Publicado em 05/12/2013Um ano sem Oscar Niemeyer

Um ano sem Oscar Niemeyer

Niemeyer deixou obra audaciosa em curvas de concreto;conheça.

Uma vida dedicada à arte da arquitetura e que transformou a paisagem de cidades no Brasil e no mundo. Em suas obras, Oscar Niemeyer radicalizou conceitos modernistas, como os grandes vãos livres sustentados pela robustez do concreto, e conseguiu a proeza de suavizar o material apostando no traçado curvo – para ele, uma solução natural em espaços grandes e, para alguns, influenciada pelas curvas do Rio de Janeiro, cidade onde nascera o arquiteto. Usando o concreto como matéria-prima essencial, Niemeyer desenhou algumas casas e edifícios residenciais, como o famoso Copan, em São Paulo, e uma série de grandes obras públicas, pelas quais é reconhecido nos quatro cantos do globo. Como o projeto da capital, Brasília; a sede da ONU, em Nova York (EUA); o Memorial da América Latina, em São Paulo; a Universidade de Constantine, na Argélia. Oscar Niemeyer se tornou famoso pelo traçado e também pela forma como seus projetos dialogam e intervêm no espaço ao redor. “Representantes do poder público em todo o mundo investem na sua arquitetura para criar novas centralidades, revitalizar o entorno e atrair atenção internacional para a cidade em questão”, explicou o engenheiro calculista José Carlos Sussekind, amigo e colaborador de Niemeyer. “Os projetos do Oscar trazem muito mais do que impacto urbano. Eles se transformam, com o tempo, em peças indispensáveis à identidade nacional.”
Conteúdo publicado no Casa.com.br

