Publicado em 22/04/2015Casa de veraneio sobre as dunas

Casa de veraneio sobre as dunas

Concreto e cimento queimado integram interiores de casa de praia às dunas de Buenos Aires

Em entorno agreste, de dunas, típico da costa portenha, o arquiteto Luciano Kruk foi incumbido de projetar uma residência unifamiliar com programa de uso para casa de veraneio. O limitante, e ao mesmo tempo o maior desafio, era a topografia do terreno: com 20 m de frente, por 50 m de profundidade (1.000 m2), se encontrava sobre uma duna com desnível de quatro metros, sobre linha longitudinal paralela à extensão lateral do lote.

Para manter o terreno intocável em seus aspectos naturais, e aproveitar insolação e vegetação circundante, a arquitetura optou em desenvolver dois volumes, completamente estruturados em concreto armado. Um primeiro volume, base da construção, estende-se longitudinalmente, acompanhando a cota mais baixa do terreno. Distribuem-se aí, da frente para os fundos, estar, jantar, cozinha e, por fim, um dormitório para hóspedes.

No térreo, todo o fechamento lateral é feito com caixilhos de alumínio pintados de preto, em portas de correr. A face lateral mais baixa da construção, que recebe o sol da tarde, ganhou brises em tábuas de madeira de quebracho vermelho, para melhor conforto térmico, e privacidade dos moradores. O segundo volume, também em concreto armado, é transversal, perpendicular, e se apoia sobre o primeiro, numa das pontas. Na outra ponta, encosta nas dunas, e fica nelas engastado, a partir de uma empena cega em concreto estrutural. Esse segundo pavimento recebeu dois dormitórios com varanda e banheiro.

Se a lateral da casa de veraneio, voltada para o lado mais baixo do terreno, está protegida por brises de madeira, o lado que se volta para a duna e a cobertura verde do terreno permanece aberto e sombreado. Não há divisórias entre cozinha, jantar e estar – os únicos elementos que interferem entre um ambiente e outro são colunas estruturais.

Todos os elementos da estrutura, em concreto armado, são muito delgados e acompanham a espessura dos próprios perfis da caixilharia de alumínio. A área social se comunica com um tablado de madeira – deck – que faz apoio para uma churrasqueira, engastada na duna de areia.

Todo o piso é executado em cimento queimado, fazendo uma integração natural com o entorno arenoso. “O concreto aparente foi utilizado para explorar o aspecto escultural da proposta arquitetônica, reduzindo manutenções futuras”, comenta o arquiteto Luciano Kruk. “Entre os ambientes internos, a solução simplifica muito os processos construtivos, principalmente no número de empregados para projeto e execução de acabamentos”.

Além de organizar funcionalmente a comunicação entre espaços externos e interiores, o concreto dá expressão estética à obra e confere a essência desejada à construção, com baixo impacto sobre o ambiente e custos baixos.

Todo revestimento utilizado em fachadas, independentemente do tipo, está sujeito ao surgimento de patologias. Retrofit pode ser solução. 

