Publicado em 05/05/2015Carreira na Nicom: do “boy” ao gerente

Carreira na Nicom: do “boy” ao gerente

Edilson Ramos de Souza prova que vendedor pode investir em sua carreira dentro da loja

Edilson Andrade Ramos de Souza, 41, é um dos gerentes da Nicom – loja de materiais de construção da zona sul de São Paulo, também conhecida como o Gigantão da Construção.Ca so raro, ele já soma 25 anos de casa, cresceu lá, aprendeu quase tudo o que sabe, e não pretende sair tão cedo. O Mapa da Obra conversou com ele, para entender melhor qual é a receita da resistência, por tanto tempo, como funcionário de um mesmo ponto de venda.

Com toda a dificuldade que lojistas de material de construção têm para achar bons e fiéis balconistas, interessados em investir na carreira, o relato de Edilson mostra o que faz de um vendedor uma exceção à regra.  Confira na entrevista!

Como foi sua entrada na Nicom?

Comecei aos 16 anos, como office-boy. Eu costumava sair para fazer serviços na rua e, quando voltava, sempre aproveitava o tempo para aprender alguma outra coisa… Sempre me identifiquei com a área comercial.

Mas você já conhecia a área comercial antes?

Tinha trabalhado em balcão de padaria. Eu gostava muito. E como era novo, tinha energia para fazer e aprender várias coisas ao mesmo tempo. Então me colocava à disposição da loja e do chefe, que ia me mostrando os caminhos. A gente tem que aproveitar.

O seu caso é um pouco raro. Difícil conhecer alguém que está há 25 anos numa mesma loja. Qual foi sua trajetória, desde que entrou, como office-boy?

É verdade. Eu conheço poucos casos de vendedores que fizeram carreira numa mesma empresa. Como boy fiquei, na verdade, menos de um ano. Logo me tornei repositor – são os funcionários que abastecem as gôndolas. Na época, a Nicom ainda era pequena, com pouco mais de 20 funcionários. Depois fui promovido a conferente. A gente conferia as mercadorias que tinham sido vendidas, para a entrega. Passei pelo cargo de encarregado de estoque até que cheguei ao departamento de compras da empresa, o que foi um grande desafio.

Por que era um desafio?

Essa é uma função mais difícil, porque você tem que atender uma necessidade comercial, que é comprar os produtos que precisa disponibilizar ao cliente, e por outro lado, tem que atender aos interesses do dono da loja; isso significa ter de reduzir custos, para que a revenda seja um bom negócio. O jogo de cintura é grande – comprar com qualidade e, ao mesmo tempo, entender as necessidades da empresa. Foi um grande aprendizado, que durou quase seis anos: conheci melhor o ambiente interno da loja, e o externo: a gente vai até a indústria, negocia, fala com fornecedores e conhece bem os produtos. Eu precisava daquela função, apesar de ter sido estressante, difícil e ter seus desgastes naturais.

Só depois você foi para vendas?

Sim. Lá eu via a possibilidade de respirar novos ares. Eu precisava de um novo estímulo. Pode parecer menos nobre ser vendedor, mas o que pesou mais foi minha necessidade de fazer outra coisa, já tendo, nesta altura, um vínculo estreito com a empresa. Além disso, o cargo de vendedor era mais interessante financeiramente, com salário um pouco melhor, premiações… Decidi aceitar. E foi graças a essa mudança que me qualifiquei profissionalmente para ser, hoje, gerente. Neste cargo, temos que entender todos os processos na loja.

O que te moveu ao longo dos anos de um cargo para o outro?

Eu não consigo me imaginar o tempo todo fazendo uma mesma coisa. Mudar de posição na empresa é uma questão de aproveitar oportunidades. É como mudar de emprego – só que sem se desvincular da loja. Isso contribuiu para que eu exercesse bem hoje minha função. Eu sei o que posso exigir.

Que características pessoais suas você acha que contribuíram para sua escalada profissional e permanência na Nicom?

A iniciativa. Eu não fico acomodado. Cresci junto com a empresa, e era bem observado pelo proprietário, que sempre trabalhou por perto. Hoje temos 350 funcionários, mas antes quem trabalhava era muito visto. Ele via que eu queria e podia aprender. Então, na medida em que oportunidades surgiam, eu as abraçava. Nem muito rápido, nem muito devagar – tudo no seu tempo.

Você foi um bom vendedor?

Não acho que fui o melhor, mas estava entre os três… A experiência prévia ajudou muito. E agora já estou há 14 anos no cargo de gerente. Cheguei onde dava para chegar, assumindo sempre compromisso com minhas obrigações. Quando está vendendo, você vende também a sua imagem. É preciso ter comprometimento com o cliente, com o fornecedor, com a própria loja. Isso porque vender é fácil. O difícil é cumprir o prometido, entregar no prazo e com a qualidade que oferece. O cliente tem que terminar satisfeito com a qualidade do produto e do serviço, para que esta relação se torne natural e duradoura. Quando digo que dá, é porque vou fazer acontecer, mesmo que às vezes as coisas não saiam exatamente como imaginamos, por fatores externos à nossa vontade.

E o que acontece de agora em diante? Você se imagina em outra empresa?

O que vai acontecer, eu não sei. Mas o que me segurou tanto tempo na Nicom foi a filosofia da empresa: na medida em que a gente busca se especializar, ter experiências, boa conduta, e se destaca, as oportunidades vão aparecendo. A proximidade com a diretoria é algo importante. Temos acesso ao dono da loja, e mesmo com uma equipe enorme, essa política continua sendo a mesma de 25 anos atrás. Eu sei que sou observado por todos da Nicom, e pelos clientes, e se não tivesse a pretensão de melhorar, eu ficaria desmotivado. Então tenho sim a esperança de que algo vai surgir ainda para mim. Mas não sei o que vai ser…

Então você está já decidido a não sair?

Por que eu sairia? Por um salário melhor? Não vale a pena. Aqui todo mundo me conhece. E eu conheço bem a empresa. Há um vínculo duradouro, difícil de ser rompido. Claro que há problemas, mas onde não haveria nenhum.

Você procurou se qualificar nesses últimos 25 anos? Em que?

Estudei administração de empresas e, recentemente, terminei uma pós-graduação em gestão de pessoas, que é atualmente minha área de trabalho. Ainda quero colher frutos disso.

 

Inserir condutas de ética profissional no seu negócio pode ser a chave para um ambiente de trabalho organizado, saudável e harmônico

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