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  • Niemeyer não é um arquiteto de perfil comercial comum. Mais conhecido por dar vida a grandes obras públicas no Brasil e no mundo, ele projetou poucas casas e edifícios residenciais. Não à toa, começamos a galeria de fotos com projetos menos conhecidos, mas que revelam as ideias que fizeram Niemeyer famoso. Um deles é a casa dele próprio, no RJ, desenhada em 1953. A cobertura curva, feita de concreto, dialoga com a piscina curvilínea e é uma das marcas do traço do arquiteto-artista. Espaços abertos ou, no máximo, fechados com vidro, permitem incorporar a paisagem verde ao redor. “Certamente, Oscar não é o nome procurado por quem desejar maximizar o uso de terreno e minimizar o custo de construção no sentido de auferir lucro.”, disse o engenheiro calculista José Carlos Sussekind, amigo do arquiteto - Foto: Alan Weintraub
  • No mesmo ano (1953), Niemeyer desenhou a casa da família Dalva Simão, que ocupa quase um quarteirão inteiro na Pampulha, em Belo Horizonte. No bairro, também está o Conjunto Arquitetônico encomendado ao arquiteto pelo presidente Juscelino Kubitschek. E, mais uma vez, o que chama a atenção é a cobertura sinuosa de concreto, sustentada por paredes curvas. “Estamos diante de um tratado social em forma de arquitetura”, afirma o arquiteto mineiro Pedro Lázaro - Foto: Divulgação
  • Volumes geométricos caracterizam a casa de Leonel Miranda, no Rio de Janeiro, planejada entre 1952-1955. A rampa curvilínea que dá acesso à sala de estar fica suspensa, graças à tecnologia do concreto armado. As sacadas são adornadas com painéis perfurados, também de concreto, que deixam passar a brisa, além de serem úteis para proteger da luz solar. Um dos poucos endereços que levam o nome do gênio da arquitetura modernista, que revolucionou esse movimento nascido nos anos 30 - Foto: Alan Weintraub
  • Além de coberturas e escadas, Niemeyer apostou no concreto para erguer edifícios inteiros baseados na sua premissa de que “assim, reto, não. Com curvas é melhor”. O residencial mais conhecido assinado pelo arquiteto é, certamente, o Edifício Copan, localizado no centro de São Paulo e, até hoje, um símbolo da megalópole paulistana. O prédio sinuoso com 1.160 apartamentos tem integração perfeita com a paisagem urbana. Toda a fachada, de 45 mil m², equivale a cinco campos de futebol e, de tão grande, o prédio tem até CEP próprio. Os brises de concreto são outro recurso usado por Niemeyer, com a função controlar a entrada de luz no interior e que, no caso do Copan, ainda realçam o formato do prédio - Foto: Silvio Tanaka
  • Mesmo sem curvas, o Edifício Eiffel revela a criatividade de Niemeyer. As alas laterais e os elementos vazados no concreto garantem ao projeto silhueta e fachada diferenciadas no centro de São Paulo. O projeto, que abriga 54 apartamentos duplex feitos para atrair a burguesia ao centro novo da cidade, ficou pronto em 1957, década em que Niemeyer “experimentou as influências de Le Corbusier e adaptou preceitos do modernismo europeu a nosso país tropical”, explica a pesquisadora Daniela Viana Leal, autora da tese de doutorado “Oscar Niemeyer e o Mercado Imobiliário de São Paulo na Década de 50” - Foto: Divulgação
  • “Lembro quando fui ver o local. O mar, as montanhas do Rio, uma paisagem magnífica que eu devia preservar. E subi com o edifício, adotando a forma circular que, a meu ver, o espaço requeria. O estudo estava pronto, e uma rampa levando os visitantes ao museu completou o meu projeto.” Assim explica Niemeyer como concebeu o projeto do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, inaugurado em 1996. Nele, estão presentes três marcas fundamentais do trabalho do arquiteto: a forma circular, o uso do concreto para dar vida a uma estrutura ousada e a integração entre arquitetura e o que está ao redor – no caso, simplesmente uma vista panorâmica do mar e de pontos turísticos do Rio de Janeiro - Foto: Divulgação
  • A história do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, começou em 1967. Na época, o arquiteto havia projetado o prédio principal para abrigar um órgão de governo. A estrutura foi erguida em concreto protendido, tecnologia que permitiu vencer os grandes vãos da edificação. Passados 23 anos, decidiu-se que o local viraria um museu. Em 2003, ele foi inaugurado em homenagem ao arquiteto e com uma novidade desenhada por ele próprio que fez ainda mais jus ao estilo Niemeyer: a torre anexa de 30 m de altura, conhecida como “Olho”. De concreto e vidro, ela exibe curvas e arrojo, e abriga quatro andares de espaços expositivos do museu - Foto: Divulgação
  • Outro prédio assinado por Niemeyer para sediar um órgão público virou, anos depois, um museu. É o caso da nova sede do Museu de Arte Contemporânea da USP, a Universidade de São Paulo. “O primeiro dia após a retirada das divisórias que retalhavam a planta livre foi impressionante. Enxergamos como o lugar era no passado: um pavilhão com 130 m de comprimento, vãos de até 16 m e colunas que criam uma espécie de ritmo no vazio”, relembra Marcos Costa, arquiteto de São Paulo responsável pela transformação. Inaugurado em 1954, o prédio pertence ao complexo do Parque Ibirapuera, encomendado a Niemeyer na época da comemoração dos 400 de São Paulo. Os pilares em “V” que ficaram de novo à mostra são recorrentes nas obras de Oscar Niemeyer - Foto: Mauro Restiffe
  • Com o concreto, Niemeyer não fez só prédios, ele projetou verdadeiros monumentos. Na capital goiana, a pirâmide vermelha se destaca entre os outros elementos do Centro Cultural Oscar Niemeyer, pintados de branco. Ela é o Monumento aos Direitos Humanos, com 75 m de altura e que abriga um auditório. Ao lado, o prédio circular suspenso e sustentado por um único pilar central sedia o Museu de Arte Contemporânea. Outros dois pavilhões formam o complexo e cada um tem função e forma diferentes, como costumava fazer Niemeyer. Uma composição de volumes puros – triângulo, círculo, retângulo – que ganha vida por meio da versatilidade e da robustez do concreto - Foto: Leonardo Finotti
  • Niemeyer criou novos traços até poucos meses antes de morrer e obras inéditas do arquiteto poderão ser vistas de pé nos próximos anos. Caso da Catedral Cristo Rei, na capital mineira. Ele entregou o projeto em 2006, prestes a completar 100 anos, e agora o desenho começa a sair do papel. Quando ficar pronto, vai encher os olhos com uma imensa escultura de concreto de 100 m de altura que sustentará a cúpula de 60 m de diâmetro. Obra de uma arte que Niemeyer criou com entusiasmo até o fim da vida. “Esse é um dos temas que mais me atraem como arquiteto, apesar de minha posição em relação às coisas da religião - enfim, apesar de minha descrença. Desenhei esta catedral com o mesmo entusiasmo com que projetei a de Brasília.” - Foto: Ana Elisa Niemeyer e Jair Valera
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