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  • Os mesmos acabamentos se repetem no pavimento superior da Casa MR, inclusive no banheiro: concreto armado cru, cimento queimado e vidro em abundância, a partir de aberturas que facilitam ventilação cruzada e iluminação natural. Projeto de Luciano Kruk - Foto: Daniela Mac Adden
  • A parte térrea da Casa MR, fundada na areia das dunas, abriga toda a área social de convivência, com cozinha, jantar e estar integrados, e tem nos fundos um dormitório para hóspedes – trecho completamente protegido por brises em tábuas de madeira de quebracho vermelho. Apenas a face voltada para areia, sombreada, fica protegida exclusivamente por portas de vidro de correr, em caixilhos de alumínio preto. Projeto de Luciano Kruk - Foto: Daniela Mac Adden
  • Se a lateral da Casa MR voltada para o lado mais baixo do terreno está protegida por brises de madeira, o lado que se volta para a duna e a cobertura verde do terreno permanece aberto e sombreado. Não há divisórias entre cozinha, jantar e estar – os únicos elementos que interferem entre um ambiente e outro são colunas estruturais. Todos os elementos da estrutura, em concreto armado, são muito delgados e acompanham a espessura dos próprios perfis metálicos da caixilharia, em alumínio preto, e que recebem folhas de vidro para portas de correr. A área social se comunica com um tablado de madeira – deck –, apoio para churrasqueira engastada na duna de areia. Projeto de Luciano Kruk. Em Buenos Aires, Argentina - - Foto: Daniela Mac Adden
  • A frente da Casa MR mostra uma construção inteiramente em concreto armado cravada na areia das dunas portenhas, na Argentina. Típica casa de veraneio, a arquitetura adapta-se ao terreno inclinado no sentido longitudinal (em seu comprimento lateral, de 50 m). A frente do terreno tem 20 m, e toda a área de convivência (social) se distribui na base, fundada sobre o nível mais baixo do lote arenoso; um volume transversal (perpendicular, reto), de dormitórios, se apoia nessa base, e fica engastado na duna, quatro metros acima. Projeto de Luciano Kruk - Foto: Daniela Mac Adden
  • Lateral mais baixa e fundos da Casa MR estão protegidos por brises de madeira de quebracho vermelho – muito dura e resistente. A disposição das tábuas não impede a passagem de luz natural, mas evita o superaquecimento de ambientes internos, ao filtrar o sol da tarde (mais quente). O projeto de Luciano Kruk prevê estrutura em concreto armado moldado em fôrmas estreitas – tanto na fundação de apoio da casa sobre a areia, quanto em lajes, vigas e pilares. Caixilhos pretos de alumínio dão fixação aos vidros, em portas de correr - Foto: Daniela Mac Adden
  • Bancadas de apoio à cozinha e mesa de jantar também são estruturadas e executadas em concreto armado. Para integrar ambientes internos ao entorno arenoso de dunas, os pisos são em cimento queimado. Projeto de Luciano Kruk - Foto: Daniela Mac Adden
  • Bancadas de apoio à cozinha e mesa de jantar também são estruturadas e executadas em concreto armado. Para integrar ambientes internos ao entorno arenoso de dunas, os pisos são em cimento queimado. Projeto de Luciano Kruk - Foto: Daniela Mac Adden
  • Na cozinha, forro, bancada, paredes e até prateleiras são de concreto. O piso leva cimento queimado. O concreto, material predominante na Casa MR, do arquiteto Luciano Kruk, combina-se com madeira em fechamentos estratégicos, que protegem ambientes internos da incidência solar, e com o vidro - Foto: Daniela Mac Adden
  • Na Casa MR, brises em tábuas de madeira de quebracho vermelho protegem do sol quente da tarde. Não há divisórias entre cozinha, jantar e estar – os únicos elementos que interferem entre um ambiente e outro são colunas estruturais. O concreto predomina não só nos elementos estruturais – lajes delgadas, colunas e vigas -, mas também nos forros e nos eixos de acesso e circulação, por escadas. Todo o piso é executado em cimento queimado, fazendo uma integração natural com o entorno arenoso. Fechamentos laterais em vidro (portas de correr) reforçam a ideia de unidade e continuidade entre interiores e entorno de dunas. Projeto de Luciano Kruk - Foto: Daniela Mac Adden
  • Uma empena cega, estrutural e em concreto armado, fica engastada no nível mais alto da duna – a quatro metros de altura em relação à base do lote, onde está implantado o piso térreo da Casa MR. O concreto predomina não só nos elementos estruturais – lajes delgadas, colunas e vigas -, mas também nos eixos de acesso e circulação, por escadas, no lado de dentro, e também externamente. A varanda do dormitório comunica-se, assim, com a área de churrasqueira (embaixo), e sua passagem para interiores de uso social no térreo. Projeto de Luciano Kruk - Foto: Daniela Mac Adden
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