Publicado em 22/03/2016Conjunto habitacional popular pode ser universal, sustentável e barato
O projeto de condomínio popular deve ser referência à criação de uma identidade urbana local

Conjunto habitacional popular pode ser universal, sustentável e barato

Projeto de moradia popular vencedor de concurso adapta-se melhor a painéis pré-moldados de concreto ou alvenaria estrutural

O projeto de arquitetura vencedor do Concurso Habitação para Todos, na categoria Edifícios de 3 Pavimentos, é um ótimo exemplo de como sistemas pré-moldados de concreto e de alvenaria estrutural podem atender à fórmula do preço baixo somado a desenho universal e construção sustentável, resultando em um conjunto habitacional de primeira qualidade.

Totalmente modular, o layout proposto pelos arquitetos Monica Drucker e Ruben Otero respondeu a todos os requisitos do concurso, patrocinado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil de São Paulo (IAB-SP) e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).

O conjunto habitacional arquitetado deveria estruturar o bairro, criando nova identidade urbana capaz de recompor as relações sociais locais. Era necessário também que respeitasse topografia e hidrografia do bairro, sem conflitos, além de propor uma definição clara dos domínios de uso e seu integral aproveitamento – o que é espaço público e o que é privado, eliminando espaços sem uso definido.

Não seriam admitidos muros e cercos, uma vez que os próprios edifícios do conjunto, em sua arquitetura, serviriam como limites espaciais para as vias de acesso, com as quais a circulação tinha de ser livre e aberta – o que ressalta o aspecto coletivo, comunitário ou social do projeto.

Por fim, e não menos importante, não só as unidades, mas os espaços de convivência precisavam incorporar todas as necessidades da população ocupante, inclusive garagens e pontos de comércio, além de estarem preparados para modificações eventuais que o tempo, os avanços tecnológicos e as dinâmicas familiares impusessem à ocupação do conjunto. “O projeto tinha que atender aos vários formatos de integração familiar: com ou sem filhos, idosos, grupos multifamiliares, entre outros”, enumera a arquiteta Monica Drucker.

Conjunto habitacional mutável

Faz parte do conceito universal de desenho arquitetônico prever o envelhecimento da população, possibilitando reformas de adaptação a uma moradia cada vez mais acessível, sem que sejam necessárias obras custosas. “Isso é garantido por espaços flexíves e livres, não interferidos por elementos estruturais, como pilares, vigas ou instalações.”

A ideia de usar placas pré-moldadas de concreto para executar o conjunto, segundo Drucker, é a melhor solução. “A obra fica bem mais rápida, e sem entulhos”, justifica.  Em relação a valores totais de obra, o custo da alvenaria estrutural em blocos de concreto seria praticamente o mesmo. “O projeto foi, inclusive, pensado para esta solução, porque ela é mais comum no Brasil.”

Muito embora os materiais para a execução da alvenaria estrutural sejam mais baratos, seu tempo de execução é maior, o que praticamente iguala os custos dos dois sistemas.  “Em qualquer caso, soluções modulares são essenciais para obras rápidas, mais limpas e mais econômicas, porque não há perda de material. Os blocos de concreto se adequam bem à ideia, mas podem ocorrer quebras no transporte, durante a execução ou mesmo depois, por falta de cuidados. Com os painéis pré-moldados, esses riscos são menores”, compara a arquiteta.

Conheça na galeria de fotos mais detalhes desse projeto, que muito em breve dará nova cara aos edifícios da CDHU na cidade de São Paulo.

 

Além de um projeto inovador, o sucesso de uma obra depende de produtos de qualidade, desenvolvidos para necessidades especiais. Botão Site

  • O projeto de Monica Drucker e Roben Otero traz um modelo-base para edifício de apartamentos distribuídos em três pavimentos que contornam um páteo interno arborizado - área de uso comum dos moradores
  • A partir do modelo-base, e de acordo com as condições de implantação, é possível subtrair, transladar ou ajustar eixos do volume, a fim de aproveitar integralmente os domínios – espaços de uso público e privado
  • Flexível, a proposta modular também possibilita compor conjuntos a partir da adição de módulos-base, em diferentes eixos, adaptados à realidade do terreno, insolação e melhor ventilação natural
  • Flexível, a proposta modular também possibilita compor conjuntos a partir da adição de módulos-base, em diferentes eixos, adaptados à realidade do terreno, insolação e melhor ventilação natural
  • Flexível, a proposta modular também possibilita compor conjuntos a partir da adição de módulos-base, em diferentes eixos, adaptados à realidade do terreno, insolação e melhor ventilação natural
  • Possibilidades associativas de blocos habitacionais a partir de modelos-base, considerando adaptações necessárias a terrenos de alta declividade
  • Implantações a partir de diferentes declividades de terreno
  • Implantações (cortes) para terreno em declive
  • Planta geral de conjunto habitacional proposto para terreno no Jardim Angela, em São Paulo, permite visualizar como o modelo-base adapta-se, na composição dos blocos, às condições locais de implantação
  • A partir do modelo-base, e de acordo com as condições de implantação, é possível adicionar, subtrair, transladar ou ajustar eixos do volume, a fim de aproveitar integralmente os domínios – espaços de uso público e privado
  • Um acesso central possibilita diversas organizações em planta, para atender diferentes integrações familiares – com idosos, sem filhos ou com eles, multifamiliares
  • Espaços centrais internos devem estar livres de vigas, pilares e instalações, a fim de que as moradias possam adaptar-se ao envelhecimento da população e ao surgimento de necessidades especiais (acessibilidade)
  • O projeto de condomínio popular deve ser referência à criação de uma identidade urbana local
  • Sem muros nem cercas, é a própria arquitetura quem impõe os limites da rua
  • Sem muros externos, a distribuição dos vãos (janelas) ao longo da fachada deve manter, ao máximo, a intimidade de usuários, com clara definição do que é espaço público, e do que é privado
  • A circulação entre as unidades se dá por sistema de rampas acessíveis, com vista para páteo interno arborizado, com área comunitária de lazer e convivência
  • A circulação entre as unidades se dá por sistema de rampas acessíveis, com vista para páteo interno arborizado, com área comunitária de lazer e convivência
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