos, louças, panelas, copos e talheres, com aproximação lateral ao fogão e à geladeira, de forma que um cadeirante possa posicionar-se lateralmente em frente desses equipamentos. A pia terá uma altura máxima de 85 cm em relação ao piso
  • Nos dormitórios é preciso ter dimensões que permitam a disposição e o uso de, no mínimo, uma cama de casal e um guarda roupas. Deve haver área de transferência lateral à cama, e uma área de aproximação ao armário
  • Nas salas de estar é preciso haver dimensões que permitam a disposição e o uso de, no mínimo, uma mesa, móveis para sentar e um espaço de convivência social – todos com área de aproximação e manobra para cadeirantes. O espaço de circulação entre móveis, em todos os cômodos da casa, é de pelo menos 80 cm
  • Em banheiros as dimensões mínimas permitem ter vaso sanitário, chuveiro, lavatório e um pequeno armário para depositar utensílios de higiene pessoal. Deve haver aproximação frontal ao lavatório (ele será em louça, de embutir), com 25 cm de espaço livre sob a cuba; áreas de transferência frontal, diagonal e lateral à bacia sanitária, e área de box de pelo menos 90 cm x 95 cm
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