Publicado em 26/05/2015Coordenador de projetos na área

Coordenador de projetos na área

Um coordenador de projetos entra ainda durante a concepção, para reduzir retrabalhos e custos

A figura do coordenador de projetos é essencial desde os estudos para a fase de concepção da obra. Atuando junto de construtoras, em escritórios de arquitetura ou mesmo como profissionais autônomos, seu escopo de trabalho vai muito além do projeto, informou Maria Cecilia Levy, fundadora e presidente da Associação Brasileira dos Gestores e Coordenadores de Projetos (AGESC), em palestra proferida para o Construmanager sobre o tema Gerenciamento de Mudanças em Projetos.

“Requisito para este profissional é a multidisciplinariedade. Não é que o coordenador precisa dominar cada disciplina, mas deve ter uma noção básica de todas elas; sua visão é sobre o todo, sistêmica – só assim ele vai poder tomar decisões a partir do conjunto dos projetos, e apresentar solução eficiente para a obra”, afirma a especialista.

O escopo de trabalho do coordenador é complexo: além de gerenciar o desenho, vai integrar projetos, custos totais, fazer e controlar a comunicação entre todos os projetistas, propor o escopo do projeto final, bem como seus riscos e qualidade, montar cronogramas e administrar recursos humanos.

“O grande problema é que muitos empreendedores só contratam o coordenador na hora da execução, ou no projeto executivo, quando já está tudo definido. Como o trabalho dos projetistas não foi coordenado, começam a aparecer problemas básicos de compatibilidade entre os projetos, que por não sustentarem premissas da concepção original, exigirão cortes, mudanças e, portanto, retrabalhos”, explica.

O construtor, grande ou pequeno, o incorporador ou mesmo um médico que vai construir seu próprio consultório podem precisar do coordenador de projetos – e o primeiro passo é definir o escopo de trabalho deste profissional, além de fazer com ele um briefing definindo o programa de necessidades para a obra.

Já com a mão na massa, o coordenador define, para o empreendedor, quais serão os projetistas necessários a contratar, e o escopo de projeto de cada um deles. “Ele também pode aconselhar sobre tecnologias e sistemas construtivos, mas isso não é obrigatório”, pondera Levy.

Todas as informações são alinhadas às metas de venda e lançamento do empreendimento, e vão influenciar o planejamento de obra, a engenharia e o seu orçamento. “Quando o coordenador de projetos elabora um programa, pensa também no cronograma de execução, quais e quantas equipes de trabalho vão ser necessárias, entre outros.”

Para Levy, outra dificuldade a enfrentar é no caso de coordenação ser contratada por uma incorporadora que, depois de pensado o programa, passa a obra para um terceiro construtor que, por sua vez, mexe no projeto apresentado, mudando suas premissas.
“Não sou a favor desta interferência, porque a opção por um processo construtivo diferente, por exemplo, tem impactos sobre vários projetos, que também deverão ser alterados.”

Mudança nos projetos: como gerenciar?
Aos olhos do empreendedor, o maior problema de grandes alterações no projeto são seus custos e consequências sobre o cronograma de obra. E só então é notado por que ter um coordenador é importante, já que é ele quem vai minimizar os efeitos da mudança, evitando retrabalhos desnecessários, troca de equipes de projeto e, principalmente, mantendo a motivação do pessoal contratado.

“A gestão de pessoas é o maior desafio deste profissional”, afirma Levy. “Muitas vezes o projetista já trabalhou, e vai ter que fazer de novo. Sem uma reconsideração do valor inicial combinado, ele empurra com a barriga, até que abandona o projeto. Isso acontece muito.”

Nesta hora, é o coordenador-psicólogo que entra em ação: se ele centralizou, desde o início, projetos de produção, fundação, instalações mecânicas, automação, estrutura, arquitetura e instalações hidráulicas e elétricas, vai poder contornar o problema humano com mais tranquilidade.

E não é só isso: desde a concepção, ele precisará conscientizar a equipe de que cada projetista não trabalha só para o seu próprio projeto, mas está inserido no todo da obra. É preciso que cada colaborador saiba qual é o impacto do seu trabalho sobre a atividade (e possíveis retrabalhos) dos demais.

“Indico sempre reajustar propostas iniciais com cada equipe impactada pela alteração, porque todos terão que retrabalhar. O projetista não quer assumir os custos das mudanças”, justifica.Por outro lado, o cronograma também será revisado. “Isso é estudado e apresentado ao empreendedor antes de encaminhar alterações aos projetistas.”

Por fim, vai ser necessário fazer uma reunião com todos os envolvidos, para propor a forma mais simples e rápida de resolver a mudança, com um novo cronograma para reelaborar desenhos, sempre muito atento a toda e qualquer informação que for trocada entre as equipes.

“O coordenador de projetos tem que estar copiado em qualquer e-mail que for trocado entre os colaboradores – e esse também é um grande desafio, principalmente porque eles se conhecem e pode conversar alguns detalhes informalmente, sem registro algum.”
Exemplo bastante conhecido de mudança que gera grandes impactos é a decisão por comprar tubulações hidráulicas PEX quando o projeto executivo já está pronto, ou em execução, para o uso de outro tipo de tubos. “Vai mudar a espessura de lajes, ou a disposição de sancas; afeta a elétrica e pode impactar sobre revestimentos, elementos estruturais e até a arquitetura final.”

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